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segunda-feira, agosto 21, 2006

Vasco Pulido Valente infelizmente carregado de razão no Público:

A derrota de Israel
de Vasco Pulido Valente*

Em Israel, a maioria da população não tem a menor dúvida: 70 por cento acham que o Hezbollah ganhou. O Exército libanês não vale nada e o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, já declarou anteontem que não tenciona desarmar ninguém. De resto, quem pode seriamente confiar a vida a soldados da França (5000), da Itália (2000), da Turquia (1200), da Malásia (1000), da Indonésia (850), da Espanha (700), da Finlândia (200) e do Brunei (200)? É desta força heterogénea, estrangeira, incomandável e simbólica que se espera a neutralização do Hezbollah? Uma força que, de resto, não estará no terreno em menos de um ano? E de que vale uma "zona-tampão" porosa como um passador? No fundo, a ingerência internacional e a UNIFIL só servem para enfraquecer Israel, que a opinião do Ocidente abandonou. Como a Intifada e a anterior ocupação do Líbano, a ofensiva contra o Hezbollah não foi "limpa". Por outras palavras, não foi uma guerra de um exército regular contra outro exército regular. Morreram civis. A artilharia e a aviação arrasaram aldeias, cidades, pontes, portos. De longe, de muito longe, o público iletrado e sentimental da Europa e da América via as vítimas, mas não via os foguetões que o Hezbollah escondera nas ruínas. A "barbaridade" de Israel pareceu incontroversa e os "peritos" resolveram invocar o aberrante argumento da "resposta desproporcionada". "Desproporcionada" a quê? À instalação na fronteira de meios suficientes para paralisar e destruir uma boa parte de Israel? À própria sobrevivência de Israel? Nunca houve resposta. O espectáculo do sofrimento chegava para convencer a boa alma do Ocidente. Bush e Blair, sem apoio doméstico e em plena derrota no Afeganistão e no Iraque, recuaram; e da sombra saiu o sinistro Chirac. A Europa e a América decidiram de repente que a pequena querela entre Israel e o Hezbollah (um assunto local) não interessava particularmente ao futuro do mundo. Apesar do 11 de Setembro e de tudo o que a seguir aconteceu, o Ocidente não consegue levar a sério a ameaça do islamismo, como levou a sério a do comunismo. No fundo, o homem comum não acredita que uma civilização fracassada, miserável e medieval possa prevalecer contra a majestade da Europa e da América. Talvez sim. Mas pode, entretanto, empurrar a Europa e a América para um desastre difícil de imaginar e de reparar. Com a derrota de Israel, esse desastre ficou mais próximo.

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Comments:
A análise enferma de de um pressuposto grave. Não comtempla os 12 soldados portugueses que integrarão a força da ONU e isso faz toda a diferença.
Cpts
 
O principal problema dos governantes israelitas foi ter menorizado o Hezbollah, tal como antes americanos & cia menorizaram a questão iraquiana e afegã.

Os israelitas achavam que bastava largar umas bombas para acabar com o adversário mas enganaram-se.

Das duas uma:

Ou mantinham-se quietos e deixavam o Líbano continuar o seu processo de regeneração, mesmo com o Hezbollah presente...
(ndr - O hezbollah tinha concorrido nas últimas eleições libanesas, sendo o terceiro partido mais votado)

Ou então invadiam por terra o Líbano e expulsavam o Hezbollah de todo o território libanês, arcando depois com as consequências desse acto.

Conclusão: com este péssimo acto de "diplomacia musculada", não ganharam nada e viram o hezbollah sair como "o salvador da pátria libanesa" e até com perspectivas de ganhar umas próximas eleições no Líbano.

Parabéns Israel!
 
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