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sexta-feira, novembro 09, 2007

Comunicado da Quercus - Aveiro:

Incêndios e Caça no Baixo Vouga Lagunar: Biodiversidade Ameaçada

Infelizmente, está-se a tornar um hábito muito frequente a ocorrência de incêndios de grandes proporções na área do Baixo Vouga Lagunar.

Desde sexta-feira (2/11/2007) até quinta-feira (8/11/2007) (data da elaboração do presente comunicado), uma extensa área de Junco e Caniço, área de elevada importância natural, foi ardendo no Concelho de Estarreja.

Desde Agosto de 2004, este é, pelo menos, o quarto incêndio de grandes proporções que ocorre na área do Baixo Vouga Lagunar, em habitats de elevado valor conservacionista. Em 2004 arderam cerca de 85 ha, em 2005 arderam cerca de 115 ha, e em 2007 o Baixo Vouga continua a arder numa área cujo total se encontra ainda por apurar. Coincidência, ou não, estes incêndios surgiram a partir do momento que o regime cinegético na área ficou ordenado.

Relembramos que a área que ardeu no Baixo Vouga é uma área de elevadíssimo valor conservacionista, estando inclusivamente protegida ao abrigo de legislação comunitária e nacional. Trata-se de uma área inserida na Zona de Protecção Especial (ZPE) da Ria de Aveiro ao abrigo da Directiva Aves. É pois uma zona de grande importância para a conservação das aves selvagens.

A título de exemplo, refira-se que o incêndio de 2004 eliminou o habitat de nidificação de um casal de Águia-sapeira, os incêndios de 2005 destruíram o habitat de nidificação de 3 casais de Águia-sapeira e o presente incêndio encontra-se a destruir o habitat de pelo menos dois casais de Águia-sapeira e o local de dormitório de Inverno que é utilizado por esta espécie desde há pelo menos 15 anos, o qual, em determinados anos, pode atingir os 20 indivíduos. A Águia-sapeira é uma espécie ameaçada, constante do Anexo I da Directiva Aves que possui na Ria de Aveiro um efectivo populacional muito importante no contexto nacional.

A área do Baixo Vouga Lagunar encontra-se assim a saque e em degradação acelerada. Junte-se ao problema dos incêndios (que, tendo em conta a localização e a época do ano em que ocorrem, só podem ter uma de duas origens: negligência ou mão criminosa), a actividade da caça.

A caça, no Baixo Vouga, apesar da tentativa de ordenamento através da criação de zonas de caça municipais, continua a exercer-se, ano após ano, denúncia após denúncia, de forma ilegal. Caça-se em qualquer altura do ano e a qualquer hora do dia. É um cenário dantesco o que se assiste no local e que é do conhecimento de todas as autoridades.

Numa área reconhecidamente detentora de elevados valores naturais, procurada por centenas de pessoas de todo o país em actividades de ecoturismo e observação de aves (bird watching), em muito fomentadas no local pela Quercus-Aveiro e pelo projecto Bioria (Câmara Municipal de Estarreja), é inconcebível que, nesta área, a actividade cinegética coexista com o ecoturismo. Como se explica aos visitantes mais novos (muitos deles vindos de escolas), enquanto estes observam a fauna no seu habitat e se sensibilizam para a necessidade de conservação dos valores locais, a ocorrência de tiros e o abate de fauna e contaminação do habitat?

A Quercus – A.N.C.N. não defende o fim da caça no país, mas defende a protecção eficaz de determinados locais com elevados valores naturais, potenciadores de fomentarem junto da comunidade local uma estratégia de sensibilização ambiental.

Neste contexto, somos pelo fim da Caça no Baixo Vouga Lagunar, e, como medida dissuasora dos atentados ambientais nesta área, entre eles os incêndios, exigimos uma fiscalização intensa (diurna e nocturna) por parte das autoridades na área do Baixo Vouga Lagunar.

Aveiro, 8 de Novembro de 2007.

A Direcção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N..


Anteontem um agricultor de Salreu (um septuagenário com ar de quem não lê este blogue...), sem que eu lhe perguntasse nada ou sequer mencionasse o assunto, veio ter comigo e, apontando para uma das colunas de fumo que ainda se viam no horizonte, disse:
- Já viu o que estes filhos da puta andam para aí a fazer? Deitam fogo à palha, os pássaros fogem do fumo e eles estão à espera com as espingardas para os matar a todos! Isto não é de homens! Isto nem sequer é caça! Cobardes de merda! Todos os anos é a mesma coisa! E ninguém liga a isto! Não há quem ponha mão nisto!
É de facto lamentável. O que eu pensava que era uma teoria da conspiração afinal é algo de que todos os que frequentam a região do Baixo Vouga sabem há muitos anos. É urgente fazer algo.
É provável que a Câmara Municipal de Estarreja volte a dizer que não é nada com ela...
Os crimes ambientais no concelho de Estarreja estão a atingir proporções inimagináveis!
Nota: O Vereador Alexandre Fonseca já reconheceu a estranheza da situação e a possibilidade de estarmos perante um crime. Aguardemos para ver a forma como a CME se propõe passar das palavras aos actos.

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