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segunda-feira, março 15, 2004

Aznar foi provavelmente o primeiro-ministro que mais fez progredir a Espanha em toda a sua história democrática. Obteve resultados fantásticos em termos económicos e colocou a Espanha no mapa da Europa e até do mundo, com uma importância que há séculos que não se verificava. Depois de fazer tudo isto, tinha preparado a mais digna das saídas: sem se recandidatar, iria deixar (por vontade própria) ao seu sucessor um partido no governo do país, talvez até com maioria absoluta. Tudo isto era verdade até 4ª feira passada. Contudo, quatro dias foram suficientes para estragar tudo: à semelhança do que já se verificara no caso do Prestige, Aznar provou ser um péssimo gestor de crises, com uma forte tendência autoritária, secretista e manipuladora do aparelho de estado, o que em democracia é inaceitável. E foi isso que aconteceu nos últimos dias. A forma desastrosa como se tentou manipular a informação sobre os atentados teve os custos inevitáveis que se adivinhavam. E, apesar dos 8 anos anteriores de extraordinário desempenho governamental (tomara a nós termos cá em Portugal um governo assim...), há que reconhecer que o PP teve o que mereceu.
No entanto, há aqui um problema novo: se Zapatero, tal como tudo o indica, cumprir o que prometeu e retirar as tropas espanholas do Iraque, estará precisamente a fazer o jogo dos terroristas, que vêm que com atentados se conseguem mudar governos e políticas externas de países democráticos. E se os atentados resultaram em Espanha, também poderão resultar noutros locais...
Com isto não estou a aderir à teoria do "castigo" da al-Qaeda a Espanha pelo seu apoio aos EUA e Inglaterra: na minha opinião Bin Laden ataca onde e quando quer que seja, sem precisar sequer de motivo. Veja-se os casos de Bali (a Indonésia até é um país muçulmano que não apoiou a guerra), do ataque a Sérgio Vieira de Melo (que até era contra a guerra...) ou dos atentados na Arábia Saudita, Marrocos e Turquia (todos países árabes...). . Por outro lado, ainda não houve mais nenhum atentado nos EUA ou em Inglaterra.
Ou seja, a solução para combater o terrorismo não passa pelo encolhimento cobarde com medo de irritar Bin Laden, pois este não precisa que o irritem para colocar bombas onde lhe apetecer, mas sim por uma acção determinada e forte da comunidade internacional, sobretudo contra os financiadores destes bárbaros.
Não é aceitável que se branqueiem organizações terroristas (a ETA saiu limpa desta história toda - o partido nacionalista basco até teve uma das suas maiores votações de sempre!), pois não existem terroristas bons e com causas justas (como diz Mário Soares em relação aos palestinianos) e terroristas maus (al-Qaeda, IRA, ETA), nem povos que podem sofrer (alguém reparou que ontem morreram mais 20 israelitas noutro atentado?) e povos cuja dor vale mais que a dos outros (é mais fácil ouvir falar de 500 mortos na Libéria do que de 200 mortos em Madrid)...

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