<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Ontem fui um dos que se deitaram às cinco da manhã por causa dos óscares. Embora tivesse visto muito poucos dos filmes em disputa, gostei do resultado. Nunca fui grande fã do Scorcese e o Clint Eastwood nos últimos tempos tem sido genial. O DiCaprio continua a ser um miúdo e o Jamie Foxx é o novo Denzel. O Chris Rock até foi simpático, mas ficou alguns pontos abaixo do Steve Martin, do Billy Crystal ou da Whoopie Goldberg... Gosto muito da Cate Blanchett e acho que ela já merecia o óscar pelo menos desde o Elizabeth. A Hillary Swank é excelente, mas dois óscares parece-me um exagero, sobretudo por comparação com a Kate Winslet ou a Annette Benning... enfim, à medida que for vendo os filmes vou tentar escrever sobre eles.

follow me on Twitter
Novos links

Estarreja Hotel, uma novidade local
Do Portugal Profundo, um fenómeno nacional dum blogger que já mereceu uma visita da PJ, com direito a apreensão de computador e tudo!

follow me on Twitter
Da Assembleia Municipal de sábado, algumas notas interessantes:

- O deputado Valdemar Ramos (PSD) teve a infeliz ideia de analisar, publicamente e a partir do púlpito, os resultados das eleições legislativas no concelho de Estarreja. Dificilmente poderia ter escolhido um tema mais inconveniente para o seu partido: ao elogiar o "povo de Estarreja" por ter escolhido mais uma vez o PSD, Valdemar Ramos esqueceu-se que, em Estarreja como no resto do país, o PSD teve uma descida monumental e a sua votação atingiu mínimos históricos... Para o PSD, a melhor forma de encarar o resultado de 20/2 é associar inequivocamente o desastre eleitoral ao péssimo desempenho de Santana Lopes, para que o que poderia ser interpretado como a derrota de um partido seja apenas visto como o reflexo do desnorte de um homem só, o que até é verdade, pois ninguém acredita que o PSD valha só 28% dos votos. Ou seja, Estarreja não é nem um viveiro de santanistas, nem um concelho em que as pessoas não sabem identificar o descalabro da governação do Pedro. É simplesmente um concelho como tantos outros, em que a votação do PSD chegou ao tutano do voto puramente clubista. A única diferença é que cá o tutano é um bocadinho mais grosso...
- O Bloco de Esquerda foi referido (por Valdemar Ramos e também por outros deputados) como uma força a considerar para futuras eleições locais. Sinceramente, acho que para isso se verificar o Bloco ainda terá que pedalar muito. Em Estarreja não há 400 ou 500 trotskistas (embora existam 500 ou 600 comunistas...), mas sim algumas centenas de pessoas fartas da maneira de fazer política dos grandes partidos. Ora, em eleições locais os votos resultam essencialmente da percepção pública de um conjunto de actividades e propostas dos candidatos, não apenas dos 15 dias de folclore da campanha eleitoral, mas sobretudo nos 4 anos anteriores. E o BE parte pelo menos com 3 anos e meio de atraso...
- Ainda da Assembleia Municipal ficou uma história caricata sobre a caça nas ruas de Canelas, de que falarei num próximo post...

follow me on Twitter
Eu, que neste blogue tanto critiquei José Mourinho (embora depois tenha dado a mão à palmatória), e agora sou um mourinhista convicto, digo: iupiii!!! (pela vitória de ontem na Taça da Liga) Bem feito, imprensa inglesa!!! Bem feito, Arsène Wenger!!! Bem feito, Alex Ferguson!!! Bem feito, Carlos Queiroz!!! Bem feito, Scolari!!! Bem feito, Rafa Benitez!!! Bem feito, Príncipe Carlos!!! Bem feito, Camilla!!!

follow me on Twitter

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Eu sei que isto tem andado parado, mas cá fica um conselho dum blogue que não fala só do concelho...

Un long dimanche de fiançailles

... do inevitável Jean-Pierre Jeunet. Fantástico!

PS - Nunca estive tão mal preparado para a cerimónia dos óscares (na noite de domingo para segunda-feira). Ainda nem sequer tenho um favorito... mas pode ser que entretanto isso se resolva :)

follow me on Twitter

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

O Rui Lima Jorge reagiu assim ao meu post sobre a subida do BE.
Começo por esclarecer um ponto do meu texto: a expressão "no momento em que o Bloco se converter num partido sério" é infeliz, pois dá a impressão que eu considero que o BE é um partido leviano, o que não é verdade. O que eu pretendo dizer é que o Bloco é um partido de contestação e não de poder. É um partido de causas, mas não de governação. A postura de estado que se exige aos que governa não faz qualquer sentido no Bloco, pois é rigorosamente contrária quer à sua essência (trotskista, desconstrucionista), quer às motivações dos que o apoiam. Assim, uma ida do BE para o governo seria, muito provavelmente, a morte de uma forma de luta social que tem na própria luta a sua razão de existir.
Em relação aos resultados de Estarreja, não contesto a validade das actividades do Bloco. No entanto, estas foram localizadas no tempo e fizeram parte dum período de campanha eleitoral. Não têm, por isso, qualquer comparação com o trabalho contínuo da CDU e, mais concretamente, de Matos Almeida.

follow me on Twitter

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Ainda as eleições:
- Acabei de ler na Rua da Judiaria que a CNE anunciou que no dia de reflexão iria vigiar os blogues para detectar eventuais violações da lei. Estou chocado. Sou oficialmente um fora da lei, pois não só mantive online os meus múltiplos posts sobre a matéria, como ainda tive o desplante de publicar um deles a menos de meia hora das sete da tarde no continente e a quase uma hora e meia do fecho das urnas nos Açores! E agora?
- Soube hoje que a Câmara Municipal de Estarreja distribuiu o seu isento Boletim Municipal recheado de fotografias dos corta-fitas do governo no final da semana que antecedeu as eleições... Será que a CNE nessa altura andava a ler blogues?

follow me on Twitter
Há alguém que me consiga recordar como é que o enigmático António Borges ascendeu à condição de D. Sebastião do PSD? Há alguém que me saiba dizer uma só ideia política por si produzida?

follow me on Twitter
Deus queira que esta frase tenha mesmo existido... aqui fica, reproduzida com a devida vénia a partir do A Causa Foi Modificada (link na coluna do lado):

"Nestas eleições o Povo julgou o número dois do PSD, o Dr. Rui Rio."
Pinto da Costa, um génio esquecido na interpretação política.

follow me on Twitter
Finalmente Santana saiu.
Seria necessário ter passado por tudo isto?

follow me on Twitter
Li na página da RVR que o deputado municipal Matos Almeida, da CDU, anunciou que se iria demitir da Assembleia Municipal, desiludido pelo facto do BE ter tido mais votos que o seu partido no concelho de Estarreja, o que na minha opinião não faz qualquer sentido. Em primeiro lugar, porque o BE é um fenómeno nacional e as suas votações não estão sequer remotamente relacionadas com a actividade dos seus representantes locais. A principal prova disso mesmo é o número de votos que o BE teve em Estarreja, onde nem sequer possui qualquer representação organizada. Em segundo lugar, porque o voto no BE não é geralmente um acto ideológico ou de luta por melhores condições de vida. É simplesmente um voto de protesto contra o sistema, de quem já não acredita nos partidos e escolhe as maiores "pestes" do panorama eleitoral para irem para a Assembleia da República perturbar o "stablishment". Só isso. No momento em que o Bloco se converter num partido sério a sua votação divide-se por 10.

Atenção: não estou a dizer que o voto no BE não seja um voto útil. Antes pelo contrário. Não faz é qualquer sentido compará-lo com os votos da CDU, pois estes pertencem a um mercado diferente. Aliás, o facto do BE e da CDU nunca se terem consumido eleitoralmente é a prova disso mesmo.

follow me on Twitter

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Aveiro

Foi o distrito cujos resultados mais me surpreenderam. Já tinha dito a algumas pessoas que acreditava nos 8 deputados do PS, mas nunca à custa do CDS.
Penso que com este resultado a estarrejense Marisa Macedo pode começar a procurar casa em Lisboa.

follow me on Twitter
Dignidade

Eis uma palavra que em política passou a ter um antónimo e um sinónimo, respectivamente Santana Lopes e Paulo Portas.

follow me on Twitter
O Estarreja Efervescente falhou as previsões

... essencialmente porque a previsão do post anterior era baseada em pressupostos errados:
- O PSD não atingiu os 30%;
- O CDS não conseguiu ir buscar votos ao PSD e portanto foi sobrevalorizado.
E com isto o PS conseguiu os 3% que lhe faltavam na minha previsão. Pelo menos numa coisa acertei: com o PSD acima de 30% e o CDS nos 10% era matematicamente impossível a maioria absoluta.

follow me on Twitter

domingo, fevereiro 20, 2005

A menos de meia hora do fecho das urnas no continente, aqui fica o raciocínio que me leva a dizer que mesmo nos cenários mais optimistas, é matematicamente impossível a maioria absoluta do PS nestas eleições. Comecemos pelos dados concretos:
- Nas eleições de 2002 o PSD teve 42% e o PS 38%;
- Nas eleições de 2002 a abstenção foi de cerca de 40%;
- Todas as sondagens prevêem uma votação na casa dos 30% para o PSD;
- Todas as sondagens prevêem um aumento de cerca de 4% para BE e CDU somados.
Ou seja, há 12% de votos PSD que vão ser redistribuídos, provavelmente pela abstenção, PS e CDS. Eu acredito que é natural que 2% se fiquem pela abstenção e posso admitir que PS e CDS fiquem respectivamente com 6% e 4% dos restantes 10%. Ou seja, neste cenário o PS atingiria os 44%, precisamente a mesma votação que não deu a maioria absoluta a Guterres em 1999, mas que poderia ou não significar maioria absoluta hoje, conforme a distribuição de deputados distrito a distrito. No entanto, há a fuga de votos do PS para a esquerda: dos 4% de aumento do sector à esquerda do PS, parece-me legítimo admitir que cerca de 3% serão conquistados à área política socialista, o que colocaria o PS com apenas 41% (se diminuíssemos os 3% aos 44% obtidos com a soma dos votos PSD - estes 3% sairiam não dos 6% conquistados ao PSD, mas dos 38% herdados de Ferro Rodrigues, um líder reconhecidamente mais esquerdista que Sócrates).
Contudo, as contas não acabam aqui: é de prever uma diminuição de pelo menos 5% na abstenção. Se admitirmos que este acréscimo de eleitores vai votar proporcionalmente de acordo com o anunciado pelas sondagens, verificamos que com uma diminuição de 5% na abstenção o PS recupera mais 1% de votos ao PSD, com uma diminuição de 10% o PS recupera 2% e assim sucessivamente... Ou seja, para o PS atingir 45% dos votos, a abstenção teria que baixar para a casa dos 25%, o que me parece altamente improvável.
Assim, continuo a prever tudo mais ou menos como escrevi no penúltimo post, embora o BE esteja provavelmente subavaliado.
Mas daqui a uma hora já saberemos o que é que isto dá...

follow me on Twitter

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Embora esteja sem muito tempo, é só para dizer que estou cada vez mais convicto do que escrevi no post anterior. E a publicação das sondagens do dia não veio ajudar nada o PS...

follow me on Twitter

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Sem tempo para grandes divagações (embora gostasse de escrever algo sobre o debate dos 5 que afinal foram só 4...), aqui ficam, a 4 dias do acto eleitoral, as previsões eleitorais do Estarreja Efervescente, sem qualquer base científica, fundamento lógico, análise probabilística, paixão ideológica e/ou nexo de causalidade:
PS - 44,6% (a 2 deputados da maioria absoluta)
PSD - 30,2% (Santana acima da linha de água dos 30% vai tentar manter-se agarrado à liderança, mas a força das circunstâncias vai obrigar à convocação de um congresso extraordinário)
CDS/PP - 11,5% (Portas rejubila e afirma-se como o futuro líder natural do centro-direita em Portugal)
CDU - 8,1% (menos de uma semana após as eleições, uma sondagem do jornal "Expresso" vai demonstrar que a afonia de Jerónimo garantiu a eleição de um deputado pelo círculo de Braga)
BE - 5,4% (6 deputados: 3 por Lisboa, 2 pelo Porto, 1 por Setúbal: Louçã grita slogans anti-globalização e pró-aborto pelas ruas)

Cá estarei com a desfaçatez do costume para que me atirem com estes números à cara...

follow me on Twitter
Já só faltam 4 dias para Santana Lopes perder as eleições

follow me on Twitter

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Já só faltam 5 dias para Santana Lopes perder as eleições

...embora com mais discursos tão desastrosos como o proferido por Alberto Souto ontem à noite (baseio-me apenas no que vi e ouvi nas televisões) essa inevitabilidade até possa ser posta em causa... os sportinguistas sabem bem de que é que eu estou a falar!

follow me on Twitter

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Já só faltam 6 dias para Santana Lopes perder as eleições

... e este aproveitamento da morte da Irmã Lúcia provavelmente vai sair pela culatra do CDS e sobretudo do PSD, porque se para o CDS a paragem da campanha até poderá ser considerada aceitável e compreensível (afinal, é um partido democrata-cristão), para o PSD é completamente despropositado este excesso de zelo (nem os bispos o apoiam...).

follow me on Twitter

domingo, fevereiro 13, 2005

Já só faltam 7 dias para Santana Lopes perder as eleições

O cartaz do momento na campanha é este. Embora infelizmente os mais recentes relatos indiquem que o erro ortográfico já foi corrigido, as fotografias são eternas...


follow me on Twitter

sábado, fevereiro 12, 2005

Já só faltam 8 dias para Santana Lopes perder as eleições

Entretanto, mais alguns links:
- A história da Central de Intoxicação;
- Vasco Pulido Valente diz ao ralenti aquilo que o Estarreja Efervescente anda a dizer há mais de um mês e que pelos vistos é consensual;
- O José Matos tem tido uma posição corajosa e honesta quando escreve sobre Santana. E isso merece ser elogiado. Até porque nos dias que correm e à medida que nos apróximamos do dia 20 isso começa a ser cada vez mais difícil;
- E para alegrar a malta, cá fica mais uma sondagenzita, "importada" do Pé de Meia:

- Para terminar, também a partir do Pé de Meia, o cartaz mais ridículo da campanha:

follow me on Twitter

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Todos sabemos que Santana é o maior cata-vento da política portuguesa (já que estou em maré de citações... esta é de Miguel Sousa Tavares), mas não consigo deixar de me espantar com a clareza esta entrevista que Pacheco Pereira transcreve no Abrupto. Mais uma vez, é de facto incrível a capacide de nos surpreendermos com aquilo de que estávamos à espera!

follow me on Twitter
Ouvi há pouco na Antena 1 o jornalista Carlos Magno citar o Prof. Adriano Moreira quando ele dizia que "todos temos uma enorme capacidade de nos surpreendermos com aquilo de que estávamos à espera", a propósito do recente caso do Freeport de Alcochete. É de facto espantoso o ponto a que as coisas chegaram. Não se percebe e dificilmente se acredita que a precisão cirúrgica com que a PJ actuou (10 dias antes das eleições) seja obra do acaso. Não sei se Sócrates é ou não culpado daquilo de que o "Independente" o acusa. O que eu sei é que este timing não é inocente. E, embora não me surpreenda (daí a tal frase...), não consigo deixar de me sentir espantado com o grau de instrumentalização com que se conseguem tratar algumas das mais altas instituições nacionais... até onde é que isto irá?

follow me on Twitter

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Imagens de campanha

Do dia de ontem, três notas:
- O ex-Big Brother Telmo (inventor da expressão "órgias") era uma das personagens presentes no jantar de ontem à noite de José Sócrates em Leiria. As televisões (mesmo as da concorrência) fizeram questão de o filmar...
- Santana Lopes lá apareceu com o grupo do costume: Rui de Carvalho e o habitual "kit" de actores de segunda linha fizeram as honras do "apoio artístico" ao ainda PM. Diz quem lá esteve que a sala estava quase vazia...
- Paulo Portas novamente brilhante: ao dizer que "há 10 deputados em disputa directa entre o PS e o CDS", sem referir nem os números concretos das sondagens em que baseia esta afirmação, nem os distritos em que decorre a disputa, Portas mobiliza todo o eleitorado de direita nacional de uma vez só e progride eleitoralmente inteiramente às custas do PSD. A não referência ao seu ex-parceiro é a forma mais discreta e eficaz de lhe roubar votos e a opção pelo CDS converte-se assim no único e verdadeiro voto útil da direita... senão os tais 10 deputados vão parar às mãos do PS, e essa é provavelmente a diferença entre os socialistas terem ou não maioria absoluta!!!

Estou sinceramente convencido que o CDS vai mesmo ter mais de 10%. Aliás, até tenho medo que este valor seja largamente excedido... No entanto, acredito que este crescimento vai ser feito apenas à custa do PSD.

follow me on Twitter

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Blogues da campanha eleitoral

O melhor é o Diário da Campanha da SIC, que mostra a visão pessoal dos jornalistas sobre os candidatos e acontecimentos da campanha.
E depois há os dos líderes partidários:
José Sócrates (da autoria do próprio)
Pedro Santana Lopes (copy-paste de e-mails bajuladores e bocas ocasionais do próprio)
Paulo Portas (mais opiniões do próprio que o anterior, mas também com a participação do público)
Jerónimo de Sousa (da autoria do próprio)



follow me on Twitter
O Nuno Guerreiro é um jornalista português que vive há 10 anos nos EUA. E é também o autor de um dos melhores blogues escritos em português, o Rua da Judiaria. É por isso que aqui transcrevo a sua brilhante análise à actual situação política portuguesa, cujo original foi publicado aqui:

Não me proponho fazer uma análise à campanha – há muita gente a fazê-lo diariamente na blogosfera muito melhor do que eu –, ou sequer ao debate de ontem à noite entre Santana Lopes e José Sócrates, mas como jornalista a viver há 10 anos nos EUA e a acompanhar diariamente a realidade política americana, admito que fiquei bastante surpreendido com a crescente americanização da política portuguesa. O mimetismo é inescapável.Não estou aqui a falar do formato civilizado – a expressão não é minha – do debate, mas da forma como a campanha propriamente dita está a ser gerida. Os rumores e boatos, os ataques pessoais feitos por interposta pessoa, enfim toda a “campanha negativa”, são marcas inequívocas de uma importação do que de pior se faz na política americana. Exagero? Acredito que não.O próprio Pedro Santana Lopes admitiu isso mesmo ontem à noite durante o debate quando confrontado directamente por Sócrates em relação ao célebre cartaz da JSD: “As campanhas em que se fala dos adversários são hábito em todas as democracias, nomeadamente, na americana”, respondeu o ainda primeiro-ministro. Mas esta admissão é apenas a ponta do véu. Sócrates tem razão num ponto – nunca se assistira em Portugal a uma campanha de ataque sistemático ao adversário, onde mais de metade do esforço de propaganda do partido do governo faz referência directa às posições da oposição em vez de veicular as suas próprias ideias.É certo que as americanices não são novidade nas campanhas políticas portuguesas. Dos chapéus de palha da candidatura presidencial de Freitas do Amaral, em 1986, aos aventais de Paulo Portas, há muito que os políticos portugueses se inspiravam nas campanhas eleitorais americanas. A novidade é a importação das tácticas da “campanha suja”.Pode ser apenas por estar a acompanhar esta campanha eleitoral com óculos americanos, mas acredito que Santana Lopes – e os seus assessores – está a copiar ao milímetro as tácticas usadas pelo actual presidente americano em 2000 e 2004, acreditando que foram elas que deram a vitória a George W. Bush – ele próprio um político algo impopular, acusado de incompetência e com uma imagem pública não muito favorável. Santana acredita que pode fazer em Portugal o decalque de uma campanha eleitoral americana. Vamos aos exemplos:Boatos e Rumores – Em 2000, depois do senador John McCain ter vencido folgadamente as primárias republicanas em New Hampshire, a “máquina venenosa” montada por Karl Rove – o “arquitecto” das campanhas de Bush – avançou em força para a Carolina do Sul, onde as sondagens apontavam para mais uma derrota quase certa. Anúncios televisivos da candidatura de Bush atacavam McCain directamente. Mas isso não chegava. De uma forma consistente e misteriosa, começaram a circular entre o eleitorado republicano fotocópias de uma fotografia de família de McCain, onde o senador aparecia abraçado à mulher e ao seu filho adoptivo vietnamita. A insinuação era clara: num estado sulista onde a guerra civil americana ainda é referida como “a guerra de agressão nortenha”, onde o racismo ainda marca a vida quotidiana, a imagem de McCain abraçado a um adolescente de pele escura valia mais que mil palavras (ver Slate - Instant Analysis by Jacob Weisberg e BBC - Republican's negative campaign row).Convém dizer que John McCain é um dos mais emblemáticos políticos americanos – um republicano moderado que sempre se recusou curvar à chamada “direita religiosa” e que assina propostas legislativas ao lado dos democratas.Mas Rove não se deu por satisfeito. Paralelamente à fotocópia da foto de família, surgiu um rumor segundo o qual John McCain teria problemas de estabilidade mental e emocional como consequência de ter passado cinco anos da sua vida como prisioneiro de guerra no Vietname. Ao mesmo tempo, alistou a “direita religiosa” para atacar também John McCain – ver Reverend Pat Robertson attacks McCain.Os golpes contra McCain resultariam e George W. Bush ganhou as primárias na Carolina do Sul, uma vitória que abriria caminho para a disputa da Casa Branca (ver For 'Gutter Politics,' Look to the Bush Camp).É verdade que sempre existiram boatos e rumores na política eleitoral portuguesa. Mas é também verdade que estes nunca tinham sido utilizados de forma tão deliberada e sistemática pela máquina de um partido.Ataques Indirectos – O célebre cartaz da JSD contra José Sócrates é o anúncio dos “swift boat veterans” de Pedro Santana Lopes. A sua responsabilidade é atribuída à JSD, ilibando o ainda primeiro-ministro de qualquer tipo de responsabilidades no ataque pessoal e nas insinuações, da mesma forma que George W. Bush lavou as mãos do anúncio televisivo que questionava o serviço militar de John Kerry no Vietname. Curiosamente, o republicano John McCain, que em 2000 sofrera na pele os efeitos da “máquina venenosa” de Bush, veio de imediato a público classificar os ataques como deploráveis e desonestos, tal como alguns destacados militantes do PSD criticam agora a estratégia de ataque sem precedentes claramente escolhida por Santana Lopes. Mas, tal como McCain o fez em 2004, também eles ainda assim vão votar no candidato que desprezam.A vantagem política dos rumores, boatos e ataques indirectos é o facto de ser impossível combatê-los de forma eficaz. Responder a insinuações nem sempre é uma manobra inteligente. E, por vezes, não contestar ainda é pior (Kerry esperou três semanas até responder às acusações dos swift boat vets, numa estratégia que tentava ignorar os insultos mas que acabaria por lhe sair pela culatra dado o impacto que o anúncio teve junto do eleitorado - ver JS Online: Swift boat ad has outsize impact).Há mais exemplos de estratégias simétricas entre a campanha de Santana Lopes e a arquitectura desenhada por Karl Rove para as candidaturas de George W. Bush – a insistência em “issue politics”, ou política de “causas”, é outro, mas ficará para um post futuro.Mas outros paralelos existem. Para muitos, tal como John Kerry face a George W. Bush, José Sócrates é também o não-Santana. Tal como Kerry, Sócrates é monocórdico, desprovido de carisma, quase robótico (usando uma expressão de Luís Osório). Pedro Santana Lopes, tal como Bush, transpira uma imagem de incompetência e não se importa de jogar sujo, de chafurdar na lama, se pensar que com isso poderá continuar a seguir em frente.Mas, depois de tudo isto, Pedro Santana Lopes e os assessores que o aconselham a enveredar pela “campanha suja” decalcada da campanha eleitoral americana esquecem-se de um pequeno pormenor: Portugal não é os Estados Unidos e a realidade – e as tradições – políticas e sociais dos dois países tornam a transposição pura e simples de estratégias simplesmente risível. Para mais, a juntar às diferenças, George W. Bush teve Karl Rove e um partido unido em peso atrás de si. Pedro Santana Lopes não tem ninguém equiparável a Rove e o PSD, por sua causa, enfrenta uma profunda crise de identidade.

follow me on Twitter
No início era divertido. Depois passou a ser exaustivo e mesmo chato. Hoje em dia Santana dá-me vómitos. Nos dois dias em que anunciou que não ía fazer campanha, o actual PM conseguiu inaugurar de improviso um protocolo com um aeroporto (usurpando a Paulo Portas um acto que, pelo que se percebeu, era essencialmente da repsonsabilidade do Ministério da Defesa...), tendo para isso voado em avião particular de Lisboa a Leiria (!!!!!!!!) e no outro dia mostrar aquela agoniante cena do passeio pelo jardim com os seus não sei quantos filhos, enquanto discutia as tricas da campanha que apregoava não estar a fazer... Sinceramente já não há pachorra!!!

É curioso assistir à forma como o PSD se está a desagregar em torno de Santana: Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Pacheco Pereira, Leonor Beleza, Durão Barroso, Cavaco Silva, Miguel Cadilhe, etc. já nem sequer escondem o seu distanciamento. Alberto João Jardim até já falou em "expulsar" (!!!) Cavaco Silva do partido e o próprio filho de Sá Carneiro dizia esta semana no Expresso que também não teria autorizado a inclusão da foto do pai no cartaz em que Cavaco não quis participar... Até onde é que isto irá parar? O que será que acontece se Santana ultrapassar os 30% e o PS não tiver maioria absoluta?

follow me on Twitter

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Já repararam na forma discreta mas tremendamente eficaz como Paulo Portas recupera o conceito salazarista do "papão comunista"? Este homem é definitivamente o mais genial dos políticos (embora eu não concorde com nada do que ele diz!!!!)!

follow me on Twitter
Ricardo, Miguel Garcia, Enakarhire, Polga, Rui Jorge, Carlos Martins, Rogério, Carlos Martins, Hugo Viana, Sá Pinto, Liedson e José Peseiro: se alguém os vir, por favor dê-lhes duas bofetadas. A cada um.

follow me on Twitter

domingo, fevereiro 06, 2005

Com o debate da semana passada, o Pedro teve claramente uma hipótese de inverter a queda progressiva que estava a ser a sua campanha: apesar do golpe rasteiro inicial, todos os analistas foram unânimes em considerar que a sensação com que se fica após o debate é de que nenhum dos candidatos conseguiu vincar uma grande diferença em relação ao outro. Ou seja, Sócrates não conseguiu dar o golpe de misericórdia ao Pedro, que assim ainda conseguiu alguma margem de luta. No entanto, e porque muitos previam que o dia do debate poderia ser o primeiro dia do resto da vida do Pedro enquanto político de segunda linha, Pedro rejubilou. Aliás, embarcou em arco. De uma forma tão clara que até já anuncia que qualquer resultado que não seja a vitória nas eleições é "uma derrota em toda a linha"! Com esta frase, Pedro está a cometer aquele que é muito provavelmente o maior erro da sua campanha até este momento: é que até agora, a única hipótese que Pedro tinha de conseguir um resultado minimamente aceitável era dramatizar junto dos militantes e adeptos do PSD as consequências que uma votação desastrosa poderia ter para o partido... perante o abismo anunciado, muitos engoliriam um sapo gigantesco e heroicamente manteriam o seu voto no PSD, unicamente por amor ao partido e apesar do Pedro. No entanto, agora que o Pedro até diz que vai ganhar e que se perder isso é uma desgraça, a tentação de não votar nele passou a ser maior, especialmente para quem gosta do PSD... será que se vai tornar irresistível?

PS - Na secção de comentários ao post anterior há um esclarecimento interessante do Dr. António Esteves a propósito de algumas bocas que lá haviam surgido. Leiam, pois a política nem sempre se resume ao simples jogo de cores.

follow me on Twitter

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Confesso que não gostei do debate de ontem, essencialmente por motivos formais:
- O formato, que pode fazer sentido em democracias anglo-saxónicas, na minha opinião não foi o melhor. Por mais que uma vez os candidatos mereciam ter sido confrontados pelo seu adversário e isso praticamente não aconteceu, sobretudo pelo mútuo esforço pelo respeito das regras. Neste aspecto, o mais beneficiado acabou por ser Santana Lopes, que em mais que uma ocasião se contradisse sem que ninguém lho tivesse feito notar;
- O início do debate foi miserável. Gastar um quarto de hora sem que se progredisse sequer um milímetro na discussão dos ataques pessoais é um desperdício de tempo imperdoável, que depois teve consequências no facto de temas como a saúde e a educação nem sequer terem sido abordados. Mais uma vez, foi Santana quem beneficiou deste facto, pois estes eram dois temas sobre os quais o ainda primeiro-ministro dificilmente gostaria de falar (o caos da colocação de professores, a hecatombe dos hospitais, SA e o aumento-record dos gastos com medicamentos, entre outros...);
Quanto ao debate propriamente dito e à inevitável questão sobre quem ganhou ou não, penso que a resposta mais justa é que houve um empate. Que quer dizer o mesmo que uma vitória de Santana Lopes, pois para Santana empatar com Sócrates é mais ou menos o mesmo que o Estarreja ir empatar a Alvalade ou o Liechtenstein empatar com Portugal... quando as expectativas são baixas, tudo o que não seja uma derrota estrondosa é um ganho.
No entanto, tudo parecia ter começado bem para Sócrates com a questão das ofensas, que Santana inacreditavelmente tentou resolver com mais "bocas" veladas ("eu até tenho amigos homossexuais"), muitas vezes encaixadas a martelo ("mas diga lá o que é que pensa da adopção por casais homossexuais"). O jogo sujo foi evidente para todos e aí faltou alguma acutilância dos jornalistas, que deveriam ter imediatamente pedido a Santana que esclarecesse os motivos que o levavam a falar daqueles temas naquele momento, sem que mais ninguém os tivesse abordado (mais uma vez o formato favoreceu Santana, como já havia favorecido Bush nos debates americanos).
No resto do debate houve de facto um equilíbrio. Fiquei surpreendido com a falta de "killer instinct" de Sócrates, que várias vezes poderia ter esmagado Santana e não o fez. Foi o que aconteceu no caso da política económica, em que Santana trocou os pés pelas mãos quando falou do défice e Sócrates não conseguiu confrontar Santana com o fracasso do ministro Bagão Félix na maquilhagem orçamental ou com as sucessivas contradições, avanços e recuos que marcaram os 4 meses de desgovernação santanista. Nas questões sociais o equilíbrio foi total e ambos os candidatos revelaram insegurança. Sócrates esteve melhor quando falou do ambiente, embora mais uma vez tivesse sido meigo com Santana e com toda a desonestidade intelectual do actual governo em relação ao tratamento de resíduos perigosos. Santana marcou pontos quando associou Sócrates a Guterres e o actual líder do PS não foi convincente na explicação das diferenças entre o seu futuro governo e a governação de Guterres, o que teria sido muito fácil de fazer e tranquilizaria uma grande parte do eleitorado.
O debate foi de um modo geral morno e Santana empata não por mérito próprio, mas apenas porque Sócrates, provavelmente obcecado com a noção de fazer uma "campanha pela positiva", perdoou todas as ocasiões para, como se diz no futebol, "matar o jogo".

follow me on Twitter

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Imaginem um soldado isolado num campo de batalha, cercado por centenas de inimigos depois de todo o seu exército ter batido em retirada... resta-lhe disparar em todas as direcções, na vã esperança de abrir uma clareira, pelo menos até à moita mais próxima. É mais ou menos isto o que se está a passar com o patético Pedro.

follow me on Twitter
Só hoje é que reparei... aquele malfadado cartaz que anunciava ao mundo que em Estarreja havia "50 anos de resíduos químicos finalmente em solução" (sic) foi finalmente retirado e substituído por um de propaganda ao Carnaval de Estarreja. Acaba por ser uma forma irónica de emendar a palhaçada que tinha sido a colocação do referido anúncio...

follow me on Twitter

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Como a maioria dos leitores deste blogue certamente já perceberam, tenho andado demasiado desinspirado para escrever o que quer que seja. Embora esta época de pré(?)-campanha eleitoral seja fértil em factos comentáveis e sobre os quais me apetece disparar, a verdade é que os comentadores políticos nacionais andam tão ávidos que nos segundos seguintes a cada novo disparate de Santana Lopes ou a cada arrogância de Louçã a internet, rádios e televisões nacionais inundam-se de sedentos escalpelizadores de discursos, que quase sempre tornam o que quer que eu aqui possa inscrever em material de segunda mão. A minha primeira solução para combater este problema foi esse magnífico recurso que os homens têm quando precisam de fazer conversa na sala de espera de uma oficina de automóveis: falar de futebol. Por sorte Sá Pinto e Ronaldinho Gaúcho tiveram dois actos maradonianos, pelo que a minha tarefa foi facilitada - falar de futebol tornou-se não apenas uma necessidade, mas um acto necessário. No entanto, foi sol de pouca dura... Restava-me a hipótese B, isto é, deixar que o interesse deste blogue fosse mantido pelos leitores e não pelo seu autor. Para isso, e porque em cada dois estarrejenses há três opiniões diferentes sobre o Carnaval, lá recorri à via mais fácil: falei do Carnaval. A discussão gerada foi interessante, embora eu sinceramente estivesse à espera de mais sangue. Por um lado, ainda bem que não o houve (é sempre difícil de limpar, mesmo num blogue... e eu não posso contar com os serviços do Harvey Keitel!). Por outro, senti alguma pena ao ver a forma resignada como se discutiu o tema. Ao contrário do que eu esperava, há algum fatalismo na forma se fala do Carnaval de Estarreja...
Resta-me regressar à ideia inicial: ou seja, nada como voltar a falar de futebol. E para dizer algumas coisas:
- Será que o FCP não quer o Peseiro para o lugar do Fernandez?
- Será que os adeptos do FCP não percebem que ao actuarem desta forma estão a fazer cada vez mais com que os títulos dos últimos dois anos sejam do Mourinho e não do clube?
- Será que o FCP este ano já bateu o record nacional de contratações de brasileiros (foram 12, não foram?)?
- Se eu fosse do FCP não mandava embora o Fernandez, pela simples razão de que não nenhuma equipa do mundo capaz de resistir à desastrosa política de contratações da actual direcção (quem terá tirado o leme a Pinto da Costa?).
- Será que o Braga vai ser campeão?

Uma vez esvaziado o meu vazio saco de ideias, fica a promessa de que melhores posts virão...

follow me on Twitter

This page is powered by Blogger. Isn't yours?