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quinta-feira, agosto 19, 2004

Vai e Não Voltes

São comentários como este do José Carlos Sá que estão na origem de comportamentos tão vergonhosos como o que a nossa (?) selecção (?) olímpica (?) de futebol (?) teve ontem. De facto, em Portugal, tolera-se tudo aos futebolistas. E um homem com um "h" tão pequeno como Luís Figo consegue passar por símbolo de uma nação. Da minha não, obrigado.
Mas vamos aos factos concretos: Figo disse ontem, por outras palavras o seguinte: "se a selecção se qualificar para o Mundial 2006 eu talvez, se me apetecer na altura, me digne a dar uma ajudinha. Entretanto, arranjem alguém para jogar contra a Arménia ou a Macedónia, pois para mim isso dá-me seca. É que já andam a ver se correm comigo do Real Madrid e se eu não me ponho a pau qualquer dia começo a ver a vidinha a andar para trás...". E não houve ninguém que não percebesse isso. De facto, este é apenas o corolário lógico de uma carreira recheada de incoerências, egoismos, mentiras e traições: quando ainda era júnior, Figo assinou simultâneamente pelo Sporting e pelo Benfica. Quando passou a sénior, assinou ao mesmo tempo pelo Parma e pela Juventus, o que lhe valeu ser banido do campeonato italiano por duas épocas. Por causa deste acontecimento, acabou por ir para o Barcelona, praticamente sem dar qualquer valor a ganhar ao clube em que se fez jogador (o Sporting) pois recusou-se a renovar contrato. Desta forma, ganhou um pouco mais para si e poupou algumas centenas de milhares de contos ao Barcelona. Em Barcelona, traiu a confiança do clube, da cidade e do povo que o haviam acolhido como a um filho (até lhe deram a braçadeira de capitão) e trocou o Barça pelo arqui-inimigo Real Madrid, por mais um punhado de pesetas. Pelo meio, e sempre conforme as conveniências e as audiências de cada momento, lá foi anunciando que gostaria de acabar a carreira no Sporting, no Japão, no futebol inglês ou no italiano! Na selecção portuguesa, que é o que está neste momento em causa, o seu papel foi sempre o de principal influenciador e condicionador dos diversos seleccionadores. Ficou célebre o "grupo de Vilamoura" por si liderado, cujos jogadores teriam que ser todos titulares, e também as frases, ambas ditas antes do Euro 2004, em que Figo dizia que "se é para perder prestígio, não vou à selecção" ou "por mim Deco não seria convocado", esta última na véspera do jogo inaugural com a Grécia. Também ninguém se esqueceu da forma como Figo saiu do campo contra a Inglaterra, amuando com o seleccionador e criando um incidente quando o momento deveria ser de esforço conjunto na luta pela recuperação do resultado. Por tudo isto, Figo não merece sequer metade do que dele se diz. Aliás, estou convencido que o país futebolístico não toleraria sequer metade destas baixezas a um futebolista de qualidade inferior. O que significa que nos estamos a prostituir moralmente em troca das qualidades futebolísticas de um mercenário do desporto. E por isso, digo frontalmente: Já vais tarde, Figo! Vai e não voltes!

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