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sexta-feira, dezembro 17, 2004

Tal como já por diversas vezes aqui escrevi, a discussão bloguística tem uma grande vertente de imprevisibilidade. Textos que me parecem muito bons são por vezes completamente ignorados pelos leitores e posts pelos quais eu não dava nada acabam por ser os que provocam maiores polémicas. É o caso do post anterior, cuja secção de comentários tem sido palco de acesa discussão, na qual têm sido referidos vários aspectos que me parecem dignos de nota:
- Por um lado, a recorrente discussão entre fazer as coisas de uma forma mais cara e menos pensada, embora mais rápida e com resultados imediatamente disponíveis: eu sou contra os que defendem as soluções imediatistas em detrimento das planeadas. Pela simples razão de que considero que mesmo as decisões instantâneas devem obedecer a um planeamento estratégico global e também porque quando as coisas são feitas de uma forma metódica, organizada, pensada e bem planeada estas decisões tomam-se muito rapidamente. Ou pelo menos tão depressa como as decisões esporádicas e episódicas que não estão inseridas em qualquer estratégia global para uma organização. Ou seja, não defendo a burocracia - apenas sou contra a má gestão (muitas vezes disfarçada de "gestão mais eficiente e prática") baseada no sortilégio de decisões pontuais. Esta questão surgiu a propósito da concessão por ajuste directo da recolha de lixos à ERSUC. No entanto, não é legítimo que o Dr. José Eduardo faça neste caso a figura de decisor político que privilegia os resultados rápidos em detrimento de longos processos burocráticos, pela simples razão de que esta questão já tinha sido decidida no mandato anterior e foi atrasada pelo actual executivo durante vários meses... ou seja, acabámos por demorar o mesmo tempo a ter a recolha de lixos no activo - a única diferença foi que em vez da CME estar a pagar o preço resultante dum concurso público, está a pagar os custos dum ajuste directo...
- A questão do respeito pelo meio ambiente vs. progresso é outro dos temas que acaba por surgir sempre como consequência do primeiro - a falta de planeamento faz com que os problemas ambientais surjam sempre como empecilho inesperado nas obras que isoladamente se projectam. E quando, em cima do joelho, se tentam resolver estes problemas facilmente se cai em becos sem saída. Ou melhor, em becos cuja saída é, literalmente, a corta-mato... tal como aconteceu no caso das árvores entre Estarreja e Salreu!
- Por último, foi também abordado o papel da oposição nesta situação. Tenho que reconhecer que há alguma razão entre os que dizem que uma oposição eficaz teria antecipado este problema. De facto, depois das árvores cortadas já não há nada a fazer... No entanto, as coisas nem sempre são assim tão fáceis: ao contrário dos que ocupam órgãos de poder, a oposição não é profissionalizada (e muito bem... não estou a defender que o seja!!!) e portanto não tem disponibilidade de tempo para passar a pente fino todas as decisões da Câmara. Ou seja, é natural que a oposição concentre as suas energias nas questões mais importantes em termos estratégicos para o desenvolvimento do concelho ou nos casos em que é mais provável que surjam asneiras. E, sejamos justos, quando se anunciou a intenção de se construir a rotunda do hospital, não era previsível que se caísse no disparate de cortar 7 (ou mais?) árvores... a CME calou-se em relação a este assunto e só depois das moto-serras actuarem é que se pronunciou, apresentando esta como uma solução natural para este problema. Portanto, "mea culpa" da minha parte, embora sinceramente não me pareça que as coisas pudessem ser feitas de forma diferente... De qualquer modo, os protestos à posteriori terão pelo menos o efeito dissuasor de fazer com que o executivo camarário pense duas vezes antes de voltar a fazer outra destas!

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