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terça-feira, dezembro 14, 2004

Finalmente teve início a previsível separação entre o PSD e o PP (escrevo isto antes de se saber se há ou não coligação pré-eleitoral). No entanto, ao contrário do que seria provável, este afastamento acontece contra a vontade do PSD e por desejo do PP. De facto, Santana conseguiu o que aparentemente seria impossível: pôr o PSD de cócoras atrás de Portas. Pior ainda... depois de rastejar atrás de Portas, ainda levou uma nega! É que se o aparelho do PSD não tem outra alternativa que não seguir Santana, já para Portas as perspectivas são diferentes: nunca o seu eleitorado-alvo esteve tão disponível para ser conquistado. Nas próximas eleições dificilmente se repetirá o fenómeno do voto útil no PSD e a consistência do PP versus as loucuras e incompetências da deriva santanista certamente sairão caras aos laranjas. É em momentos como estes que os partidos correm os maiores riscos: embora o PSD seja um partido profundamente enraizado na sociedade portuguesa, a verdade é que de um modo geral, na maioria dos países europeus, as principais batalhas políticas fazem-se entre os equivalentes ao PS e ao PP portugueses. É claramente nisso que Portas aposta: depois de falhada a fusão PSD-PP (da qual resultaria um partido à direita do actual PSD e não muito diferente do PP), Portas está neste momento a lançar a rede ao eleitorado PSD tradicional, que nunca teve tão poucos motivos para votar no seu partido. Ao permitirem que isto aconteça (deixando Santana ir a votos), as elites intelectuais do PSD estão a correr provavelmente o maior risco desde a fundação do seu partido - uma forte votação no PP, com um bom desempenho deste enquanto líder prático da oposição, seguida por um período de provável guerrilha interna no PSD é tudo o que Portas mais pode desejar. E, diga-se de passagem, já esteve bastante mais longe de acontecer...

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