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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Durante o Académica-Porto de sábado assisti pela primeira vez ao vivo a um episódio de hooliganismo no seu estado mais puro, que não sei se as televisões transmitiram adequadamente. Poucos minutos antes do fim da primeira parte e sem que nada o fizesse prever, os elementos da claque dos Super Dragões começaram a abandonar a bancada em que se encontravam, atrás de uma das balizas (curiosamente a baliza para a qual o FCP iria atacar na segunda parte...). Após esta estranha movimentação, e já durante o intervalo, alguns destes elementos provocaram um pequeno incidente numa zona oposta do estádio, que atraiu a esse local uma parte significativa dos seguranças presentes. No momento em que a segurança do estádio se preocupava com o que mais tarde se veio a perceber ser uma mera manobra de diversão, a claque dos SD invadiu em bloco e em corrida a bancada central, onde se encontravam os sócios (eu incluído) e os elementos da Mancha Negra, a claque da Académica. As forças de segurança privada (os "stewards") acorreram imediatamente ao local e conseguiram suster a cavalgada daquele grupo de arruaceiros, que só recuaram quando a polícia de choque entrou em cena e distribuiu algumas (infelizmente muito poucas) bastonadas.
Já frequento estádios de futebol desde os meus seis ou sete anos e nunca tinha visto nada assim. Foi impressionante o carácter frio, metódico e organizado da iniciativa dos SD, que não estavam a responder a qualquer provocação, nem a reagir a qualquer momento mais emotivo do jogo. Tudo foi deliberado e adequadamente preparado. Ao invadirem a bancada central, os elementos dos SD iam arrancando cadeiras do estádio e distribuindo murros e pontapés por todos os espectadores que lá estavam instalados. No lugar imediatamente à minha frente estava um pacato adepto do FCP que foi agredido gratuitamente por um dos animais do grupo, simplesmente porque teve o azar de estar sossegadamente sentado no lugar errado da bancada, pelo qual havia pago 25 euros...
Perante esta cena, algumas reflexões:
- Em primeiro lugar, a qualidade da segurança nos estádios: a maioria dos adeptos da bancada dos sócios da Académica apercebeu-se e estranhou as movimentações prévias dos SD. Será que para os profissionais da segurança isso não deveria ter sido motivo de alerta imediato?
- Por outro lado, foi impressionante a facilidade com que uma claque que teoricamente estava confinada a uma bancada conseguiu galgar barreiras e atravessar o estádio, destruindo tudo pelo caminho e agredindo todos os que encontrava pela frente;
- Foi revoltante a falta de consequências deste acto: entre agressões e crimes de destruição de propriedade pública (o estádio de Coimbra é municipal), foram várias as infracções cometidas publicamente por um grupo bem identificado de pessoas. Será que alguém foi preso? Será que algum deles foi filmado e vai ser impedido de entrar em estádios de futebol? Será que algum deles vai indemnizar a Câmara de Coimbra pelos estragos provocados no estádio ou algum dos agredidos pelas ofensas corporais?
- A polícia nem sequer evacuou a bancada de onde vieram os agressores, tendo optado apenas por aumentar a vigilância...
Os elementos das claques comportam-se como inimputáveis, da mesma forma que clubes, dirigentes e jogadores se movimentam acima das leis. E o pior de tudo é que toda a gente parece achar isto muito normal: ainda não vi qualquer resumo de imagens do Académica-Porto de sábado, mas pelo que me contaram estes acontecimentos nem sequer foram notícia!

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