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domingo, junho 16, 2013

A greve dos professores 

Os professores têm toda a razão em estar insatisfeitos. A forma como este governo (e também os anteriores, reconheça-se) tem actuado face ao serviço público de educação é absolutamente miserável e conduziu a uma muito objectiva degradação da qualidade do ensino público. Nuno Crato é um péssimo ministro, cuja carreira académica passada tem sido usada para branquear uma actuação a todos os títulos lamentável e profundamente reprovável.
Os professores são mal pagos, têm más condições de trabalho e são obrigados a trabalhar em sistemas absolutamente anti-pedagógicos e que em nada premeiam os melhores profissionais. Frequentemente têm vidas pessoais muitíssimo prejudicadas pela incompetência de quem gere o processo de colocação e, sobretudo, são profissionais que não mereciam isto.
A esmagadora maioria dos professores que conheci ao longo da vida eram pessoas de grande valor, tendo alguns sido mesmo verdadeiramente excepcionais. Ainda hoje recordo muitas coisas que me foram ensinadas por grandes professores. Os professores são uma das profissões mais importantes na nossa sociedade.
Dito isto, há também que dizer que os sindicatos dos professores não fazem, nem nunca fizeram, parte da solução - criam problemas, exercem pressões inaceitáveis sobre os seus pares e promovem uma cultura de reivindicações centradas em privilégios e direitos adquiridos que em nada contribui para a resolução dos problemas dos professores e do ensino. Os sindicatos de professores lutam pelos que estão colocados e habitam o sistema há mais tempo, esquecem-se dos que estão fora do circuito e são geridos por professores que passam anos sem dar aulas, exclusivamente dedicados à actividade sindical.
É este tipo de reivindicação oligárquica e elitista que está na base desta greve aos exames. É absolutamente indecente o que estas cúpulas de indivíduos politicamente motivados e que estão há anos sem dar uma aula decidiram fazer aos alunos dos outros.
E é, também, contraproducente. É que fora das reuniões magnas dos professores há todo um país que vê crianças e jovens inocentes a serem sacrificados em nome da vaidade e sede de protagonismo destes sindicalistas egocêntricos. E para o resto da população os professores, cuja luta era aceite de forma quase unânime, estão a perder a razão, pois os fins obviamente não justificam os meios. Os alunos, que são as supostas razões de ser da existência das escolas e dos próprios professores,  estão a ser o "sacrificial lamb" desta luta pelos tempos de antena mediáticos.
A greve não é uma boa forma de luta. É, aliás, a pior das formas de luta. Haveria imensas formas alternativas de protesto - desobediência civil na aplicação do acordo ortográfico, manifestações junto aos ministérios, greve apenas à avaliação dos filhos dos ministros e deputados dos partidos do poder, cordões humanos, sessões de sensibilização da população para os males que o governo faz ao ensino, divulgação pública do estado em que estão as escolas, etc. Isto que se está a passar não é uma greve ou uma luta pela qualidade do ensino, mas sim outra coisa qualquer, algures entre a luta partidária e a defesa de privilégios instalados. Mas longe, muito longe, do que seria preciso fazer. Quer para os professores, quer sobretudo para os alunos.

PS - Se o futuro dos alunos é um dano colateral aparentemente admissível para a elite sindicalista, há outros danos colaterais destra greve, muito bem explicados pelo Jorge Peliteiro.

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quinta-feira, junho 06, 2013

Olha o que fizeste ao Produto Interno, Bruto!


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