<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, abril 09, 2007


Um dos motivos porque gosto de debater com o José Matos é a sua extrema inteligência e capacidade de se desembaraçar mesmo nas situações mais difíceis. Quando penso que finalmente o encostei às cordas, o Zé Matos lá descobre um alçapão ou dá uma pirueta por cima de mim e continua a desafiar-me, esgrimindo a sua espada política com a mesma arte de sempre. Não estou a ser irónico: no lugar dele, dificilmente conseguiria manter a mesma consistência de resposta.
Escrevo isto a propósito da nova teoria segundo a qual o PS de Estarreja vive da glorificação do passado. Com esta, de uma assentada, classifica-nos a todos como imobilistas, estagnados, velhos do Restelo, arautos da desgraça e, claro, exagerados. Há que reconhecer que, do ponto de vista da estética da argumentação, foi uma das melhores jogadas de sempre do José Matos.
No entanto, quando assistimos a um avolumar de erros e fracassos dos nossos adversários políticos (no caso José Eduardo de Matos e o PSD de Estarreja), a situação não é necessariamente tão favorável como possa parecer à partida:
- Ou obedecemos aos nossos instintos mais primários e denunciamos tudo ao mesmo tempo, e nesse caso corremos o risco de sermos vistos como exagerados e cada acontecimento perde a sua importância relativa, pois é acompanhado por dois ou três igualmente graves, mas cuja banalidade faz perder o impacto merecido;
- Ou tentamos gerir a informação a conta-gotas, e nesse caso corremos o risco de ser acusados de tacticismo político, das denúncias perderem a sua oportunidade e de surgir aos olhos da opinião pública como alguém que está sempre do contra (vejam o modo como o PSD tenta mostrar as denúncias do Voz de Estarreja, dizendo sempre algo do tipo "se são esses que dizem, nem vale a pena ligar", como se as situações denunciadas não fossem verdadeiras e quase sempre graves);
- Ou optamos pela gestão mais inteligente da informação, escolhendo uns casos para denunciar agora, outros para guardar na manga, outros ainda para enviar para a imprensa, mas isso implica sempre uma enorme perda de genuinidade, para além de acarretar um enorme risco de descrédito.
Ou seja, perante a abundância de matéria que José Eduardo de Matos tem dado à oposição, nem sempre é fácil conseguir organizar a mensagem e fazer com que as pessoas percebam o que está verdadeiramente em causa. Se não nos soubermos defender preventivamente, corremos sempre o risco de ouvir frases como a do José Matos, que são veementes e muito difíceis de combater, pois descentram a discussão, desvalorizam os factos em análise e descredibilizam a oposição.
Caro José Matos, desta vez tiro-te o chapéu. Mas cá estarei para o próximo round!

Etiquetas:


follow me on Twitter
Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?