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quinta-feira, maio 06, 2004

Embora não tenha muito que escrever neste momento, parece-me chegada a hora de fazer aquilo que em linguagem de Assembleia Municipal se chama um "ponto de ordem à mesa":
- Os últimos dias do Estarreja Efervescente têm sido marcados pelas intervenções de visitantes que têm mantido uma por vezes agressiva discussão sobre alguns dos temas quentes da nossa política local. Embora uma boa polemicazinha seja sempre boa para animar o debate político local, parece-me que há assuntos bem mais importantes e merecedores de discussão apropriada... que tal deixar as questões pessoais de parte e centrar as atenções nos verdadeiros assuntos que importam?
- Saúdo a visita de dois comentadores murtoseiros a este blogue: o Manel Marinhão e o Jonas deixaram um link para o Santa Terrinha, um blogue interessante, que para já está muito bem construído e com uma qualidade (foto)gráfica assinalável - visita obrigatória;
- Nestes dias têm acontecido vários factos altamente comentáveis, mas que a falta de tempo me impediu de referir. Vou tentar abordá-los a conta-gotas durante a próxima semana;
- Este texto do José Matos é sem dúvida polémico e faz-me recordar uma discussão a que a determinada altura assisti em Coimbra a propósito de uma missa celebrada em memória de António de Oliveira Salazar. Primeiro, é preciso contextualizar o tema: estávamos num Conselho de Repúblicas (um órgão que reúne representantes das Repúblicas que se reconhecem reciprocamente como tal em Coimbra e que tem um esquema de funcionamento e uma orientação ideológica muito próximas dos piores tempos do estalinismo) e existia a proposta de se fazer uma manifestação que de alguma forma impedisse a realização da missa. Os argumentos a favor da intervenção diziam que uma homenagem a uma personalidade que perseguiu, oprimiu e torturou tanta gente não merecia outra coisa. Os que estavam contra argumentavam que a principal grandeza da democracia era precisamente o facto desta ser um sistema capaz de tolerar a existência dos seus inimigos, pelo que a negação deste princípio era uma espécie de morte ideológica da democracia, que dessa forma se estaria a negar a si própria. Os primeiros respondiam que do mesmo modo como eram proibidos os partidos com ideologias fascistas e nazis, também este tipo de homenagens tinha que ser combatido. Alguns (entre os quais eu, embora só tenha participado no debate interno da República em que eu morava) diziam que este argumento também deveria ser válido em relação aos partidos de extrema-esquerda, pois estas ideologias também foram causa de um enorme sofrimento em todo o mundo... Como o parlamento soviético (e por "coincidência", também o CR) só tomava decisões por unanimidade e estas reuniões eram acompanhadas de todo o tipo de "estimulantes do pensamento", após as habituais 7 ou 8 horas de discussão nada se decidiu e no dia da tal missa apenas apareceram meia dúzia de gatos pingados aos gritos, que mesmo assim constituiram material suficiente para entreter a imprensa local... Mas lá que este é um tema interessante, lá isso é, não vos parece?

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