terça-feira, agosto 29, 2006
Há bloggers que deviam ser algemados depois de escreverem certos textos, para que depois não os pudessem apagar. No entanto, e uma vez que as respectivas mãos poderiam ser necessárias para a produção de novos tratados da literatura blogosférica, talvez o ideal fosse criar uma versão do blogger que não permitisse alterar ou apagar material certos e determinados posts. Estou, naturalmente, a falar do maradona, um indivíduo cuja identidade eu desconheço em absoluto, mas que produz sistematicamente uma parte significativa do melhor material virtual a que tenho tido acesso. Mesmo que, como é o caso, eu discorde das suas ideias. Cá fica o mais recente exemplo do que acabei de escrever (tenho que fazer copy-paste, pois sei que mais cedo ou mais tarde o texto original será apagado):
Do ponto de vista empresarial, de gestão de um negócio, recusar 6 milhões de euros pelo Custódio é o equivalente a alguém chegar ao pé do Belmiro de Azevedo e oferecer-lhe um milhão e duzentos mil contos (às vezes as pessoas esquecem-se que seis milhões de euros são mais de um milhão de contos) pelo jornal Público com a certeza que depois o devolve limpo de dívidas (e sem o João Manuel Fernandes) a custo zero em Dezembro, Janeiro no máximo.
Toda a gente sabe que o jogador Custódio é um jogador útil ao Sporting, e não ao futebol do Sporting. Tem uma cara normal, anda sempre concentrado, a vida dele é unicamente dirigida para a tarefa de não cometer erros, o que o torna, portanto, no “capitão” ideal (assim como um excelente construtor de andaimes), argumento circunstancial também utilizado pelos actuais gestores do Sporting para terem rejeitado uma mala cheia de notas sem terem que dar nada em troca.
Uma pessoa como o Custódio, por definição, não se “adapta” nem a uma escova de dentes diferente, muito menos se adaptaria à Turquia, uma terra de malucos. Mais difícil ainda que o Custódio adaptar-se a Istambul, seria Istambul adaptar-se ao Custódio, dado que, por exemplo, praticamente só os treinadores do Sporting é que se adaptaram a ele. Implorem a qualquer sportinguista para fazer a equipa ideal do actual plantel e só um brainstorming entre 150 pessoas é que permite lembrar-nos da existência de Custódio, ai é verdade, esse gajo. Custódio teve, é verdade, durante o ano passado, uma boa fase, uns golos de cabeça, uma entrevista ou outra bem dada, mas será caso para dizer que só com dificuldade poderíamos passar sem ele? Não creio: Custódio, por definição, não ocupa espaço.
Meus amigos: em Outubro já ninguém do Galatasaray o conseguiria ver à frente, ninguém perceberia a razão daquela boa pessoa andar ali, sempre atrasado em relação a tudo o que acontece, isto para o caso, bastante improvável, de o treinador se lembrar dele nas convocatórias. Em Dezembro Custódio voltaria de novo ao Sporting, emprestado por três anos, motivado para provar que afinal ainda sabe jogar à bola e dar entrevistas, após o que o recuperaríamos a custo zero.
Enroscada à tese “não se vende um capitão”, e como não se podendo justificar a recusa de sesis milhões de euros pela qualidade futebolística do jogador, não poderia faltar o lugar comum mais pernicioso de todos: a estabilidade. A estabilidade não é um valor em si; muito mais que uma causa ou uma condição para o que se deseja, a estabilidade é o resultado do facto de estarmos a fazer as coisas bem. O primeiro campeonato do Sporting depois da longa seca foi conseguido depois de termos despedido um treinador, contratado outro, comprado 3 jogadores e mudado metade da equipa, tudo em Dezembro.
A industria aeronáutica é a industria aeronáutica: a Boeing fez milhares de disparates e a Airbus parecia inatacável ainda aqui há dois anos, e os analistas diziam maravilhas dos processos da Airbus e horrores da Boeing. Agora assiste-se ao contrário: a Boeing é o supra sumo da essência do sublime e a Airbus tem aquela direcção multi-cabeças e por causa disso, segundo os actuais analistas, a derrocada era inevitável e previsivel a milhas.
Século e tal depois de Darwin, ainda estamos com dificuldade em assimilar a proporção exacta do acaso e do contexto nos resultados para os quais tentamos arranjar explicações.
O futebol é o futebol, meus amigos e inimigos, e é muito mais complexo do que qualquer fórmula ou ideia feita. A única certeza que o Sporting tem é que precisa de dinheiro e que o Custódio vale menos de seis milhões de euros. Em qualquer lado, aplicando qualquer teoria de gestã, o Custódio teria que ter sido convencido a ir destruir a sua carreira para a Turquia.
Eram 5 milhões para o passivo e 1 milhão a comprar miúdos promissores por essas terras a fora de Portugal. Custa-me ter que explicar isto.
PS - Nunca é demais reafirmar a minha discórdia em relação a este texto. Em regra, sou contra a venda de jogadores do Sporting. Sim, mesmo do Deivid. E o Custódio é aquele jogador que faz falta em todas as equipas (não, não me esqueci do passe para o Zé Manel do Boavista): caceteiro q.b., perfeitamente irrelevante para o resultado final, suficientemente pouco atractivo para merecer a cobiça alheia - é de jogadores como este que se faz o cimento que une os tijolos que constituem as grandes equipas (vêem o Manchester sem o Roy Keane? E o Real Madrid sem o Hierro? E o Barcelona quando saiu o Guardiola?). É verdade que o Custódio não vale nem metade dos 6 milhões de euros. Mas é um mal necessário para se ser campeão, o que aliás se vai ver ao longo desta época.
Do ponto de vista empresarial, de gestão de um negócio, recusar 6 milhões de euros pelo Custódio é o equivalente a alguém chegar ao pé do Belmiro de Azevedo e oferecer-lhe um milhão e duzentos mil contos (às vezes as pessoas esquecem-se que seis milhões de euros são mais de um milhão de contos) pelo jornal Público com a certeza que depois o devolve limpo de dívidas (e sem o João Manuel Fernandes) a custo zero em Dezembro, Janeiro no máximo.
Toda a gente sabe que o jogador Custódio é um jogador útil ao Sporting, e não ao futebol do Sporting. Tem uma cara normal, anda sempre concentrado, a vida dele é unicamente dirigida para a tarefa de não cometer erros, o que o torna, portanto, no “capitão” ideal (assim como um excelente construtor de andaimes), argumento circunstancial também utilizado pelos actuais gestores do Sporting para terem rejeitado uma mala cheia de notas sem terem que dar nada em troca.
Uma pessoa como o Custódio, por definição, não se “adapta” nem a uma escova de dentes diferente, muito menos se adaptaria à Turquia, uma terra de malucos. Mais difícil ainda que o Custódio adaptar-se a Istambul, seria Istambul adaptar-se ao Custódio, dado que, por exemplo, praticamente só os treinadores do Sporting é que se adaptaram a ele. Implorem a qualquer sportinguista para fazer a equipa ideal do actual plantel e só um brainstorming entre 150 pessoas é que permite lembrar-nos da existência de Custódio, ai é verdade, esse gajo. Custódio teve, é verdade, durante o ano passado, uma boa fase, uns golos de cabeça, uma entrevista ou outra bem dada, mas será caso para dizer que só com dificuldade poderíamos passar sem ele? Não creio: Custódio, por definição, não ocupa espaço.
Meus amigos: em Outubro já ninguém do Galatasaray o conseguiria ver à frente, ninguém perceberia a razão daquela boa pessoa andar ali, sempre atrasado em relação a tudo o que acontece, isto para o caso, bastante improvável, de o treinador se lembrar dele nas convocatórias. Em Dezembro Custódio voltaria de novo ao Sporting, emprestado por três anos, motivado para provar que afinal ainda sabe jogar à bola e dar entrevistas, após o que o recuperaríamos a custo zero.
Enroscada à tese “não se vende um capitão”, e como não se podendo justificar a recusa de sesis milhões de euros pela qualidade futebolística do jogador, não poderia faltar o lugar comum mais pernicioso de todos: a estabilidade. A estabilidade não é um valor em si; muito mais que uma causa ou uma condição para o que se deseja, a estabilidade é o resultado do facto de estarmos a fazer as coisas bem. O primeiro campeonato do Sporting depois da longa seca foi conseguido depois de termos despedido um treinador, contratado outro, comprado 3 jogadores e mudado metade da equipa, tudo em Dezembro.
A industria aeronáutica é a industria aeronáutica: a Boeing fez milhares de disparates e a Airbus parecia inatacável ainda aqui há dois anos, e os analistas diziam maravilhas dos processos da Airbus e horrores da Boeing. Agora assiste-se ao contrário: a Boeing é o supra sumo da essência do sublime e a Airbus tem aquela direcção multi-cabeças e por causa disso, segundo os actuais analistas, a derrocada era inevitável e previsivel a milhas.
Século e tal depois de Darwin, ainda estamos com dificuldade em assimilar a proporção exacta do acaso e do contexto nos resultados para os quais tentamos arranjar explicações.
O futebol é o futebol, meus amigos e inimigos, e é muito mais complexo do que qualquer fórmula ou ideia feita. A única certeza que o Sporting tem é que precisa de dinheiro e que o Custódio vale menos de seis milhões de euros. Em qualquer lado, aplicando qualquer teoria de gestã, o Custódio teria que ter sido convencido a ir destruir a sua carreira para a Turquia.
Eram 5 milhões para o passivo e 1 milhão a comprar miúdos promissores por essas terras a fora de Portugal. Custa-me ter que explicar isto.
PS - Nunca é demais reafirmar a minha discórdia em relação a este texto. Em regra, sou contra a venda de jogadores do Sporting. Sim, mesmo do Deivid. E o Custódio é aquele jogador que faz falta em todas as equipas (não, não me esqueci do passe para o Zé Manel do Boavista): caceteiro q.b., perfeitamente irrelevante para o resultado final, suficientemente pouco atractivo para merecer a cobiça alheia - é de jogadores como este que se faz o cimento que une os tijolos que constituem as grandes equipas (vêem o Manchester sem o Roy Keane? E o Real Madrid sem o Hierro? E o Barcelona quando saiu o Guardiola?). É verdade que o Custódio não vale nem metade dos 6 milhões de euros. Mas é um mal necessário para se ser campeão, o que aliás se vai ver ao longo desta época.
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