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terça-feira, agosto 31, 2004

Um amigo que por razões profissionais está neste momento a viver nos EUA enviou-me este texto, que penso que terá saído no Público. De qualquer modo, aqui fica, juntamente com a perplexidade que causa o estranho facto de John Kerry ainda não ter garantida uma vitória esmagadora:

Mais 1,3 Milhões de Pobres nos Estados Unidos em2003
Por PEDRO RIBEIRO, Nova Iorque
Sexta-feira, 27 de Agosto de 2004

O Gabinete do Censo dos EUA divulgou que em 2003 havia 35,8 milhões de americanos abaixo do nívelde pobreza - um aumento de 12 por cento em relação a 2002. A percentagem de americanos sem acesso ao sistema de saúde aumentou também, em 15 por cento. Estes números foram divulgados ontem, e são embaraçosos para o Presidente George W. Bush, nas vésperas do início da convenção do PartidoRepublicano em Nova Iorque. A economia americana não está a ajudar a recandidatura de Bush à CasaBranca: as estatísticas de desemprego e os preços dos combustíveis também são problemáticos para oPresidente. Os dados do Censo mostram que 12,5 por cento da população dos EUA vive abaixo do limiar depobreza; este número inclui 12,9 milhões decrianças. Foi o terceiro ano consecutivo em que este número subiu - ou seja, desde que Bush chegouà Casa Branca, todos os anos há mais americanos pobres. 2003 foi também foi o terceiro ano consecutivo em que o número de americanos sem um seguro de saúde aumentou; como não há um sistema de saúde público a nível nacional nos EUA, não ter um seguro pode significar grandes dificuldades no acesso acuidados médicos. O censo traz ainda mais más notícias: o rendimento médio das famílias americanas manteve-se ao mesmo nível entre 2002 e 2003 (uma média de 43,3 mil dólares, perto de 36 mil euros). Mas entre famílias hispânicas, o rendimento médio caiu 2,6 por cento - um dado particularmente desagradável para Bush que está a fazer um esforço para apelar ao voto dos "latinos". A economia dos EUA saiu oficialmente da recessão iniciada em 2000 - o PIB americano deverá crescer 3,8 por cento este ano, uma taxa muito elevada para um país industrializado. Mas os benefícios macroeconómicos estão a demorar a traduzir-se num aumento da prosperidade geral. O desemprego em particular preocupa os americanos- a retoma do mercado laboral tem sido muito lenta e abaixo das previsões da Casa Branca. Ao mesmo tempo, os preços altos do petróleo criam o risco de inflação e dão aos cidadãos um índice claro dos problemas económicos: preços-recorde nas bombas de gasolina. O "USA Today" publicou no final de 2003 um inquérito junto de 47 economistas, perguntando-lhes se a economia iria ajudar Bush nas eleições de Novembro; nessa altura, todos disseram que sim. O jornal voltou a fazer a pergunta ao mesmo painel esta semana; desta vez, a maioria dos interrogados disse que não. Mas irá a economia ser o factor decisivo?
Não é a economia, estúpido
É parte do senso comum nos meios políticos americanos que o estado da economia é o tema mais importante numa eleição presidencial. Este ano, contudo, as campanhas de Bush e Kerry estão a dedicar mais atenção a temas de política externa e segurança. Vários estudos mostram que os temas que mais preocupam a maioria dos americanos são a guerra no Iraque ou o terrorismo. A economia continua a ser importante, mas pode não ser crucial. Uma sondagem ontem divulgada pelo diário "LosAngeles Times" confirma esta ideia: apesar de a economia não estar a recuperar ao ritmo esperado, as intenções de voto em Bush subiram. O actual Presidente aparece com 49 por cento dos votos, John Kerry com 46 por cento. É a primeira vez que o republicano está à frente do democrata~numa sondagem do "L. A. Times". No entanto, a diferença está na margem de erro. Como acontece em virtualmente todas as sondagens nos últimos seis meses, Bush e Kerry continuam numa situação de"empate técnico". Parece garantido que as presidenciais se irão decidir por muitos poucos votos. Mesmo que a economia não seja este ano a maior preocupação dos americanos, poderá ser um factor determinante -sobretudo junto dos eleitores indecisos, que tendem a ser menos "ideológicos" que o resto do eleitorado, e a "votar com a carteira". Daí que Bush esteja a preparar novas iniciativas na área económica; espera-se que o Presidente revele um plano de reforma fiscal durante a convenção. Os republicanos estão a tentar combater a impressão de que a economia piorou com Bush na presidência. Gregory Mankiw, conselheiro económico da CasaBranca, escreveu um artigo de opinião no "New YorkTimes", esta semana, intitulado "A economia americana está forte e a tornar-se ainda mais forte". As estatísticas divulgadas ontem pelo Censo tornam essa ideia mais difícil de defender. O "timing" da divulgação dos dados do censo é controverso. Os republicanos queixaram-se da proximidade com a convenção do seu partido; os democratas notaram que o Censo costuma divulgar estas estatísticas no fim de Setembro, mais perto da data das eleições, mas este ano antecipou a sua publicação.

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