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segunda-feira, janeiro 19, 2004

Esta semana tem sido fértil em acontecimentos "comentáveis" pelo Estarreja Efervescente. Começo por saudar o comentário do José Cláudio Vital ao meu post anterior. É sempre agradável saber que há pessoas intelectualmente tão evoluídas como o nosso vereador da cultura a visitar esta página. Em relação ao conteúdo do comentário do JCV, tenho que admitir que não sou propriamente um conhecedor profundo de Tolkien, mas resta-me concluir que o culpado da minha opinião negativa sobre o Mr. Frodo é provavelmente o realizador Peter Jackson, que acabou por fazer um filme em que ao mesmo tempo que identifica um herói sofredor, dá simultaneamente igual (ou até maior!) destaque aos méritos compensatórios da personagem secundária, o que faz com que esta inevitavelmente se sobreponha... se calhar o Oscar vai ter que ser novamente entregue a outra pessoa, pois também é da incapacidade de converter argumentos em filmes que se faz um realizador...

Um dos factos notáveis da semana que passou foi o anúncio vitorioso da manutenção do funcionamento dos apeadeiros de Salreu e Canelas, o que aliás veio de encontro ao que o Sr. Presidente da Câmara já havia anunciado à Assembleia Municipal. Embora esta seja obviamente uma boa notícia em relação a uma luta a que eu também dediquei algumas intervenções (na RVR, na AM e neste blogue), a verdade é que na ressaca destes acontecimentos surgem inevitavelmente algumas questões:
- É evidente que o mérito desta vitória vai quase todo para uma pessoa: o Sr. António Simões Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Canelas, o principal rosto da contestação a esta atitude arbitrária da REFER. Recordo que numa fase em que o próprio Dr. José Eduardo de Matos já revelava sinais de resignação à situação, o Sr. Simões Pinto, juntamente com vários outros canelenses, teve a dignidade e a coragem de enfrentar publicamente (numa Assembleia Municipal) o Presidente da Câmara, exigindo-lhe que tomasse medidas e defendesse efectivamente os munícipes de Estarreja. Foi uma AM interessante essa, em que também interveio (a partir do público) um ex-Presidente da Junta de Canelas, o Sr. Alcides Fonseca Rego, que também fazia parte das listas da coligação PSD/CDS;
- Este tipo de lutas faz tristemente recordar as batalhas que os nossos governantes e deputados europeus travam actualmente na UE: hoje em dia luta-se para se perder o mínimo possível e não para se conquistarem novos benefícios para o nosso país (ou município), dos quais já todos praticamente abdicámos. Por exemplo, alguém se lembrou de tentar melhorar as condições ferroviárias do nosso concelho, aumentando a qualidade das estações e apeadeiros e o número de ligações disponíveis?
- Por outro lado, é inevitável pensarmos, mais uma vez, na autêntica praga em que se estão a tornar algumas das nossas principais empresas públicas ou semi-públicas: EDP, REFER, ERSUC, SIMRIA são apenas alguns exemplos de entidades não-eleitas que se tornam arrogantes e na prática acabam por assumir e desempenhar autênticas posições de chefia na condução dos destinos das populações, devorando importantes partes dos orçamentos municipais quase sem ninguém notar...

A última nota deste já longo post vai para aquela que eu considero ser, até agora, a atitude mais imoral de um governo português desde os orçamentos limianos de António Guterres: estou a falar do anúncio do aumento absurdo, injusto, disparatado e ofensivo dos ordenados dos gestores dos Hospitais SA no mesmo dia em que se propunha, pelo segundo ano consecutivo (!!!!), um aumento zero para os funcionários públicos com ordenados superiores a 1000 €! Os Hospitais SA são uma experiência de gestão sobre a qual existem muitíssimas dúvidas, em relação à qual apenas parece ser consensual a certeza de que se piorou claramente a qualidade dos serviços prestados e o facto de que estes hospitais têm funcionado como uma autêntica agência de emprego (pelos vistos, de luxo) para todos aqueles que são militantes (ou primos, amigos, cunhados, namorados, etc. destes) de um dos partidos que actualmente está no poder. Desde gerentes bancários a empresários, engenheiros ou recém-licenciados dos mais incríveis cursos, todos parecem ter lugar num conselho de administração de um hospital qualquer, desde que tenham alguma ligação a alguém importante no PSD ou PP. E o mais ridículo de tudo é que ainda não se provou rigorosamente nada sobre a competência de toda esta trupe, nem ainda não há estudos que sirvam para verificar se houve ou não qualquer tipo de poupança com estas medidas. Neste momento, os únicos dados concretos que existem em relação a estas experiências SA são apenas a fortíssima contestação social interna dentro de cada organização e a queda a pique da qualidade dos serviços prestados pelo serviço nacional de saúde (escrevi propositadamente com letra minúscula). E o que fazer perante um cenário destes? Nada como triplicar o ordenado aos responsáveis por esta hecatombe! Será possível encontrar um motivo mais forte para demitir o Ministro da Saúde? E já agora, onde é que anda a oposição, que se cala perante tudo isto? A tentar abafar mais notícias de pedofilia?



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