O Efervescente

No outro extremo da fila de urinóis do Fórum Coimbra estava um cidadão, que enquanto utilizava um deles para o fim a que este se destinava, fazia do urinol do lado um prático cabide para guarda-chuvas, pousando o respectivo cabo naquela curvinha onde os salpicos gostam de repousar e o autoclismo só em sonhos poderia chegar. Acabado o serviço e agarrado o guarda-chuva, o dito indivíduo lavou as mãos com cuidado (durante pelo menos 20 segundos, quase que poderia apostar), voltou a agarrar o cabo do mesmo guarda-chuva e seguiu em direcção às lojas. Do meu extremo da fila de urinóis senti-me feliz por não ser um dos comerciantes daquele espaço. E mais tarde paguei o meu almoço por multibanco.

O indivíduo negro, alto e espadaúdo que coçava furiosamente a região inguinal (como se esta tivesse sido repentinamente colonizada por um estádio da luz cheio de pulgas) aproximou-se da janela do meu carro nos semáforos e disse: "Quer o Metro?" (como certamente já perceberam, nessa altura a mão já tinha abandonado o local da acção e encontrava-se no interior da mala que o sujeito levava a tiracolo). "Um metro de quê?!", perguntei eu, em pânico, ao mesmo tempo que acelerava para o meio do cruzamento, desrespeitando o sinal vermelho.