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terça-feira, janeiro 24, 2012

Nas últimas eleições presidenciais portuguesas aconteceu tudo a Cavaco Silva: um escândalo de escutas (liguem o oráculo e perguntem a Richard Nixon o que ele pensava sobre isso), um escândalo económico (BPN, SLN, estrelas do cavaquismo em posições muito incómodas e o próprio candidato a comprar e vender acções a Oliveira Costa) e a revelação de valores de enriquecimento muito acima do que seria de esperar de um simples funcionário público (650 mil euros no banco, grosso modo).
Mesmo assim os resultados foram o que se sabe.
Nos EUA as coisas felizmente não são assim - vejam o que aconteceu quando se soube que Romney só pagou 15% de impostos por 42 milhões de dólares de rendimento, enquanto Gingrich pagou 30% por "apenas" 1 milhão. Faltam-nos provavelmente mais 150 ou 200 anos de democracia para percebermos isto:
(copy-paste do Facebook do Fareed Zakaria - vejam também este texto)

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quarta-feira, janeiro 11, 2012

A principal vantagem da existência de João Galamba é que nos permite conhecer todas as posições políticas e o seu contrário de uma forma quase instantânea, como se de um Kama-sutra político de bolso se tratasse. Este facto, por si só, não constituiria qualquer novidade no nosso panorama político, não fosse a curiosidade do envolvido ter aparentemente noção da tortuosidade e inconsistência dos seus argumentos. E daí que, a par desta universalidade de posições sobre a política financeira do governo, Galamba se tenha convertido também numa espécie de Shakira do argumentário blogosférico, capaz dos mais improváveis contorcionismos para sustentar e arguir uma coerência que apenas se vislumbraria com estes esclarecimentos. É neste último contexto que surgiram primeiro estes textos (aqui e aqui), na altura para fugir ao destapar de careca público e paternalista de Carlos Costa e que anteontem surgiu mais esta pérola, escrita mais uma vez em socorro da pata que poucas horas antes havia regressado à poça.
O lado divertido de João Galamba é que de facto há poucos políticos tão auto-suficientes e que possam assumir sozinhos as posições iniciais, as respectivas explicações e os desmentidos que delas decorrem. Consta que o próprio Legendary Tiger Man estará preocupado com este inesperado despertar da concorrência no mercado das "one man bands".
PS - o mesmo Galamba que há cerca de um mês clamava contra a austeridade excessiva e a folga do défice é agora quem defende que o negócio dos fundos de pensões é ruinoso para o Estado e por isso vai motivar novas medidas de austeridade... além das que em Dezembro não seriam necessárias.

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terça-feira, janeiro 10, 2012

Bem sei que escrever isto menos de uma hora após o fim de um jogo do Real Madrid é mais ou menos o mesmo que abrir a boca de sono depois de ler uma lista de compras escrita pelo Dalí. Ainda assim, tenho que referir, isto é, parece-me importante frisar, salientar ou até mesmo reforçar que há já algum tempo que não escrevia um texto sobre nada. Aliás, minto: há já algum tempo que não escrevia um texto tão assumidamente sobre nada. Estamos, é óbvio, perante a mais recente e palpável consequência do facto da minha tese de doutoramento estar, aparentemente, a regressar à superfície da Terra, depois de mais ou menos seis meses literalmente imersa em cocó e xixi nem sempre bem enfraldados.
Dito isto, e porque nem só de pão vive o homem, pareceu-me importante escrever "Stallone Cobra" no Google Imagens. O resultado mais relevante é este:


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domingo, janeiro 08, 2012

E eis que alguém demonstra publicamente e de forma inequívoca porque é que o argumento da neutralidade fiscal é uma treta. Ao que parece, as transferências a partir da Holanda para paraísos fiscais não são tributadas, ao contrário do que sucederia a partir de Portugal. É profundamente lamentável a impreparação dos que em Portugal têm por função perceber a racionalidade económica destas questões - o nosso jornalismo especializado em Economia é subserviente, pouco diferenciado tecnicamente e ideologicamente contaminado. Não há em Portugal um verdadeiro escrutínio público da actividade dos agentes económicos.

PS1 - Ideologicamente sou muito mais favorável a políticas de liberalismo fiscal do que ao que se faz por cá. Eu sou dos que acham que a Holanda é que tem razão.
PS 2 - Soares dos Santos, esse, continua a saltitar de argumento em argumento e a tentar dar baile aos que ainda o ouvem.

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sábado, janeiro 07, 2012

A decisão da família Soares dos Santos é provavelmente óbvia do ponto de vista empresarial e natural num contexto de economia global. O problema é que veio num timing péssimo e a partir de alguém que prega publicamente um moralismo que hoje sabemos ser profundamente hipócrita.

Pior que quaisquer argumentos de ordem económica, fiscal ou de fuga à responsabilidade social que possam existir na questão-Jerónimo Martins, o que verdadeiramente chateia é esta sensação de ratos a abandonar o navio. 
A atitude das grandes superfícies comerciais com os seus empregados e fornecedores é conhecida desde há muito e profundamente lamentável. No entanto, quando os vemos a cuspir no mesmo prato, perdão, no mesmo país, que sempre os alimentou não podemos deixar de nos indignar. Soares dos Santos teve apenas o azar de ser o exemplar que estava mais à mão numa fase em que as pessoas estão um pouco mais irritadas. Porque na verdade todos os outros que fazem o mesmo merecem igual indignação.

PS1 - Numa perspectiva um pouco mais séria, há que questionar a eficácia da nossa política fiscal. Se é "fiscalmente neutro" viver-se em Portugal ou na Holanda, então porque é que alguma empresa haveria de vir ou ficar por cá, dada a instabilidade actualmente existente? 
PS2 - Embora seja a esquerda quem mais se indignou com a mudança da JM, na verdade este é um caso que deveria preocupar especialmente a direita que defende um menor peso do Estado e uma política fiscal mais leve e competitiva.
PS3 e conclusão: o povo está certo na indignação, mas errado quanto aos motivos que a justificam.

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quarta-feira, janeiro 04, 2012

Acordês 

O que é de mais já enjoa e de facto não posso deixar de reconhecer que me tenho comportado como um verdadeiro e hermético emético. Ainda assim, não há verdadeiramente um limite para a minha capacidade e/ou vontade de escarnecer do Acordo Ortográfico, quer dizer, do acordo ortográfico, e por isso, enquanto for eu quem manda neste blogue, este é e será o tema do momento. Mesmo que os meus textos não sejam lidos por mais ninguém que não eu próprio - o que provavelmente até já acontece.
Tudo isto a propósito do novo fenómeno que grassa na comunicação social portuguesa: o aparecimento de pessoas tão pró-AO, tão pró-AO, que cometem erros ortográficos abrasileirando palavras que nem o próprio Brasil ou o AO têm coragem de abrasileirar.
De facto, nos últimos dias temos assistido à publicação (sobretudo pela RTP, há que reconhecer) de títulos ou segmentos de texto com palavras como "caraterizar" (caracterizar), "fato" (facto), "expetável" (expectável), "inteletual" (intelectual) etc., numa autêntica caça aos cês escondidos atrás de tês, num fervor catanístico que não deixa escapar um único destes exemplares.
Assim, como se não bastasse a cretinice intrínseca de se criarem palavras que antes do AO não existiam em qualquer país ou dialecto conhecido - a minha preferida é a "receção" (recepção), dada a analogia fonética com o clima económico -, não só prescindindo da unificação da respectiva grafia (abdicando desse modo da única vantagem imaginável do AO e do único argumento intelectualmente honesto que poderia sustentar a criação do AO), como promovendo o aparecimento de grafias duplas para palavras que não a tinham, chegámos agora ao absurdo do actual português do Brasil ser mais próximo do anterior português de Portugal do que esta insólita versão pós-AO.
De facto, hoje em dia é menos agoniante ler um texto escrito no Brasil (onde, by the way, ninguém respeita o AO) que em acordês. É aliás curioso verificar como o Brasil e os países da África lusófona (que felizmente também se estão nas tintas para o AO) são o último reduto da língua portuguesa escrita com personalidade, respeito pela respectiva história (que nesses locais tem naturalmente nuances regionais) e pela etimologia das palavras.
Numa fase da história em que Portugal foi obrigado a abdicar da soberania económica e administrativa, é absolutamente estúpido (e profundamente deprimente) que voluntariamente tenhamos desistido da nossa própria língua.

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