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terça-feira, fevereiro 10, 2004

A Esperança



Contrariando a maioria das expectativas iniciais, John Kerry é o mais que provável candidato democrata à presidência dos EUA. Basta ouvir Kerry durante alguns minutos para perceber que ele é um candidato fortíssimo à vitória nas presidenciais de Novembro: o discurso moderado e racional e a forma inteligente como tem enfrentado os debates e entrevistas televisivas não deixam dúvidas. Num eventual debate frente a frente com George W. Bush, é fácil de prever que Kerry não terá qualquer problema em arrasar politicamente o desempenho do actual presidente dos EUA, para além de não ter a imagem de radical de Howard Dean, o ar tecnocrático e elitista de Al Gore (também conhecido como "Al Bore") ou a fragilidade política de Wesley Clark. Kerry é o candidato ideal e a grande esperança não só para os EUA, como para o mundo. Para além de tudo isto, tem ainda a vantagem de estar casado com uma portuguesa, o que poderá vir a ser uma excelente oportunidade de influência para o nosso país e para a comunidade portuguesa nos EUA. Visitem o site de John Kerry em www.johnkerry.com.

A Preocupação



Preocupante, é o mínimo que se pode dizer da pré-candidatura à liderança do PS que Jorge Coelho lançou este fim de semana.
Para além da enormíssima falta de lealdade para com o actual líder que este anúncio representou, estamos perante um acontecimento que pode colocar em causa a própria credibilidade do PS enquanto partido de governo em Portugal.
De facto, Jorge Coelho é de longe a pior de todas as hipóteses para liderar o PS e na minha opinião é o grande responsável pelo fracasso que foi a governação Guterres.
Coelho foi um mau ministro em todas as pastas que ocupou e tem responsabilidades directas em quase todos os grandes erros do anterior governo. Aliás, a própria forma como Coelho abandonou o governo é disso um bom exemplo: quando se discutia publicamente o mais que duvidoso negócio da TAP com a Swissair e o governo atravessava uma fase de grande decadência, Jorge Coelho aproveitou o desastre da ponte de Entre os Rios para saltar fora, fugindo deste modo ao afundamento da própria governação, num acto de chico-espertice política sem par em Portugal. É que, das duas uma: ou Jorge Coelho não tinha quaisquer responsabilidades sobre a queda da ponte (e nesse caso não se deveria ter demitido) ou, se as tinha, então a demissão não chegava, pois ser responsável (mesmo que indirectamente) pela morte de 60 pessoas é crime e nesse caso, obviamente que a demissão não seria suficiente para o ilibar... Enfim, a onda de choque que a tragédia provocou na altura serviu de fumo branco para que ninguém avaliasse devidamente a estratégia de Coelho.
Para além destes factos, não nos devemos esquecer de que Coelho sempre foi apontado como sendo, por excelência, o "homem do aparelho" no PS, o que em termos práticos é o mesmo que dizer que era ele quem distribuia os tachos e geria os compadrios que estiveram na base da queda do governo, à qual ele conseguiu misteriosamente escapar incólume.
Por ser um mestre na arte de reunir apoios de militantes e até da propria imprensa, infelizmente tenho que reconhecer que Jorge Coelho será líder do PS quando quiser, o que é um perigo não só para o partido, mas também para a política portuguesa em geral.


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