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sábado, fevereiro 03, 2007

Penso que a campanha pré-referendo tem sido bastante interessante e mais estimulante que a de 1998, o que aumenta a perigosa possibilidade do referendo ser vinculativo.
Sente-se nas ruas que o "Não" está claramente em alta e o "Sim" faz lembrar a votação de Cavaco Silva nas últimas eleições, sempre em queda até ao último segundo.
Esta tem sido uma campanha marcada pela intervenção de várias personalidades, havendo na minha opinião três efeitos especialmente relevantes:
- O efeito Marcelo Rebelo de Sousa: de uma forma extremamente inteligente, Marcelo levou o debate para a net (e desse modo atinge o target em que o "Sim" é mais forte, ou seja os jovens) e, uma vez nesse palco em que tudo é possível e mesmo o mais reles dos bloggers está em igualdade de circunstâncias com o mais famoso dos comentadores televisivos, Marcelo tratou de despolarizar o debate - o que está em discussão não é o aborto, mas a "lei do PS", ele até seria pela despenalização quase até à data do parto, haveria outras formas de evitar as prisões sem ser necessária a liberalização do aborto, etc. Ou seja, como muito bem dizia ontem Carlos Magno na Antena 1, Marcelo instalou a dúvida. Embora os seus objectivos sejam claros e, como respondeu Francisco Louçã, Marcelo esteja na realidade muito longe das posições defendidas nos seus vídeos, a verdade é que ao colocar a questão desta forma isso causa um claro efeito a seu favor na votação, dadas as características dicotómicas desta. Mesmo que o "Não" perca, Marcelo é na minha opinião o grande vencedor deste referendo. Vai ser interessante observar o efeito deste regresso do Prof. na vida interna do PSD (não acredito que Borges avance contra Marcelo);
- O segundo actor mais importante desta campanha é obviamente Correia de Campos, um personagem que até já foi compulsivamente afastado das intervenções públicas sobre o tema. De facto, foi CC (defensor do Sim!!!) quem forneceu o melhor e mais arrasador dos argumentos do "Não": é inaceitável que o mesmo Estado que descomparticipa medicamentos, não paga Serviços de Urgência, Maternidades, Procriação Medicamente Assistida, hemodiálise e até alguns tratamentos para o cancro venha agora disponibilizar abortos gratuitos nos hospitais do SNS. Ninguém pode ficar indiferente a um argumento destes e os movimentos do "Não" usam-no até à exaustão. Todos os meus amigos que vão votar "Não" referiram esta como a razão principal do seu voto. E muitos até começaram esta campanha do lado do "Sim"... Além disso, o povo não é estúpido: se actualmente as pessoas encontram formas de pagar os balúrdios pedidos pelas abortadeiras clandestinas, não seria de esperar que também encontrassem forma de pagar os tratamentos em clínicas legais, até porque a legalidade iria necessariamente baixar os custos de mercado, para além do facto do Estado poder sempre fixar administrativamente o preço a cobrar por um aborto no sector privado;
- O terceiro efeito mais interessante desta campanha é o do Gato Fedorento. Ricardo Araújo Pereira, que faz campanha pelo Sim, conseguiu ridicularizar Marcelo e com isso relativizar toda a anterior intervenção do Prof. Com a entrada de RAP na campanha, o Sim voltou a estar associado ao lado cool da sociedade e o Não aos velhos jarretas. Acredito genuinamente que RAP é neste momento a única pessoa que pode salvar o Sim!

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