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quinta-feira, agosto 31, 2006

O que se passou em Canelas é, de facto, gravíssimo. Tudo indica que estes crimes ambientais foram praticados por empresas públicas, geridas por imbecis pagos a peso de ouro com o dinheiro dos nossos impostos. Não sei se a responsabilidade é do Ministério do Ambiente, da Câmara Municipal de Gaia ou de outra Câmara qualquer. O que parece ser verdade é que existe uma entidade que está a receber dinheiro para tratar estes lixos e que na realidade está a despejá-los ilegalmente a dezenas de quilómetros de distância, tirando partido da ignorância de alguns agricultores. O caso cheira mal em todos os aspectos: duvido que a entidade em causa desconte o peso do material abandonado nos campos de Canelas à factura apresentada a quem a financia... Quem se dá ao trabalho de fazer estes despejos a 40 ou 50 km de distância está claramente a esconder alguma coisa e muito provavelmente a ganhar dinheiro à custa da inacção quer dos proprietários dos campos, quer do poder autárquico de Estarreja.
É por isso que isto não pode ficar assim. Acredito no que o Abel Cunha diz (a CME estará a fazer seguir a queixa junto das autoridades competentes), mas isso não chega. Eventualmente, servirá para iniciar este processo. Mas é necessário:
- Exigir publicamente responsabilidades ao Ministério do Ambiente e à Câmara Municipal (de Gaia?) responsável por esta afronta;
- É imperativo exigir a demissão do responsável pela ETAR que fez isto;
- É fundamental que seja a entidade que poluiu a pagar a limpeza daqueles campos e no mais curto prazo de tempo possível;
- O concelho de Estarreja e concretamente a freguesia de Canelas devem ser fortemente indemnizados pelos responsáveis por este crime;
- Todos estes passos deverão ser tornados públicos e os culpados deverão ser bem identificados e responsabilizados publicamente.
Por outras palavras, esta situação exige que se tome uma posição de força. Não devemos ceder um milímetro que seja e para já o silêncio da CME sobre esta matéria começa a ser preocupante. Será que José Eduardo de Matos pelo menos já pediu explicações a Luís Filipe Menezes? Ou a Francisco Nunes Correia? É em momentos como estes que os autarcas devem mostrar o que valem...

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quarta-feira, agosto 30, 2006

Fui hoje dar um pequeno passeio pelos campos de Canelas. Voltei a passar de carro por locais que já não percorria há pelo menos 15 anos. Refiz alguns dos meus antigos circuitos das voltas de bicicleta. No início tive alguma dificuldade em encontrar os campos de merda. Ao fundo da Rua da Mata dei de caras com uma lixeira a céu aberto, onde alguém tinha despejado entre outras coisas sofás, colchões, sapatos, pneus e alguma (não muita) da dita-cuja. Havia marcas de rodas de camiões à volta do local e o lixo ali estava, abandonado junto a campos agrícolas e pinhais. Aquele de certeza que não veio da ETAR.
Continuei o meu passeio, desta vez com o ar condicionado desligado e as janelas do carro abertas. O choque foi imediato, tal era a potência nauseabunda dos produtos intestinais da população de Gaia. Facilmente descobri alguns amontoados, tal como o Abel Cunha relatara, dispersos em vários terrenos agrícolas. Fiquei absolutamente enojado e com o carro cheio de moscas.
(este texto continua amanhã)

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Só hoje reparei que foi graças aos últimos posts do Notícias da Aldeia que foi possível a denúncia pública da situação que ontem fez capa da edição Centro do JN.
Como o mérito é para quem o tem e com a devida vénia ao autor, tomei a liberdade de reproduzir alguns dos excelentes textos do Abel Cunha sobre esta matéria e outras parecidas:

Crimes ambientais


Uma Etar, diz-se, sedeada na zona de Gaia, tem descarregado uns camiões de lamas não tratadas em terrenos da minha aldeia. Pelo cheiro nauseabundo que exalam, percebe-se que se trata essencialmente de dejectos fecais. Custando caro o equipamento para tratamento das ditas, é muito mais económico distribuí-las pelos incautos.

Foi o que aconteceu. A esperteza saloia dos responsáveis da Etar, aliada à ignorância de quem acredita de que merda é um bom fertilizante, resultou numa camada com meio metro de altura da dita, depositada em diferentes terrenos agrícolas.

Como não houve consequências para a Etar ou para os proprietários dos terrenos, fica aqui o aviso: se as lamas fossem bons fertilizantes, as estações de tratamento vendiam-nas.
..............

Aqui pela aldeia, não há um local para depósito de lixos, pelo que as bordas dos esteiros e dos caminhos, apresentam-se como verdadeiras lixeiras. É confrangedor, o que se passa. Parece que estamos a viver dentro de uma enorme lixeira. Poderia a CME ajudar a Junta de Freguesia a resolver esta questão?


(15/8/2006)

Com toda a impunidade

A instrução e a civilidade são essenciais para podermos viver harmoniosamente.

Vem isto a propósito dos crimes ambientais de que falei no post anterior. Voltando aos locais do crime, a extensão do mesmo é impressionante. Nas Sergilas, nas Arrotas, no Canto das Arrotas, na Manteira, na Mata e nos Morangais podem ver-se terrenos cobertos com grossas camadas destas lamas que chegam a atingir metro e meio de altura. São muitos camiões de merda, distribuídos ao longo de muitos terrenos agrícolas. O cheiro é nauseabundo.

A Etar conseguiu livrar-se de muitas toneladas de resíduos ao custo do seu transporte. Para piorar as coisas e na mesma zona, vi hoje agricultores a regarem os terrenos com resíduos de fossa.

E tudo isto se passa impunemente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. A chuva tudo lava e a terra tudo come.

Por falta de instrução, estas pessoas não saberão que todos os poluentes que lançam à terra acabam por entrar na cadeia alimentar, ou seja, acabamos a comer e a beber a merda que lançam para os terrenos.

Quanto à civilidade, tudo isto se passa em zonas agrícolas e de nascentes aquíferas que estando já poluídas, ficarão envenenadas. Tudo isto se passa na maior impunidade porque apesar da denúncia, a autoridade não actua. Porque se os agricultores são inconscientes – alguns o serão – a autoridade e o poder político, não o poderão ser.

Não me parece que a aplicação de coimas aos agricultores resolva o problema. No caso concreto, a Etar deverá ser obrigada a retirar as lamas que aqui veio depositar. Os agricultores, deverão ser elucidados sobre as consequências que advêm de actos irreflectidos que a todos, por igual, prejudicam.

(17/8/2006)


ExCitações



“O projecto Bioria é ferramenta relevante na conservação do património natural e sensibilização ambiental das populações.”

“Criado com o intuito de revelar e proteger o património natural do Concelho de Estarreja, este projecto visa ainda formar e sensibilizar as populações para a conservação da natureza e preservação do meio ambiente.”

Fotografia: parte final do Esteiro Velho, em Canelas - Estarreja

(21/8/2006)

Crimes ambientais


Apesar de ser uma terra de muitas nascentes de frescas e boas águas, não há hoje em Canelas uma única nascente ou fonte cuja água seja potável.

Os fertilizantes, fossas, lixos e agora, dejectos fecais que são lançados para as terras, os lixos deixados nas beiras dos caminhos, contaminaram totalmente o meio ambiente. Não saberei até que ponto a elevada taxa de mortes por cancro que por aqui se verifica e de que já falei anteriormente, não se relacionará com este envenenamento ambiental.

A impunidade reinante estimula os mais ignorantes ou menos escrupulosos, a irem cada vez mais longe, a poluírem, a envenenarem cada vez mais. A passividade geral, o encolher de ombros perante tais crimes são um incentivo à sua continuidade.

O nosso campo – zona lagunar – anteriormente um viveiro de peixe, não tem hoje uma enguia e se alguma aparece, já não é comestível.

Não temos hoje em Canelas um local aprazível, limpo, cuidado, que possamos mostrar aos amigos ou, onde possamos receber quem nos visita. O nosso Ribeiro, que foi a nossa sala de visitas, é hoje um enorme depósito de lixos domésticos e restos de materiais de obras.
A inveja é uma coisa muito feia, mas quanta tenho da Ribeira da Aldeia, em Pardilhó.

(22/8/2006)

Crimes ambientais

Oito dias passados sobre a denúncia pública dos despejos de lamas nos terrenos agrícolas e lagunares da minha aldeia, não há qualquer resultado prático. Acabo de me cruzar com mais um camião de bosta, acabadinha de ser depositada.

Apesar das diligências que já foram feitas pelas entidades envolvidas, apanho eu mais depressa os infractores, do que a polícia. Aliás, estes não se escondem, passeando as cargas pestilentas pelas ruas da aldeia.

É isto Canelas, Estarreja, no sítio designado, Portugal.

(24/8/2006)


Ainda o ambiente

Correndo o risco de me tornar repetitivo e com isso desinteressar os meus visitantes, por uma razão de creio, justa indignação, volto à questão dos depósitos das lamas da Etar e de forma mais lata, ao problema da poluição e contaminação ambiental que por aqui se verifica.

Não estou certo que as descargas tenham parado mas, já não são tão visíveis os camiões que operavam durante o dia e à vista de todos nós. Se continuam, será agora a horas mortas ou mesmo durante a noite.

Parece-me certo que o que cá está e não é pouco nem bom, já por cá ficará. A nossa qualidade de vida terá sofrido mais um golpe traiçoeiro, feito na ganância de uns poucos, ficaremos mais poluídos, mais envenenados, socialmente marginalizados, uma pequena aldeia – como me dizia esta manhã um jornalista – de gente habituada a viver no meio da porcaria. É esta a imagem com que de nós, ficará o país.

E no entanto não é assim. A esmagadora maioria dos habitantes de Canelas, é boa gente, honrada, trabalhadora, limpa e asseada. Mas, sem dúvida que a minha aldeia, substantivamente, ficou mais suja.

Aguardemos o desfecho para avaliar o processo e a extensão da imputação de responsabilidades, sabendo à partida que em Portugal, a culpa morre habitualmente solteira.

Na origem de todo este processo, estará o dinheiro, na forma de uma qualquer empreitada de limpeza da estação de tratamento. É óbvio que não terão sido os responsáveis da mesma que sonharam com uns terrenos a 60 Kms de distância onde poderiam impunemente depositar os lixos que processam.

Há seguramente um intermediário, conhecedor dos locais e, resta saber, se não há autorização para despejo dos mesmos. É que se a operação é clandestina, o crime será restrito aos operadores; se há autorizações, o leque de responsáveis alarga-se e a dimensão do crime é outra.

O que é certo é que tendo soado o alarme, de imediato um dos envolvidos – contaminador e poluidor destacado e referenciado desde há muitos anos e a quem nunca aconteceu nada – já tratou de disseminar a porcaria nos terrenos lagunares e fechou a propriedade a cadeado. Logo que subam as águas, teremos uma contaminação fecal na área.

Os poucos habitantes da Aldeia que desprezando elementares regras de higiene, respeito por si mesmo e pelos outros, despejam lixos e fossas para os terrenos e braços da ria e neste aspecto a zona lagunar está putrefacta – basta olhar e cheirar o esteiro dos espanhóis o qual se tornou vazadouro público de tudo o que é lixo, - argumentam que despejam no que é deles.

Como se, contaminar terras e águas fosse um direito de cada um. Como se conspurcassem somente o que é seu e não envenenassem a vida de todos nós. É no fim de contas, o resultado de maus hábitos continuados que nunca foram contrariados ou impedidos, instituindo-se como direitos adquiridos.

Na hora do fecho destas contas, questionar-se-à o papel das autoridades, do poder local, autárquico, das secretarias de estado e, dos famosos ambientalistas que tanto porfiam nos negócios ambientais. Finalmente, como se aplicam as tão propaladas políticas ambientais que tanto dinheiro custam e pelo visto, tão pouca eficácia revelam.

(28/8/2006)

Como tive oportunidade de referir a quem de direito, nestas coisas, ficamos todos mal na fotografia e, aparecer nos jornais pelas piores razões, não é motivo de que nos possamos orgulhar.

Tivemos a felicidade de nascer numa zona de rara beleza, de um inestimável potencial turístico, biológico e económico. Apesar disso, quando olhamos para o lado, já alguém destruiu parte deste património precioso. Apenas em função de dinheiro fácil.

Sinto tristeza por tudo o que se passou e ainda continua.

(29/8/2006)


Confesso que só hoje, relendo com calma os textos do Abel Cunha e a notícia do JN, é que me apercebi da real dimensão do problema. Estou chocado e horrorizado. Desta vez foi-se demasiado longe. O que se passou em Canelas é crime e é inadmissível. Além da queixa junto das autoridades policiais, o Presidente da Câmara de Estarreja tem a obrigação de denunciar a situação ao Ministério do Ambiente e exigir a demissão imediata do Presidente da ETAR responsável por tudo isto. Além disso, é o Ministério do Ambiente quem deve reparar o mal feito e indemnizar o concelho de Estarreja e especificamente a freguesia de Canelas!

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terça-feira, agosto 29, 2006

Estarreja na primeira página do JN...

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E eis que mais um estarrejense chega à blogosfera. Lugar Comum, o blogue do Rui Lima Jorge.

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Há bloggers que deviam ser algemados depois de escreverem certos textos, para que depois não os pudessem apagar. No entanto, e uma vez que as respectivas mãos poderiam ser necessárias para a produção de novos tratados da literatura blogosférica, talvez o ideal fosse criar uma versão do blogger que não permitisse alterar ou apagar material certos e determinados posts. Estou, naturalmente, a falar do maradona, um indivíduo cuja identidade eu desconheço em absoluto, mas que produz sistematicamente uma parte significativa do melhor material virtual a que tenho tido acesso. Mesmo que, como é o caso, eu discorde das suas ideias. Cá fica o mais recente exemplo do que acabei de escrever (tenho que fazer copy-paste, pois sei que mais cedo ou mais tarde o texto original será apagado):

Do ponto de vista empresarial, de gestão de um negócio, recusar 6 milhões de euros pelo Custódio é o equivalente a alguém chegar ao pé do Belmiro de Azevedo e oferecer-lhe um milhão e duzentos mil contos (às vezes as pessoas esquecem-se que seis milhões de euros são mais de um milhão de contos) pelo jornal Público com a certeza que depois o devolve limpo de dívidas (e sem o João Manuel Fernandes) a custo zero em Dezembro, Janeiro no máximo.

Toda a gente sabe que o jogador Custódio é um jogador útil ao Sporting, e não ao futebol do Sporting. Tem uma cara normal, anda sempre concentrado, a vida dele é unicamente dirigida para a tarefa de não cometer erros, o que o torna, portanto, no “capitão” ideal (assim como um excelente construtor de andaimes), argumento circunstancial também utilizado pelos actuais gestores do Sporting para terem rejeitado uma mala cheia de notas sem terem que dar nada em troca.

Uma pessoa como o Custódio, por definição, não se “adapta” nem a uma escova de dentes diferente, muito menos se adaptaria à Turquia, uma terra de malucos. Mais difícil ainda que o Custódio adaptar-se a Istambul, seria Istambul adaptar-se ao Custódio, dado que, por exemplo, praticamente só os treinadores do Sporting é que se adaptaram a ele. Implorem a qualquer sportinguista para fazer a equipa ideal do actual plantel e só um brainstorming entre 150 pessoas é que permite lembrar-nos da existência de Custódio, ai é verdade, esse gajo. Custódio teve, é verdade, durante o ano passado, uma boa fase, uns golos de cabeça, uma entrevista ou outra bem dada, mas será caso para dizer que só com dificuldade poderíamos passar sem ele? Não creio: Custódio, por definição, não ocupa espaço.

Meus amigos: em Outubro já ninguém do Galatasaray o conseguiria ver à frente, ninguém perceberia a razão daquela boa pessoa andar ali, sempre atrasado em relação a tudo o que acontece, isto para o caso, bastante improvável, de o treinador se lembrar dele nas convocatórias. Em Dezembro Custódio voltaria de novo ao Sporting, emprestado por três anos, motivado para provar que afinal ainda sabe jogar à bola e dar entrevistas, após o que o recuperaríamos a custo zero.

Enroscada à tese “não se vende um capitão”, e como não se podendo justificar a recusa de sesis milhões de euros pela qualidade futebolística do jogador, não poderia faltar o lugar comum mais pernicioso de todos: a estabilidade. A estabilidade não é um valor em si; muito mais que uma causa ou uma condição para o que se deseja, a estabilidade é o resultado do facto de estarmos a fazer as coisas bem. O primeiro campeonato do Sporting depois da longa seca foi conseguido depois de termos despedido um treinador, contratado outro, comprado 3 jogadores e mudado metade da equipa, tudo em Dezembro.

A industria aeronáutica é a industria aeronáutica: a Boeing fez milhares de disparates e a Airbus parecia inatacável ainda aqui há dois anos, e os analistas diziam maravilhas dos processos da Airbus e horrores da Boeing. Agora assiste-se ao contrário: a Boeing é o supra sumo da essência do sublime e a Airbus tem aquela direcção multi-cabeças e por causa disso, segundo os actuais analistas, a derrocada era inevitável e previsivel a milhas.

Século e tal depois de Darwin, ainda estamos com dificuldade em assimilar a proporção exacta do acaso e do contexto nos resultados para os quais tentamos arranjar explicações.

O futebol é o futebol, meus amigos e inimigos, e é muito mais complexo do que qualquer fórmula ou ideia feita. A única certeza que o Sporting tem é que precisa de dinheiro e que o Custódio vale menos de seis milhões de euros. Em qualquer lado, aplicando qualquer teoria de gestã, o Custódio teria que ter sido convencido a ir destruir a sua carreira para a Turquia.

Eram 5 milhões para o passivo e 1 milhão a comprar miúdos promissores por essas terras a fora de Portugal. Custa-me ter que explicar isto.


PS - Nunca é demais reafirmar a minha discórdia em relação a este texto. Em regra, sou contra a venda de jogadores do Sporting. Sim, mesmo do Deivid. E o Custódio é aquele jogador que faz falta em todas as equipas (não, não me esqueci do passe para o Zé Manel do Boavista): caceteiro q.b., perfeitamente irrelevante para o resultado final, suficientemente pouco atractivo para merecer a cobiça alheia - é de jogadores como este que se faz o cimento que une os tijolos que constituem as grandes equipas (vêem o Manchester sem o Roy Keane? E o Real Madrid sem o Hierro? E o Barcelona quando saiu o Guardiola?). É verdade que o Custódio não vale nem metade dos 6 milhões de euros. Mas é um mal necessário para se ser campeão, o que aliás se vai ver ao longo desta época.

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Um blogger que se preze deve ter opiniões sobre tudo. Assim, aqui fica o que eu penso sobre o Caso Mateus:
- Tudo começou com uma chico-espertice do Lixa, que inscreveu Mateus como porteiro do clube e não como futebolista profissional, quando era esta a realidade;
- Segui-se uma chico-espertice do Gil Vicente, que mesmo sabendo da situação, decidiu contratar Mateus para reforçar a sua equipa ainda durante a época 2005/2006;
- A FPF (ou a Liga?) não autorizou a inscrição, pois há uma regra (provavelmente criada para prevenir situações exactamente como esta...) que não permite que um jogador amador possa ser inscrito como profissional na mesma época;
- Perante a queixa do Gil Vicente, a FPF (ou a Liga?) escreveu uma carta (cujo conteúdo integral foi divulgado ontem pela imprensa desportiva) em que se considerava incompetente para julgar o caso, pois este era matéria de direito civil e informava que o Gil Vicente, caso se sentisse prejudicado, deveria recorrer aos tribunais administrativos normais;
- O Gil Vicente recorreu ao Tribunal Administrativo de Braga, que o mandou dar uma volta;
- Depois da nega bracarense, o Gil Vicente tratou de mudar a residência de Mateus e apresentou o mesmo caso ao Tribunal Administrativo do Porto;
- No Porto os juízes foram mais simpáticos e deram razões aos barcelenses. A FPF (ou a Liga?) foi obrigada a aceitar a inscrição do jogador Mateus;
- Mateus fez 4 jogos pelo Gil Vicente, até que o Tribunal de Braga soube do esquema e voltou a decidir em desfavor do Gil. O angolano não pôde jogar mais, pois a FPF (ou a Liga?) voltou a proibi-lo.

Ou seja, embora tenham existido claros actos de tentativa de dar a volta ao sistema por parte do Gil Vicente, a verdade é que o clube só recorreu aos tribunais civis porque a FPF (ou a Liga?) a isso o incentivou. Assim, é completamente imoral que os mesmos que empurraram o Gil Vicente para os tribunais civis sejam agora quem o condena por isso...
Em relação ao Belenenses e Leixões são dois ridículos exemplos de oportunismo de clubes que depois de terem perdido nos relvados procuram agora ganhar na secretaria algo a que não têm o menor direito moral.
Por outro lado, gostava de saber como é que toda a gente acha muito normal a proibição dos clubes de futebol recorrerem aos tribunais "normais" para resolverem questões desportivas. Eu sei que esta é uma regra do jogo, conhecida à partida. Mas é tão ilegítima que até fere a vista...

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sexta-feira, agosto 25, 2006

No Saúde SA mais uma brilhante análise à mais recente medida de Correia de Campos (ameaça de "despromoção" de alguns hospitais EPE ao antigo estatuto de SPA):

Acho que não estão a ver a "bigger picture"... algo que me surpreende muito no Xavier!

Os hospitais da lista são os casos críticos da gestão SA. Hospitais que durante a era LFP, foram alvo de uma gestão danosa (para não dizer criminosa) pelos "gestores" nomeados. Actualmente, mesmo com novas administrações (algumas com nomes de peso no mundo dos AH), não se vão conseguir endireitar. Sendo EPE's, o Estado não pode "injectar" dinheiro para cobrir os maus resultados das administrações anteriores. A opção poderia passar por um reforço no capital estatutário, mas a Comissão Europeia iria interpretar isso como uma manobra de encobrir o défice (o tal que deve ficar abaixo dos 3%... lembram-se disso?).

A única solução, para os hospitais que não consigam encontrar meios de receber fundos suficientes através das verbas da convergência, será voltarem ao estatuto de SPA, onde o estado poderá "apagar" a dívida.

Simples, não é?

El Unclo


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quinta-feira, agosto 24, 2006


Reacção ao sorteio da Liga dos Campeões

O que dirá Luís Figo depois de ter que engolir o seu colega de fotografia?

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Neste período estival a produção de textos é sempre mais lenta que o habitual (que já não era nada rápido...). De qualquer modo, nunca é demasiado tarde para reproduzir a entrevista de antologia que José Eduardo deu ao jornal "O Aveiro", ao fim de quase 5 anos na Presidência da Câmara Municipal de Estarreja (naturalmente, os comentários a preto são meus):


“Só ficámos com as consequências negativas do Porto de Aveiro”


Em entrevista a O AVEIRO, José Eduardo Matos, presidente da Câmara Municipal de Estarreja, volta a criticar a opção do IC1 a Nascente e a postura do PS face a esta e outras matérias. O autarca diz que o Porto de Aveiro tem alterado o equilíbrio natural da ria e critica o "peso" da preocupação financeira do protocolo com a SIMRia em detrimento da preocupação social. A revisão do PDM de Estarreja deverá estar pronta em 2007 e, ao nível da saúde, parece certa uma farmácia para Fermelã ou Canelas.

O financiamento para a segunda fase do projecto ERASE está garantido?


Fundamentalmente, o que se busca agora é uma solução que permita alguma comparticipação no que toca aos trabalhos seguintes e o sentimento é semelhante ao que tivemos na primeira fase. O que foi adiantado pelo Ministro do Ambiente quando cá esteve é que naturalmente haveria dinheiro para esse tipo de obras. Ainda bem que assim é porque é importante que o ERASE continue.

Há situações por resolver, como a limpeza das valas e ribeiras...

Sim, na segunda fase do ERASE. Havia um projecto inicial que previa a limpeza dessas valas. As reservas suscitadas na altura relativamente a essa intervenção imobilizaram o projecto. Quando cheguei à Câmara, em 2002, estava parado porque havia uma dificuldade na questão das valas e então não se resolvia o principal. Separámos isso e agora importa olhar para a questão das valas e fazer uma reavaliação da situação para encontrar uma solução.

E como está a situação?

Foi pedido a um profissional que fizesse a reavaliação da situação e ainda não sabemos os resultados.

(Como é do conhecimento de todos, o projecto ERASE é da autoria do Eng. Duarte Drummond Esmeraldo. Quando chegou ao poder, JEM tomou uma decisão estratégica: contrariando aquela que tinha sido a postura da CME até então, JEM aceitou avançar apenas com uma parte do projecto inicial, deixando o restante para as calendas. O risco foi assumido pela CME, pelo que agora não adianta carpir mágoas: 4 anos depois do governo ter autorizado o avanço da primeira parte do projecto, o resto do ERASE está ainda em águas de bacalhau. Cabe à CME apressar as coisas. Não é admissível que pelos vistos a própria CME ainda esteja a "reavaliar a situação" ao fim de tanto tempo. Um executivo camarário activo teria a continuação do projecto pronta a servir a qualquer Ministro do Ambiente que desejasse apresentar obra feita).

O Largo do Laranjo é um dos casos piores?

A Universidade de Aveiro, nos estudos que fez da ria, deparou, há cerca de 20 anos, com a existência de alguma contaminação com metais pesados. A verdade é que, em termos científicos, nunca se definiu a necessidade ou utilidade de uma intervenção, isto é, se faria sentido intervir ou deixar ficar. O entendimento geral foi o de não os remover, até porque o fundamental era cessar as fontes de poluição. A entrada em vigor das novas leis comunitárias e a adopção de novas técnicas pelas empresas implicaram uma revolução nesta matéria e diria que hoje esse é um não-problema.

E em relação à limpeza dos esteiros?

É outra grande guerra. Desgosta-me o completo abandono da ria. Ela é um acidente provocado pelo Homem e passámos de uma situação em que o Homem intervinha quando queria para outra em que o Homem ou deixa de intervir ou é impedido de intervir.

A única entidade que conseguiu e pode intervir é o Porto de Aveiro, que, para garantir a sua sustentabilidade e capacidade de resposta, tem afundado a barra permanentemente. Associado aos outros elementos, isso tem sido um claríssimo factor de alteração do equilíbrio natural da laguna. Só ficámos com as consequências negativas do Porto de Aveiro e nunca houve uma reposição das condições naturais da ria. Se rapidamente isso não for invertido, seremos todos coveiros de uma situação. Entretanto o Ministro do Ambiente anunciou em Estarreja que estavam a tratar um modelo de gestão que permitisse essas intervenções.

A Câmara critica o último protocolo assinado com a SIMRia sobre a recolha de efluentes em ‘baixa’. Porquê?

Há uma preocupação, de facto. Tenho reparado que se quer fazer uma revolução no saneamento, e é importante que se faça, mas julgo que não deve ser feita a qualquer custo. Não se pode pedir às pessoas que de repente se liguem à água, ao saneamento e paguem Resíduos Sólidos Urbanos. A revolução pode ser feita sem um peso financeiro tão grande. O desenvolvimento sustentado pede uma preocupação social.

As soluções apresentadas têm sempre a preocupação da viabilidade, se calhar com demasiada margem de segurança das empresas que tratam disto. Nesta fase as pessoas deviam poder ligar-se e não estarem sujeitas a tarifas tão altas nem darem saltos tão elevados. Querem-se resultados mas não tenho notado uma preocupação em saber se as pessoas têm capacidade para de repente passarem a pagar tudo. No protocolo há uma permanente preocupação financeira e em lado nenhum se escreve que "obviamente teremos o cuidado de praticar tarifas que sejam suportadas socialmente".

A batalha do IC1 foi perdida pela Câmara?

Temos uma opinião diferente da que o Governo defende. Julgo que só perdemos as batalhas quando não lutamos e neste aspecto lutámos e até conseguimos inverter o curso das coisas em 2001. Lamento que os governos anteriores não tenham efectivado essa obra e critico a solução agora adoptada, em termos de ordenamento é claramente pior. Diz-se que a outra solução seria cara, eu digo que caras são as más soluções.

O PS acusa-o de ter ficado sentado à espera das decisões...

O PS não tem qualquer credibilidade nesta matéria, é um poço de contradições. A nível local defendeu a solução actual, defendeu a outra, enfim, andou às cambalhotas. Apesar de agora dizer que é a favor da solução do Governo, pelo menos quando vêm cá os deputados, internamente diz que é a favor da solução anterior. O PS nesta matéria tem tanta credibilidade como a que demonstrou no seu programa eleitoral, em que, sobre uma matéria tão importante, o que disse foi zero.

(É notável como alguém com as responsabilidades de JEM na questão de IC1 tem a coragem de sacudir desta forma a água do capote. O processo do IC1 só esteve verdadeiramente parado até 2001. Com a chegada de JEM ao poder (no final desse ano), as obras a nascente começaram, nomeadamente no concelho de Ovar. Perante a insistência com que o grupo do PS na AM de Estarreja denunciou a situação, JEM fez ouvidos de mercador e embarcou num projecto fantasma que Marques Mendes apresentou em Fermelã e que Manuela Ferreira Leite vetou. Entretanto, as obras avançavam e JEM ia culpabilizando tudo e todos, do Padre de Avanca aos deputados municipais da oposição e ao Presidente da Câmara de Ovar, esquecendo-se que aquele que tinha verdadeiras responsabilidades na matéria era ele próprio, pois era ele o Presidente da Câmara de Estarreja. Ou seja, JEM acreditou na história da carochinha, a LusoScut ganhou 250 milhões de euros sem fazer nada e o IC1 passa no mesmo sítio. É este o produto final do grande lutador JEM!)

Quanto ‘tempo de vida’ resta à Píscina Municipal?

A piscina tem 20 anos e imensos problemas de manutenção. A matéria preocupa-nos. O período de vida da piscina e a sua capacidade de dar uma resposta de qualidade justifica que se pense na concretização de uma nova, para a qual desenvolvemos um projecto que estará concluído este ano. Paralelamente, e tendo em conta a expectativa criada no passado, apresentámos uma proposta ao novo Secretário de Estado do Desporto na perspectiva de obter uma comparticipação na ordem dos 60 por cento, sendo que a obra anda na casa de um milhão e meio de euros.

(ou, por outras palavras, há que arranjar qualquer coisa que dê nas vistas para as eleições de 2009)

Como está a revisão do PDM?

Está a andar bem. Encontrámos essa questão suspensa à espera da decisão do IC1 e decidimos avançar qualquer que fosse a decisão. Conseguimos trazer pela primeira vez para a região Centro medidas preventivas e já estamos a antecipar a aplicação do PDM. Algumas das questões mais importantes já foram resolvidas e depois do Verão começaremos a fase final da revisão. Julgo que no próximo ano estará tudo pronto e aprovado.

Apesar de a questão não depender da Câmara, como olha para o facto de algumas freguesias não terem uma farmácia?

Com preocupação. Tenho alguma dificuldade em perceber as regras tão restritas que existem em Portugal e defendo que haja, senão uma liberalização total, pelo menos uma aproximação às necessidades das pessoas. Tenho feito sentir às entidades responsáveis a necessidade de criação de uma farmácia em Fermelã e Canelas. A resposta que obtive para já da Administração Regional de Saúde é uma meia vitória, uma delas virá a ter uma farmácia e não pararei até todas terem farmácia. É uma questão de bom-senso e julgo que a lei pode e deve ser corrigida porque dá sempre conforto às pessoas ter uma farmácia por perto.

(Respeito as fontes de informação de JEM, que habitualmente é um homem bem informado. De qualquer modo, e não pondo em causa o voluntarismo da ARS, quem decide pela abertura de novas farmácias é o infarmed. Já agora uma outra nota: pela lei actualmente em vigor, com base nos censos de 2001, o concelho de Estarreja passou a ter direito à abertura de 2 farmácias. Se se aplicarem as medidas entretanto anunciadas por Correia de Campos, passaremos a ter direito à abertura de 3 farmácias, mais uma no hospital... Por outro lado, não é ainda clara a forma como decorrerão os novos concursos públicos - no entanto JEM pode ter uma certeza: se a abertura for livre na área do concelho, as novas farmácias não irão parar às freguesias mais afastadas, mas sim aos centros urbanos)

Qual a situação do mercado?

O que estava assumido e acordado com os feirantes era a deslocalização do mercado. Devo dizer que faz sentido ponderar essa situação e até chegar-se à conclusão de que este é um óptimo sítio para ter o mercado enquanto factor de animação do comércio. Confesso que tenho um sentimento muito forte para que o mercado fique onde está, sendo que a intenção é fazer um mercado de raíz, ou no local do actual ou muito perto. A decisão será certamente tomada durante este ano.

(JEM recuou nesta questão no ano de eleições. A CME anda a reboque dos feirantes nesta matéria)

A fábrica da IKEA vem para Estarreja?

Não sou administrador da IKEA, eles próprios ainda não sabem a decisão final. Ainda hoje [21 de Julho] estivemos a trabalhar largas horas nessa matéria com a empresa e outras entidades de maneira a podermos viabilizar a hipótese. Para nós foi uma vitória sermos escolhidos entre 32 possibilidades como uma das três localizações preferenciais, é um sinal de grande qualidade e reconhecimento das condições práticas e do modelo inovador do nosso Eco-Parque, que agradou muito à administração da empresa. Para já, não há nenhum outro pedido para o Eco-Parque com a dimensão da IKEA, mas há mais alguns com uma dimensão parecida.

Este executivo critica a forma como o PS ‘pegou’ no Eco-Parque...

Contra factos não há argumentos. Chegámos à Câmara em Janeiro de 2002 e tínhamos uma empreitada do Parque Industrial para consignar mas não havia terrenos para a empresa poder começar a trabalhar. Isto não é um modelo de gestão mas de tentar ganhar eleições. Fomos obrigados a fazer um sobre-esforço para ultrapassar isso. Só em Novembro desse ano pudemos começar as obras no arruamento principal.

(Para quem não se recorda, quando em 2002 JEM parou o processo do Eco-parque, foi com o argumento de que era uma paragem breve e que o parque estaria em funcionamento ao fim de 6 meses. Passaram 4 anos e meio e as coisas estão como todos sabemos...)

Como está o processo do modelo de gestão?

O nosso modelo previa a criação de uma Área de Localização Empresarial. Era o modelo do Governo anterior, que visava espevitar os expedientes, conseguir descentralizar a burocracia e agilizá-la. Esse modelo está, aparentemente, moribundo e temos de avançar para um novo. Parece que o próximo Quadro Comunitário aponta para Pólos de Competitividade. Aguardamos a definição do que pretende o actual Governo e a saída de mais alguma informação sobre esse desenho.

(Apesar de tudo, neste caso chateia-me ter tido tanta razão. JEM trata estes acontecimentos como se fossem uma grande novidade, quando o PS na AM (eu fui um dos que falaram) alertou milhares de vezes para o perigo desta situação ocorrer...)

Por que não se conseguiram os apoios para o Eco-Parque? Falta de dinheiro ou de credibilidade e de um certo ‘carisma’ deste executivo, como aponta a oposição?

A existir, a falta de carisma teria começado no executivo anterior porque o Ministro João Cravinho prometeu dois milhões de contos ao meu ilustre antecessor. Alguma coisa aí falhou. A partir de então, sucederam-se os presidentes da CCDR que vieram a Estarreja dar conta do desejo de apoiar. Por outro lado, andou-se de modelo em modelo até modelo nenhum.

Também é verdade que na região Centro nunca houve uma preocupação no tocante às matérias da economia, as verbas foram canalizadas para outros investimentos. Porém, por parte do actual presidente da CCDR há um reconhecimento da valia da nossa obra e estamos convictos de que vamos ser de facto contemplados, o que é um acto da mais absoluta justiça que só peca por tardio.

Houve um grande endividamento da Câmara em 2005...

A Câmara quer fazer obras, não por capricho mas por necessidade, o concelho precisa de muitas obras. A que mais absorveu os fundos foi o Eco-Parque, uma urgência que assumimos. Fomos até ao limite da nossa capacidade para que avançasse e hoje faria o mesmo porque é uma obra imprescindível. Se o município se pudesse endividar fa-lo-íamos já que é muito fácil repor um endividamento deste tipo. Infelizmente temos tido leis cegas desde 2002 no que toca ao endividamento dos municípios.


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quarta-feira, agosto 23, 2006

Ninguém pode morrer sem conhecer a Verdadeira História da Família Fonseca Galhão, que entretanto já vai no terceiro episódio.

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terça-feira, agosto 22, 2006

O Voz de Estarreja deste mês contém vários artigos extremamente interessantes, dos quais se destaca naturalmente o que abaixo se reproduz:

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GOVERNO PREVÊ INVESTIMENTOS EM ESTARREJA

O Ministro da Economia Manuel Pinho, tem vindo a dar sinais claros, em várias intervenções públicas, de que o Governo liderado por José Sócrates colocou Estarreja na rota dos grandes investimentos a realizar em Portugal nos próximos anos.

O Ministro da Economia Manuel Pinho, tem vindo a dar sinais claros, em várias intervenções públicas, de que o Governo liderado por José Sócrates colocou Estarreja na rota dos grandes investimentos a realizar em Portugal nos próximos anos.
Ainda no passado mês de Julho, enquanto militante do PS, num encontro realizado na cidade do Porto, Manuel Pinho afirmou essa intenção ao referir-se a Estarreja como um dos pólos de investimento nas áreas da petroquímica, logística e energia. O membro do Governo afirmou mesmo que «os grandes investimentos previstos» neste, como noutros sectores - caso dos investimentos no turismo levado a cabo pela Unicer em Vidago, da industria do papel em Setúbal e na Figueira da Foz e da industria do móvel, que pode muito bem acontecer, igualmente, em Estarreja com o construção da fábrica da Ikea acabarão por compensar o recente «encerramento da fábrica de automóveis da Azambuja», salientando que já nesta fase «o investimento recuperou os índices de 2002».
Sintoma da importância que esses investimentos no sector petroquímico podem vir a assumir em Estarreja é o facto de Manuel Pinho considerar que Portugal será, a nível europeu e a curto prazo, «quinto ou sexto na petroquímica».
A 27 de Julho de 2006, em declarações proferidas na Conferência de Imprensa de apresentação do Projecto da REPSOL (um investimento de cerca de 600 milhões de euros em Sines), Manuel Pinho voltou a referir-se ao «investimento na criação de nova capacidade em gerar riqueza e emprego para o nosso País», adiantando que os «projectos de investimento começarão a ter um efeito indirecto positivo na economia dentro de 6 meses a um ano, durante o período de construção, e vão ter um efeito directo muito mais positivo sobre o crescimento dentro de 2 ou 3 anos». E é aí que surge de novo o nome de Estarreja: «Alguns destes novos projectos são na área da refinaria, da petroquímica e da química. As excepcionais condições logísticas do nosso país permitem criar um forte cluster, com base em Sines e Estarreja.»
Estas declarações vêm, aliás, na sequência de uma entrevista concedida ao semanário Expresso de 8 de Julho último, onde o governante destacou, novamente, os grandes sectores de investimento previstos para Portugal, com destaque para a petroquímica. À pergunta do jornalista acerca dos motivos do interesse neste sector, Manuel Pinho referiu a importância «logística», destacando Sines, para terminar de forma sintomática: «Não podemos esquecer Estarreja que também está a merecer a atenção dos investidores».
Noutra peça daquele mesmo jornal, onde é feita uma análise detalhada ao volume de investimentos previstos para Portugal, pode confirmar-se essa tendência: «Entre a nova vaga de investimentos que o Governo apoiou (..) o Ministério da Economia e da Inovação ainda guarda o trunfo da dinamização do pólo petroquímico em Sines e em Estarreja».

A badalada construção da fábrica da Ikea em Portugal e a presença de Estarreja como um dos três locais onde a multinacional sueca pretende investir, para além de outros rumores de investimentos previstos, são sinais evidentes do interesse do Governo por Estarreja. A presença de Manuel Pinho na comitiva que se deslocou à Polónia é reveladora quanto a isso mesmo. A própria presença do nome de Estarreja na “short-list” não terá surgido por mero acaso, nem os rumores do eventual investimento da Suzlon (ver peça à parte).

Factos que vêem dar razão à política encetada pelo anterior executivo camarário do PS, liderado por Vladimiro Silva, que teve a ideia de lançar mão de um parque industrial moderno e capaz, fazendo uso da localização geográfica de Estarreja e das excepcionais condições de acessibilidade de que está dotada.
Recorde-se que o Parque Industrial foi mesmo uma das suas principais bandeiras. O filme que perspectivava o Parque Industrial de Estarreja, mandado realizar por Vladimiro Silva em 1997 para as cerimónias de comemoração dos “20 anos de poder local”, é bem demonstrativo da estratégia seguida e das ideias da Câmara de então, que começam agora a dar os primeiros frutos.
Tudo isto numa altura em que o processo de concretização de obras do Parque Industrial está a demorar muito mais tempo do que o que seria desejável.

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Estarreja pode receber investimento
de vulto no âmbito da energia eólica

O sexto fabricante mundial de aerogeradores pode vir a instalar-se em Estarreja, adiantou o “Jornal de Notícias” numa das suas edições do mês passado. A notícia da instalação em Portugal de um consórcio do qual faz parte a empresa indiana Suzlon, remonta a Março do corrente ano, mas só há bem pouco tempo é que se tornou público que Estarreja está na lista dos potenciais alvos da empresa, juntamente com Leiria e Vagos.
O investimento directo previsto ascende aos 47 milhões de euros, a que acresce cerca de 15,6 milhões de investimento indirecto, que vão criar 1266 empregos, dos quais 842 são postos de trabalho directos. A área a ocupar será de aproximadamente 75 mil m2, podendo, nos futuros projectos de expansão, ascender aos 180 mil.
A Suzlon pretende instalar em Portugal o seu centro industrial de turbinas eólicas para o mercado europeu, mas para isso é necessário primeiro que o consórcio Ventonorte, onde a Suzlon está integrada, vença o concurso para atribuição de até 1000 MW de potência eólica lançado pelo Estado português, ao qual concorrem também a EDP, a Iberdrola e a Galp Energia.

Empresa afirma ter já «contratos condicionais» com as autarquias
Em Março último, o “Diário Económico” noticiava que o presidente do consórcio, Miguel Antoñanzas, justificou a escolha de Estarreja, Vagos e Leiria pelo facto destas três localidades «terem parques industriais desenvolvidos, com infra-estruturas e mão-de-obra qualificada, com a proximidade dos futuros parques eólicos e do porto de Aveiro». A mesma notícia dava conta que o consórcio «afirma ter estabelecido contratos condicionais com os municípios de Vagos, Estarreja e Leiria para a localização das duas fábricas, esclarecendo que a localização exacta será determinada durante o período da negociação com o júri».
A fábrica em Portugal, a acontecer, será construída dentro de aproximadamente um ano, devendo estar operacional em Agosto de 2008.

Quem faz parte do Consórcio
O Consórcio Ventonorte, concorrente ao concurso e do qual faz parte a Suzlon (com 4%), é liderado em 64% pela Eufer (junção da italiana Enel e da espanhola Unión Fenosa), integrando ainda a empresa alemã WDP (27%) e o mais antigo promotor eólico português, a Enervento (5%).
A empresa indiana Suzlon anunciou ainda segundo o JN a intenção de concorrer à atribuição de licenças para centrais de biomassa lançada pelo Governo português.
A Suzlon tem actualmente seis fábricas na Índia e está a construir outras duas, na China e nos Estados Unidos


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Reparei há dias que o Salão de Jogos da Mariazinha transformou-se na sede do FCP em Estarreja. Obviamente, ainda não entrei naquele espaço desde que a decoração atingiu níveis tão reprováveis e portanto não sei se ainda lá existem máquinas de jogo. No entanto, tenho a certeza de que agora José Eduardo de Matos pensará duas vezes antes de voltar a brincar às multas com velhinhas indefesas. É que não tenho a mínima dúvida de que se a cena se repetir, serão o Guarda Abel e os demais elementos da guarda pretoriana da Invicta quem tratará de ajustar contas com os fiscais da CME...

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segunda-feira, agosto 21, 2006

Vasco Pulido Valente infelizmente carregado de razão no Público:

A derrota de Israel
de Vasco Pulido Valente*

Em Israel, a maioria da população não tem a menor dúvida: 70 por cento acham que o Hezbollah ganhou. O Exército libanês não vale nada e o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, já declarou anteontem que não tenciona desarmar ninguém. De resto, quem pode seriamente confiar a vida a soldados da França (5000), da Itália (2000), da Turquia (1200), da Malásia (1000), da Indonésia (850), da Espanha (700), da Finlândia (200) e do Brunei (200)? É desta força heterogénea, estrangeira, incomandável e simbólica que se espera a neutralização do Hezbollah? Uma força que, de resto, não estará no terreno em menos de um ano? E de que vale uma "zona-tampão" porosa como um passador? No fundo, a ingerência internacional e a UNIFIL só servem para enfraquecer Israel, que a opinião do Ocidente abandonou. Como a Intifada e a anterior ocupação do Líbano, a ofensiva contra o Hezbollah não foi "limpa". Por outras palavras, não foi uma guerra de um exército regular contra outro exército regular. Morreram civis. A artilharia e a aviação arrasaram aldeias, cidades, pontes, portos. De longe, de muito longe, o público iletrado e sentimental da Europa e da América via as vítimas, mas não via os foguetões que o Hezbollah escondera nas ruínas. A "barbaridade" de Israel pareceu incontroversa e os "peritos" resolveram invocar o aberrante argumento da "resposta desproporcionada". "Desproporcionada" a quê? À instalação na fronteira de meios suficientes para paralisar e destruir uma boa parte de Israel? À própria sobrevivência de Israel? Nunca houve resposta. O espectáculo do sofrimento chegava para convencer a boa alma do Ocidente. Bush e Blair, sem apoio doméstico e em plena derrota no Afeganistão e no Iraque, recuaram; e da sombra saiu o sinistro Chirac. A Europa e a América decidiram de repente que a pequena querela entre Israel e o Hezbollah (um assunto local) não interessava particularmente ao futuro do mundo. Apesar do 11 de Setembro e de tudo o que a seguir aconteceu, o Ocidente não consegue levar a sério a ameaça do islamismo, como levou a sério a do comunismo. No fundo, o homem comum não acredita que uma civilização fracassada, miserável e medieval possa prevalecer contra a majestade da Europa e da América. Talvez sim. Mas pode, entretanto, empurrar a Europa e a América para um desastre difícil de imaginar e de reparar. Com a derrota de Israel, esse desastre ficou mais próximo.

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Tem-me sobrado pouco tempo para escrever no Estarreja Efervescente. As discussões em que tenho participado no Saúde, SA têm sido mais duras que o habitual e nos últimos tempos vi-me obrigado a responder a mais provocações que as que desejaria. O problema é o mesmo que em tempos se viveu aqui no Estarreja Efervescente: a coberto do anonimato, algumas pessoas aproveitam os blogues para insultar e maltratar outras, de uma forma que nunca fariam caso estivessem de cara destapada.
A Saúde é uma área em que se criam estereótipos das classes profissionais, e com base nesses pressupostos facilmente se rotulam todos os que têm uma determinada profissão ou licenciatura. No entanto, estes exercícios de rotulagem mais não são que escapes perante a incapacidade argumentativa ou a capitulação intelectual dos seus autores durante as discussões. Como já se provou em vários blogues (e no que toca à Saúde, principalmente no Saúde, SA), é possível a discussão académica livre e intelectualmente estimulante sobre qualquer tema. Nestes contextos, só os inexperientes reagem violentamente à derrota...
De qualquer modo, espero nos próximos tempos poder fazer regressar em força a política local, que entretanto tem tido alguns desenvolvimentos interessantes.

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domingo, agosto 20, 2006

Não tenho nada
Mas tenho tenho tudo
Sou rica em sonhos
E pobre pobre em ouro...

Será que a Floribella é gaga?

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sábado, agosto 19, 2006

Um magnífico texto do maradona:

Gosto muito de tirar macacos do nariz...

... é uma actividade que me acompanha desde praticamente sempre; lamento até não existirem scanners destes de agora lá nos idos e esquecidos anos setenta, pois com toda a certeza seria possivel revisitar essas imagens e ver-me no útero de moi mãe já com um indicador a fazer uma visita higiénica a uma das cavidades nasais.

O meu barbeiro de hoje (mudo frequentemente) constatou a eficácia da manutenção nasal ao admirar-se pela radical ausência de matéria peluda nas minhas narinas. Nas suas próprias palavras "nunca tinha visto uma pessoa com tantos pelos nas orelhas e nenhum nas narinas".

Não lhe esclareci sobre as razões do desvio à norma. Sou muito bom a esconder o meu gosto por tirar macacos e uni-los por entre os dedos em esferas cada vez maiores - tendo inclusive o cuidado (essencial) de manter a humidade em niveis mínimos por forma a que não se perca a plasticiade -, não teria agora jeiteira nenhuma colocar esta arte em cheque com uma inconfidência a um sacana de uma barbeiro.

Sou inclusivamente capaz de passar um jantar inteiro a scannar todo o sistema de fossas e a angariar quantidades inauditas de material sem que a pessoa à minha frente desconfie dos vários montículos (é meu costume separá-los por cores) que vou acumulando por baixo do tampo da mesa.

É uma arte de que me orgulho e tão, como dizer, tão "inborn", que não dá para transmitir. Escusam, portanto, de mandar mails a perguntar como é que é. Chamem-lhe talento, sei lá.

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sexta-feira, agosto 18, 2006

O FCP pagou 1 milhão de euros por um treinador que o Braga não quis nem de graça.
Menos de um mês depois de ter contratado um treinador desempregado, o Boavista vendeu-o ao FCP por 1 milhão de euros.
Mas eu até acho que o Jesualdo é um bom treinador... só não consegui resistir a esta incontornável tentação de explorar este petisco.

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O José Matos no Estrela Cansada tem dado alguns esclarecimentos sobre a eventual reclassificação do estatuto dos planetas actualmente em discussão em Praga. Aqui fica o copy-paste de alguns dos textos:

Mais planetas?
O que é um planeta? É uma questão que suscita debate há vários anos. Finalmente o comité responsável pelo assunto na União Astronómica Internacional (UAI) avançou com uma nova definição que vai ser discutida na reunião geral da UAI, que está neste momento a decorrer em Praga. A nova definição assenta em 4 critérios. Olhando à primeira vista parece-me que as coisas vão ficar mais confusas e que não tem grande sentido, por exemplo, promover Ceres a planeta, embora satisfaça o critério gravítico da forma redonda. Mas acho que nenhum asteróide por razões históricas devia ser promovido a planeta. O mesmo digo de Plutão. Seria mais fácil passá-lo a transneptuniano e ficarmos só com 8 planetas. Mas o mais espantoso é meterem Caronte nesta história. Afinal Caronte é um satélite de Plutão ou é um planeta?

Mas vejamos os critérios:

1) Um planeta é um corpo celeste que tem massa suficiente para que a sua gravidade modele uma forma esférica nesse mesmo corpo. Para se verificar esta situação deverá ser um corpo com 800 km de diâmetro e uma massa de 5 x 10*20 kg. Tem também que orbitar uma estrela e não ser uma estrela nem um satélite de um planeta.

(2) Há uma clara distinção entre os 8 planetas clássicos descobertos antes de 1900, que possuem órbitas quase circulares próximas do plano da eclíptica e os corpos descobertos mais recentemente que podem também ter o estatuto de planeta. Desta forma, Ceres também deve ser considerado planeta, podendo por razões históricas, ser chamado de planeta anão por uma questão de distinção em relação aos planetas clássicos.

(3) Plutão também é reconhecido como planeta assim como alguns dos transneptunianos descobertos recentemente. Mas como apresentam algumas diferenças em relação aos planetas clássicos passam a estar numa nova categoria de objectos planetários designada por “Plutões”.

(4) Todos os não planetas que orbitam o Sol serão designados como pequenos corpos do sistema solar.

So, let's see:

(1) Ceres -- after 206 years as an "asteroid" -- is suddenly reclassified as a planet.

2) Several KBOs considerably larger than Ceres are nevertheless not planets, apparently because they're icy and thus not massive enough to have probably "rounded" themselves gravitationally.

3) The precise defintion of "rounded" is apparently left totally ambiguous. (Is Pallas round? Is Vesta -- which differs mildy but significantly in its axial widths? Is Iapetus round, since it's about 1500 km wide but its axial widths differ by about 50 km? What about Neptune's moon Proteus, which looks like a marshmallow? or 2003 EL61, which is cigar-shaped, as wide as Pluto along its long axis but only half as wide along its shorter ones?

4) Charon is suddenly a "planet" despite the fact that it orbits Pluto (which in itself is defensible given the definition of a "binary planet" as one whose barycenter is beyond the outer surface of either partner), has been called a "moon" for 28 years, and is only about 1000 km across.
You want to know what the reaction of the general public will be to this baffling farrago? Take a look at Kevin Drum's reaction at http://www.washingtonmonthly.com/archives/individual/2006_08/009347.php - and Drum is a highly educated layman. Now consider what Jay Leno's reaction will be, along with that of millions of befuddled children AND their equally befuddled teachers. Astronomers have just shoved a pie in their own faces unequalled since the Hubble Mirror Affair. And it couled have been avoided if the defintion of "planet had instead just been set at some unavoidably) arbitrary but easty-to-remember figure -- such as a maximum-axial diameter of 200 km -- which allowed Pluto in but kept out legions of small and confusing riffraff (while also maintaining the binary-planet concept, for the day when we finally discover a binary KBO whose smallest member has a maximum diameter of over 2000 km).

Confusões
A discussão que actualmente está em curso sobre a nova configuração do sistema solar é interessante, mas a proposta da UAI levanta pelo menos dois tipos de confusão.

1) A súbita mudança do estatuto de Ceres e Caronte, que possuem um estatuto histórico diferente de planeta há muito tempo. A confusão que surgirá daqui será enorme e não será fácil explicar às pessoas porque razão Caronte (que é uma lua de Plutão) é também um planeta. A razão prende-se com o facto do baricentro (centro de massa) dos dois corpos estar fora de Plutão, ao contrário dos outros satélites do sistema solar. Mas acho que isso não devia ser levado em conta e que Caronte devia ser simplesmente um satélite. Quanto a Ceres a mesma coisa. Um corpo que há mais dois séculos é um asteróide, agora muda de estatuto só porque é redondo.

2) O facto de existirem transneptunianos maiores do que Ceres, o caso de Quoar e Sedna, e que não são considerados planetas. É que parece que estes dois corpos não são bem redondos. Mas isto vai obviamente provocar confusão nas pessoas. Além disso, vão ser descobertos muitos transneptunianos de médio tamanho sobre os quais será impossível durante muito tempo dizer se são ou não redondos, por indeterminação da sua massa.

Nota - é interessante verificar como a comunidade científica parece estar preocupada também com a reacção do grande público à notícia. Ou seja, a própria ciência sente a necessidade de se empacotar numa embalagem atraente, sob pena de perder a sua credibilidade e, consequentemente, o financiamento (que nos EUA está fortemente dependente das sondagens e das necessidades de afirmação do povo norte-americano).

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Há novidades no blogue do momento.

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quarta-feira, agosto 09, 2006

Obtido a partir da Rua da Judiaria:

Crimes de Guerra

artigo de Mounir Herzallah, médico libanês emigrado na Alemanha

Até 2002 vivi numa pequena cidade no sul do Líbano, perto de Mardshajun, cujos habitantes eram na maioria xiitas, tal como eu. Depois de Israel ter abandonado o Líbano, não demorou muito para que o Hezbollah controlasse a nossa cidade, tal como todas as outras. Recebidos como lutadores vitoriosos da resistência, apareceram armados até aos dentes e, também na nossa cidade, escavaram bunkers para armazenar os seus arsenais de mísseis. A “obra social” do Hezbollah resumiu-se a construir uma escola e um prédio de habitação sobre esses bunkers! Um sheikh local explicou-me sorrindo que os judeus ficavam a perder de qualquer maneira, porque os mísseis ou seriam disparados contra eles ou, se eles atacassem os arsenais, seriam condenados pela opinião pública mundial por causa dos mortos civis. Esta gente não quer saber da população do Líbano, eles usam-na primeiro como escudos e, depois de mortos, como propaganda. Enquanto eles continuarem a existir, não haverá paz nem tranquilidade.”

Carta publicada na edição de 30 de Julho de 2006 do jornal alemão Der Tagesspiegel


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Excelentes textos do roomservice no Estarreja Hotel e do Abel Cunha no Notícias da Aldeia, que subscrevo e apoio de um modo geral, pois a minha opinião sobre a caça é ainda um pouco mais radical (sou totalmente contra e acho que deveria ser proibida):

A Caça

Estou para fazer um post sobre isto há já alguns dias mas entretanto e como concordo com o que ali está escrito encaminho-os para o blog Notícias da Aldeia.
Só gostaria de acrescentar que não consigo compreender porque se criou um projecto de
conservação da natureza (com intenções de o alargar no seu espaço físico), se fazem passeios com as criancinhas a mostrar os passarinhos e depois chega ao tal dia e mata-se tudo o que por ali mexe.
Pelo que sei em anos anteriores não tem sido permitido caçar no percurso Bioria, apesar de por ali andar muitas vezes em dia de caça e ver alguns caçadores e nenhuma fiscalização, não sei como será este ano.

Logicamente que toda a fauna cinegética que por ali vive tem asas, voa e não sabe quais são os limites do tal percurso, logo acho demagógico e ridículo mesmo ao lado já se poder caçar.
Sendo esta zona (baixo Vouga lagunar) de grande importância para muitas espécies como tem sido demonstrado pelo projecto Bioria apoiado pela autarquia de Estarreja, seria de extrema importância acabar com a caça de uma vez por todas e definitivamente assumir-se esta zona como reserva natural.

roomservice

Outra vez a barbárie

Dentro de oito dias, recomeça a barbárie, ou seja, abre a caça. Da pouca ou nenhuma caça que ainda possa existir. Mas, o negócio das licenças, das armas e munições aliado à inconsciência de alguns bárbaros que vêm nos animais abatidos a materialização do seu marialvismo ou a oportunidade de dar livre curso aos seus instintos mais animalescos, assim o determina.

Acredito que seja uma actividade em declínio. As gerações mais novas já têm outra consciência e não se seduzem com este tipo de mortandade. Aqui pela minha aldeia, já houve muita caça. Hoje é um perfeito deserto. Vem gentinha de longe que atira a tudo o que mexe. Não há qualquer respeito por épocas, espécies e nem mesmo pelos habitantes. Até as rolas turcas que se poisam nos fios da minha rua, são abatidas sem piedade, agora que as bravas estão extintas, aniquile-se igualmente as mansas.

Por aqui, a situação é ainda mais caricata, já que a caça se pratica sem regras em plena zona de protecção às aves, ou seja, na zona da bio-ria. As práticas são de todos conhecidas, basta ver aqui, ou aqui, mas, ninguém faz nada.

Um destes governos, arrecadando os dinheiros das licenças, atirou a responsabilidade da gestão da caça para os clubes de caçadores, ou seja, enfiou o ladrão dentro do cofre. Estes tratam de emitir licenças, determinar zonas e por aí se ficam. Não há fiscalização, não há controlo, não há gestão. No caso, ao clube de caçadores e pescadores de Avanca que, ao que se pode observar, não terá meios ou competências para disciplinar a actividade. Eu, pessoalmente, nunca vi qualquer acção de fiscalização. Ainda no fim-de-semana passado ouvi tiros de madrugada na zona lagunar e, um bando de patos que andava ali nas terras de arroz da Poceira, desapareceu.

A caça, enquanto desporto de caçadores que respeitam as regras e as espécies é tão respeitável como qualquer outro e, também aqui, não de deve meter todos os caçadores no mesmo saco. Infelizmente, talvez devido à escassez, caça-se clandestinamente, com técnicas proibidas a qualquer dia ou hora. Entregues à anarquia, esperemos que os Homens se consciencializem e ganhem o respeito que os animais e a natureza nos devem merecer. Certos de que até lá, muitas espécies desaparecerão para sempre.

Abel Cunha

Nota - Em tempos escrevi um post sobre o problema das zonas de caça em Estarreja que levantou várias ondas de indignação (chegaram a circular fotocópias do meu texto de mão em mão!!!). Levei o problema à Assembleia Municipal de Estarreja e encontrei em José Eduardo de Matos um aliado nesta causa. No entanto, tudo continua na mesma e as placas de "zona municipal de caça" continuam absurdamente espalhadas pela zona urbana do concelho. Infelizmente o caso do Bioria é apenas uma consequência grave deste patético estado em que as coisas estão.

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Co Adrianse no Benfica em Dezembro?

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O Ministro (?) da Saúde (?) Correia de Campos deu esta inenarrável entrevista ao JN (copiada e colada a partir do Saúde, SA): (os comentários a preto são meus)

Prestes a ser avô pela terceira vez, o ministro que encerrou maternidades escolheria Badajoz se o neto quisesse nascer em Elvas. E só levou aspirina no estojo de primeiros socorros das férias.
JN - Faço-lhe a mesma pergunta que fiz ao porta-voz da Associação Nacional de Farmácias: se lhe doer a cabeça em férias, entra na primeira loja de medicamentos, seja ou não farmácia?
CC – Não. A primeira coisa é procurar saber qual a razão por que me dói, se tomei alguma coisa que me fez mal, se estou constipado, se há alguma causa externa. A última coisa que faço é tomar medicamentos.
(ou seja, CC fugiu à pergunta, pois sabe que as farmácias vendem os MNSRM muito mais baratos que as novas lojas. E também sabe que ambas os vendem mais caros do que antes da sua chegada ao Ministério da Saúde)
JN – E no seu estojo de primeiros socorros tem paracetamol? (pergunta com água no bico, dadas as recentes notícias sobre algo que já se sabe há décadas - a toma exagerada de paracetamol pode provocar danos hepáticos)
CC – Também tem aspirina … (CC tenta fugir ao tema do paracetamol, curiosamente recorrendo a um medicamento com muito mais efeitos laterais que o primeiro! Se a ignorância pagasse imposto o nome do Ministro da Saúde talvez estivesse numa certa e determinada lista)
JN - Prefere-a?
CC- Estou mais habituado à aspirina. E tem efeitos úteis para outras coisas, como o efeito vasodilatador. (aqui o debate adquire uma interessante complexidade técnica. A ligeira acção vasodilatadora da Aspirina é um dos seus efeitos menos conhecidos. Estaria CC a confundi-lo com o efeito antiagregante plaquetário da toma diária de 100 mg de ácido acetilsalicílico?)
JN – E efeitos nocivos para o estômago …
CC – Tomo-a em meios comprimidos e no meio da refeição. Protegido (risos). (o mesmo cidadão que sabe que a Aspirina é vasodilatadora parece desconhecer que 250 mg a meio da refeição não são uma dose terapêutica para o efeito referido - dores e febre!)
JN – Se estiver a retemperar na sua terra natal e tiver um problema de saúde de noite vai ao Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde mais próximo ou aguenta até à manhã seguinte?
CC – Vou directo à Urgência do Hospital ou a uma urgência qualificada para tal. Nunca vou a um SAP, nem nunca irei !
JN - A nenhum? Porquê?
CC – Porque não têm condições de qualidade Têm um médico e um enfermeiro e conferem uma falsa sensação de segurança. Nenhum deles devia funcionar assim! (nunca se tinha ouvido um Ministro da Saúde falar assim! O mesmo homem que apregoa as virtudes dos Cuidados de Saúde Primários afinal foge deles como o diabo da cruz!)
JN – Está a dizer-nos que a ideia é encerrá-los todos?
CC – Não... não tire daqui nenhuma ideia. Não irei simplesmente porque não têm equipa suficiente, não têm meios de diagnóstico, não têm condições para resolver uma verdadeira urgência.
JN – Passa essa mensagem aos seus pais, que ainda vivem em Viseu?
CC – Os meus pais nunca vão ao SAP. Vão à Urgência do Hospital. É um sitio garantido e seguro.
JN - Tem um terceiro neto a caminho… Se as dores de parto chegarem em Elvas, para onde seguirá a nora?
CC – (Risos) Para Badajoz, obviamente! É mais perto e são serviços de boa qualidade. (tudo azul, exceptuando o facto do miúdo nascer espanhol... em que ponto fica a honra de um país quando manda os seus cidadãos nascer ao estrangeiro?)
JN – Portalegre não?
CC - Se fosse mais perto.
JN - Se for no IP4, entre Mirandela, Macedo e Bragança?
CC - Depende. Se acontecer mais perto de Bragança, vai para lá, se for mais perto de Vila Real, será em Vila Real.
JN – Em Mirandela é que não, apesar de não estar decidido qual a maternidade que se mantém no distrito, se esta, se a de Bragança?
CC – Mirandela é a que tem menos equipa. Está assente que vai fechar no final do ano.
JN- E onde nasce esse neto afinal?
CC – A minha nora é beneficiária dos serviços de saúde dos bancários, é natural que seja numa maternidade convencionada. Mas o meu outro neto nasceu na Maternidade Alfredo da Costa. Quem sabe se este não acaba por nascer lá também!
JN – É Verão, todos os dias nos massacram a cabeça com cancro dapele. Já lhe ocorreu sugerir a comparticipação de protector solar?
CC- O que me ocorre é apoiar as iniciativas de saúde pública de prevenção do melanoma.
JN – Acredita que funcionam?
CC- Acredito. Vê-se cada vez mais gente a sair da praia entre as dez e o meio-dia e a chegar entre as 17 e as 19 horas.
JN – Antes das férias, gostou de ser empurrado do palco dos Media pela sua colega da Educação?
CC – (Risos) Tudo isto tem uma explicação muito simples: a ministra da Educação é uma pessoa altamente capaz e tem vindo a desenvolver uma política de grande qualidade. Este Governo goza de uma grande popularidade e coragem. E as oposições têm sido sistematicamente derrotadas no debate público. Encontraram na ida da ministra ao Parlamento uma fenda para espetar uma adaga. Mas isso não trouxe nada ao país.
JN – Não se sentiu aliviado por deixar de ser o bombo da festa?
CC – (Risos) Não. Não. Fez-me vibrar de solidariedade!
JN – Que medidas surpresa nos preparou para a rentrée enquanto vadiou estes dias por Sintra?
CC - Não há nenhuma surpresa neste Ministério. Tem tudo a ver com três prioridades essenciais. Até ao fim do ano, a prioridade número um é conter o défice. E as prioridades do Plano são a Reforma dos Cuidados Primários com as Unidades de Saúde Familiares e a aposta nos Cuidados Continuados. Para isso, temos que ter SAP encerrados, horas extraordinárias revistas, remunerações acertadas, computadores afinados, enfermeiros e médicos motivados… Temos que ter os hospitais e os Centros de Saúde em ligação directa. E é o que vamos ter em cinco hospitais até ao final do ano.

Ivete Carneiro
JN, 06 Agosto 2006

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O Benfica é claramente o clube mais lento do mundo: demora a vender jogadores, demora a contratar jogadores, demora a despedir o treinador, demora a contratar um treinador novo, joga devagar e ainda por cima agora tem o Rui Costa.

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O comentário do meu amigo Peliteiro a propósito do penúltimo post merece honras de primeira página neste blogue:
Uma vez, há uns anos atrás, a minha irmã foi jantar a casa de uma colega de Faculdade, filha de um grande Industrial. Conversa para cá, conversa para lá e a milionária pergunta:- Então o teu irmão, que é feito?- Está velho, gasto, um caco, um chaço (esta parte a minha irmã não me contou nem vem ao caso, mas enfim...), tem uma Farmácia no Porto.- Uma Farmácia no Porto? Então está rico!!!Devia pensar a criatura que uma Botica, confusa, era uma oficina de alquimia, que uma qualquer Botica deveria ter uma árvore das patacas lá nos fundos, que uma Botica recebia subsídios chorudos como a fábrica do pai ou que não pagava impostos, sei lá.Lendas urbanas. Por causa destas lendas, ampliadas pela ostentação de alguns colegas (coitados, muitos deles a viver do crédito de fornecedores) é que os Políticos sabem que "bater" nas Farmácias dá votos. E "batem". E continuarão a "bater".

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segunda-feira, agosto 07, 2006

Sabem qual é o instrumento mais triste da cozinha? A panela depressão.

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quinta-feira, agosto 03, 2006

Ser farmacêutico

Esta cena passou-se há dois ou três anos: por um motivo qualquer, tive que ir ao Porto tratar já não me lembro de quê. Como cheguei significativamente adiantado, resolvi fazer horas passeando de carro pela zona das praias de Gaia. Estava eu a passar pela Madalena, quando reparei num terreno com cerca de 600 metros quadrados, relativamente bem localizado e com uma placa com a palavra "Vende-se" por cima de um número de telefone. Resolvi ligar para saber o preço. 46 mil contos (sim, contos), sem projecto aprovado, mas com "viabilidade de construção". Pasmado, respondi que não era bem aquilo que eu estava à procura. O meu interlocutor, solícito, referiu que tinha outro terreno para vender perto daquele e ainda duas moradias em fase final de construção, que teria todo o gosto em mostrar-me. Já com um pé atrás, mas sem nada melhor para fazer, aceitei o convite. O outro terreno era ligeiramente maior (650 ou 700 metros quadrados), também não tinha projecto e estava à venda por 52 mil contos. As duas moradias tinham rés-do-chão e primeiro andar, um pequeno jardim, uma garagem que mal dava para um carro e um nível geral de acabamentos médio baixo, pontuados a espaços com graves atentados ao bom gosto. Preços: respectivamente 94 e 97 mil contos! Sentindo-me algures entre o horrorizado e o divertido com a situação, referi com o ar mais convicto e blasé que consegui fazer que estava à procura de outro estilo de arquitectura e acabamentos, pelo que iria continuar a visitar outras casas. Compreeendendo a situação, o empreiteiro que me estava a mostrar as moradias (vestido com um fato branco de fazer inveja ao Roberto Leal, adornado com um belo colar de ouro ao pescoço e ao volante de uma carrinha BMW série 5) fez a habitual conversa de circunstância, perguntando-me qual era a minha área profissional. Quando lhe respondi que era farmacêutico, recebi logo a resposta:
- Farmacêutico? É pá, isso é que dá dinheiro! - disse o homem, com um visível esgar de inveja...

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quarta-feira, agosto 02, 2006

O Gato Fedorento regressou ao activo. E gosto particularmente da colecção de textos que o Ricardo Araújo Pereira escreveu sobre o Abrupto. Quem me dera ter um ódio de estimação tão bem desenvolvido como o do RAP. Aliás, quem me dera ser alvo de um tal ódio. De qualquer modo, cá fica o melhor dos textos publicados até há 1 minuto atrás:

MANIFESTO PRÓ-PACHECO PEREIRA: Amaldiçoado seja o palerma que anda entretido a piratear o Abrupto – ou, se a maleita do blogue é devida a erro informático, maldito seja então esse amontoado defeituoso de zeros e uns. Que arda no Inferno a besta – humana ou cibernética – que ofereceu ao Pacheco Pereira a sua última glória: o martírio. Alguém quer calar o Pacheco Pereira. Porquê? Ninguém sabe. O Pacheco Pereira incomoda. Quem? Ninguém diz. Mas o bravo Pacheco Pereira persistiu, agarrado ao leme do blogue, e depois de tremer três vezes escreveu este post veemente. Veementemente escrito a negrito, para percebermos que o autor vocifera, e sublinhado a amarelo veementemente, para percebermos que o autor investe. Sobre quem? Ninguém percebe. Mas o leitor que não esteja preparado para tanta veemência em tão poucas linhas não deixará de se comover. Trata-se de um pequeno mas lancinante grito de insurreição em que a preposição “desde” (a mais insurrecta das preposições) é protagonista. “Desde o momento em que não sei quê”, principia Pacheco Pereira. Mas “desde o início da tarde que não sei que mais”, prossegue depois. Pelo meio recebeu mensagens de conforto, o que aproveita para agradecer “desde já”. No fim, a promessa que nenhum homem decente conseguirá ler sem que os olhos se lhe encham de água: “podem ter a certeza de que aconteça o que acontecer o Abrupto continuará. Não será por esta via que acabam com ele.” “Acabam”, diz ali. O sujeito permanece indeterminado, mas agora temos um plural. Eles. Ah, perniciosa matilha. Quem serão? Os comunistas, os socialistas, os próprios sociais-democratas? Os jornalistas, os informáticos, os benfiquistas? Os bombeiros, os travestis, os profissionais do sector dos lacticínios? Ninguém arrisca um palpite. E, de facto, que se saiba, o blog prossegue como dantes, de modo que não chegamos a perceber se é a mordaça que é reles e barata ou se é a boca do censurado que de modo nenhum se deixa amordaçar, tão forte é a verdade das suas palavras. Também pouco importa, que o mal está feito. Apetece sair para a rua e escrever nas paredes “Ninguém há-de calar a voz do Pacheco Pereira”. Perder o acesso ao Abrupto seria, para nós, pecadores do século XXI, perder o contacto com a santidade. Porque o Pacheco Pereira é uma espécie de Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, mas de âmbito mais alargado: observa todos os males do Mundo. E, assim como não há toxicodependentes no Observatório Europeu, também não há mal do Mundo que toque, sequer de raspão, em Pacheco Pereira. Há males nos blogues – mas não no de Pacheco Pereira. Há males na política – mas não na que Pacheco Pereira faz. Há males nos jornais – mas não nas páginas em que Pacheco Pereira escreve. Muito santo tem um homem de ser para passar impoluto num mundo tão indecente. E, no entanto, abre-se o blog do Pacheco Pereira e fica-se com o computador a cheirar a éter. O Pacheco Pereira é um desses semideuses de que fala o Álvaro de Campos no “Poema em Linha Recta”. Nunca levou porrada, nunca foi ridículo, nunca fez vergonhas financeiras. O Pacheco Pereira não se espanta, não se aleija, não tropeça, não duvida, não hesita, não ri. O Pacheco Pereira não faz um gesto que não o enobreça, não tem um prazer que não o edifique, não cede a um vício que não seja, vendo bem, uma virtude.O Pacheco Pereira nunca escreve com as mãos sujas.O Pacheco Pereira é um homem carregado de sentido.Eu gostaria de adquirir uma viatura em segunda mão ao Pacheco Pereira.O Pacheco Pereira cheira magnificamente da boca.O Pacheco Pereira nu é belíssimo.O Pacheco Pereira é de tal forma superlativo que já merecia ser elogiado no Abrupto pelo Pacheco Pereira.O Pacheco Pereira publica opiniões de leitores: uns gostam imenso do que o Pacheco Pereira escreve; outros gostam ainda um pouco mais.O Pacheco Pereira propõe discussões que normalmente envolvem a elaboração de listas. E os leitores discutem e elaboram.De manhã, à hora a que a generalidade dos homens está a fazer a barba, o Pacheco Pereira está a pendurar poemas no blogue. E pendura-os com a mesma burocracia nos gestos com que os outros homens fazem a barba. Os homens não fazem comentários à barba e o Pacheco Pereira também não comenta os poemas. Os homens não se emocionam com a cara escanhoada e o Pacheco Pereira também não se emociona com os versos. Deus livre o Pacheco Pereira de ser tomado por uma das emoções humanas. O Pacheco Pereira exibe poemas como aqueles senhores, na rua, exibem os genitais. Abre a gabardina e mostra um soneto. Baixa as calças e revela uma ode.Os poemas são escolhidos pelo Pacheco Pereira, mas há quem diga que podiam ser escolhidos por uma máquina, sem diferenças no resultado final. Sinceramente, duvido. Não creio que a máquina conseguisse escolhê-los tão automaticamente. RAP

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Obtida a partir da Rua da Judiaria, uma crónica que Francisco José Viegas publicou no JN:

Quando se trata de Israel

Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de atacar Israel, a tarefa está facilitada em larga escala. Um contingente de meninas idiotas e genericamente ignorantes, que assina peças de “internacional” nas nossas televisões, não se tem cansado de falar na “agressão israelita” e apenas por pudor, acredito, não tem valorizado os “heróis do Hezbollah". Infelizmente, nem a ignorância paga imposto nem o seu atrevimento costuma ser punido.Isolado desde 1947, quando as Nações Unidas decidiram pela criação de dois estados na região (um israelita, outro árabe) Israel não enfrenta apenas a provocação deliberada ou pontual do Hamas e do Hezbollah. Essa provocação tem sido permanente e é ela a razão de não existir na região um estado palestiniano livre e democrático - não o quiseram, primeiro, os estados árabes da região que invadiram Israel mal a sua independência foi pronunciada; não o quiseram, depois, os estados que tutelaram os actuais territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia; não o quis, depois, todo o conjunto de organizações militares terroristas nascidas à sombra da OLP e da figura tutelar de Yasser Arafat, a quem cabem historicamente responsabilidades directas na falência dessa tentativa de criar um estado palestiniano.Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de atacar Israel, a tarefa não está apenas facilitada - os caminhos abrem-se para o lugar-comum, como se vê pelas declarações, tiradas a papel químico, de Chirac e de Zapatero, esses dois superlativos génios da política externa europeia. Não passou pelas suas cabeças, uma única vez, pedir responsabilidades ao Hezbollah e ao Hamas pelos motivos que levaram a esta reacção de Israel. Para ambos é, pois, normal que um governo do Hamas possa alimentar uma facção militar independente, que actua em guerra permanente com Israel; é também normal que um estado da região, o Líbano, possa albergar campos militares do Hezbollah, abastecidos pela Síria e pelo Irão, e destinados a atacar um estado soberano - que, além do mais, é o único estado democrático da região; e é para eles normal que Síria e Irão, além de abastecerem duas organizações militares terroristas, se regozijem abertamente com o rapto de soldados israelitas.A preocupação destes diplomatas da recessão é, fundamentalmente, com a “reacção de Israel"; em seu entender, a reacção ideal de Israel seria o silêncio total; Israel devia conformar-se com o seu destino e permanecer como o alvo de todo o terrorismo da região, pacientemente alimentado, aliás, pelos europeus que continuam a manifestar “ampla compreensão” pela atitude dos bombistas suicidas e pelos que disparam rockets a partir de Gaza ou do Vale de Bekkah; Israel deveria, pura e simplesmente, acatar.Evidentemente que nenhum desses cavalheiros pensou pedir ao Hamas, partido vencedor nas eleições dos territórios, eventuais responsabilidades na escalada de violência na região. É para eles natural que o governo do Hamas não reconheça o estado de Israel e esteja a alimentar, com toda a clareza, as facções militares que continuam, naquele folclore infantil de danças e gritos pelas ruas de Gaza, a pedir a eliminação de Israel e a vinda de mísseis iranianos para “destruir o estado sionista". Esse folclore imbecil, sim, talvez os devesse preocupar ele é também pago com contribuições da União Europeia e do seu politicamente correcto.”

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Conheci-o através do José Cláudio e não tenho dúvidas: o Perguntar Não Ofende é um dos melhores blogues do momento.

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Há outro blogue com raízes estarrejenses e que parece muito prometer: A Verdadeira História da Família Fonseca Galhão, da autoria da Minerva Daninha e do Lopes Cador.

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Não a conheço, mas já andava há alguns dias para a linkar: Belita, a Rainha dos Couratos é uma estarrejense que escreve sobre coolinária.

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