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segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Começo a semana de volta ao tema do IC1: Depois de ter lido os posts que o José Matos dedicou a esta matéria (aqui, aqui e aqui), penso que é importante recordar o que é que verdadeiramente está aqui em causa:
- O IC1 começou por ser visto como uma oportunidade de desenvolvimento para o nosso concelho e para as empresas do futuro Parque Industrial de Estarreja - ainda antes de se falar no seu traçado, era clara a esperança de que esta via pudesse tornar mais fáceis as comunicações com Aveiro e o Porto, para além de permitir finalmente aliviar algum do trânsito da EN109;
- Os motivos que levaram à rejeição da "Proposta Nascente" tinham a ver principalmente com o facto desta não ter nenhum valor acrescentado em relação à A1 em termos de melhoria das ligações a Aveiro e Porto, para além de não servir de alternativa à 109. Ou seja, com esta proposta, Estarreja seria um mero ponto de passagem para o IC1 e os estarrejenses e aqueles que connosco se relacionassem seriam obrigados a continuar a usar a EN109;
Foi neste momento que começaram as manifestações públicas de desagrado. Não porque os estarrejenses fossem um grupo de obcecados com um determinado ponto cardeal, mas principalmente porque as legítimas esperanças que esta oportunidade de desenvolvimento havia levantado estavam prestes a ser levianamente descartadas.
Ou seja, a partir deste momento todas as forças políticas defenderam publicamente a necessidade de garantir esses dois factores essenciais: a alternativa à EN109 (que é uma permanente ameaça à vida dos estarrejenses - a este propósito recordo uma AM para a qual o Eng. Aníbal Teixeira levou uma lista de 14 avancanenses que haviam perdido a vida em acidentes nessa estrada) e a perspectiva de não ficar à margem do eixo de desenvolvimento que o IC1 inevitavelmente criaria.
A partir daqui, todos conecemos as histórias dos avanços e recuos do actual executivo camarário, que depois de anunciar com pompa e circunstância a solução definitiva, vem dizer que afinal ainda se está a estudar a melhor hipótese.
No momento em que estamos, é óbvio que não será possível encontrar uma solução que verdadeiramente satisfaça dos nossos interesses. Os mesmos governantes que em Estarreja anunciaram um traçado a poente promoveram o mesmo traçado a nascente no concelho de Ovar. E as duas coisas não são conciliáveis. Por muito que isso nos custe, temos que constatar que no jogo de forças de bastidores foi Ovar quem ganhou. Por isso, resta-nos tentar minimizar o mal que já foi feito e exigir responsabilidades e contrapartidas aos autores desta "facada nas costas". O José Matos tem razão quando diz que a não construção a poente é uma enorme decepção para o PSD de Estarreja. E também tem razão quando diz que é o governo central quem decide. Só lhe falta uma coisa para estarmos de acordo: é que em política quem não cumpre o que promete deve sofrer as consequências dos seus actos. E o PSD de Estarreja não deve ter medo de exigir responsabilidades ao governo, mesmo que este seja do seu partido...
No entanto, ressalvo que, de facto, não há ainda uma decisão definitiva sobre esta matéria... mas que há vários sinais bastante óbvios, lá isso, há.
Para terminar: reconheço que tenho tido uma postura de velho do restelo em relação à problemática do IC1... no entanto, apetece-me recordar aqui um provérbio húngaro que há alguns meses serviu de título a uma crónica de António Lobo Antunes: "todo o bocadinho acrescenta, disse o rato... e fez chichi no mar".

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