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segunda-feira, agosto 30, 2004

O governo Santana-Portas teve este fim de semana a sua estreia no populismo puro, duro e ridículo. Depois de na sexta-feira se ter anunciado que o primeiro-ministro estava a acompanhar a situação do barco do aborto pessoalmente, coordenando uma "task-force" que também integrava quatro (!!!!!!) ministros e alguns secretários de estado, no sábado foi anunciado o absurdo: o barco fora proibido de entrar em Portugal, pois existia o perigo deste violar a lei portuguesa anti-aborto e também o risco para a saúde pública devido ao facto de supostamente se encontrarem a bordo alguns medicamentos proibidos em Portugal. Mais ridículo que ter um primeiro-ministro e quatro ministros a perderem tempo com estas coisas (mas será que esta gente não tem mais nada que fazer?) é a forma mentirosa e intelectualmente desonesta como Portas e Santana tentaram justificar esta medida arrogante e que viola todos os acordos internacionais:- Por um lado, o barco nunca fez nenhuma intervenção em águas territoriais dos países por onde tem passado, mas apenas em águas internacionais, o que deita por terra o primeiro pretexto;- Para além disso, a legislação vigente em águas internacionais é a do país de origem do barco, que neste caso não são as Ilhas Caimão ou qualquer outro paraíso fiscal obscuro: o barco é holandês e a Holanda pertence à UE, tal como Portugal. Ou seja, em termos legislativos, o barco do aborto mais não faz que transportar as pessoas até à Holanda, um país em que a legislação nesta matéria é muitíssimo mais evoluída que a portuguesa. Mais ridículo ainda: este tipo de leis também existem em países como por exemplo Espanha ou Inglaterra!!! Ou seja, foi preciso 1 primeiro-ministro, 4 ministros, não sei quantos secretários de estado e não se sabe que meios militares serem mobilizados para impedir aquilo que na prática é o mesmo que dar uma boleia de autocarro até Espanha a um grupo de mulheres portuguesas!!! Nunca a hipocrisia tinha ido tão longe! Quem tem dinheiro vai a Espanha, Inglaterra, Holanda ou a outro país qualquer. Quem não tem dinheiro, que vá a Espanha a pé, porque ao barco Portas e Santana não deixam ir!!! Para esta medida ter alguma coerência ou sequência lógica, então Santana e Portas deveriam proibir também as viagens terrestres ou aéreas para a Holanda, Espanha ou Inglaterra! Ou será que ir fazer um aborto por via terrestre ou aérea não é tão grave como ir fazê-lo por via marítima?- O argumento dos medicamentos proibidos é também inacreditável: foi feita alguma investigação ao barco? Esses medicamentos fazem parte de alguma lista de substâncias proibidas em Portugal? Cá em Portugal não existem há vários anos e à venda nas farmácias medicamentos que podem ser utilizados para induzir abortos?Ou seja, mais uma vez o governo cobriu-se de ridículo... E se compararmos esta absurda mobilização de meios com o desleixo que houve no caso do Prestige, então as coisas tornam-se ainda mais revoltantes!
É verdade: o governo português mobilizou dois barcos de guerra para impedir o Women on Waves de entrar em águas nacionais!!!! Ao ponto que a palhaçada Santanística pode chegar!!! E está o nosso país entregue a esta gente...! É nestes momentos que apetece perguntar quem é que se lembrou de eleger Santana e Portas para o governo... é que desta vez ninguém pode culpar o povo português!

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