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segunda-feira, março 28, 2005

O poder da imprensa é impressionante. Os media portugueses decidiram (e muito bem) que Santana Lopes era um mau primeiro-ministro e deveria ser substituído. Fizeram uma campanha inteligente e atingiram o objectivo a que se propunham. Seguiu-se Sócrates, que em ano de eleições autárquicas e referendos começou o mandato a anunciar medidas populistas e populares.
A imprensa e a oposição concederam-lhe o famigerado e tantas vezes reclamado estado de graça, uns porque consideram que o novo PM é melhor que Santana e se sentem de responsáveis pela sua eleição e outros porque estão demasiado desorganizados para dizerem o que quer que seja (PSD e CDS) ou então estão presos às tentativas de acordo com o PS em dossiers-chave (aborto e código de trabalho, BE e CDU).
Sócrates foi directa e publicamente acusado de negócios pouco claros no Freeport de Alcochete e de pagamento de favores eleitorais a Freitas do Amaral e Belmiro de Azevedo. A imprensa ignorou as acusações (que nem sequer foram desmentidas!) e ao segundo dia já não se falava no assunto. Aliás, para Sócrates o simples facto de andar calado já é motivo para elogios ("a inteligente forma como gere a informação"). Quantos primeiros-ministros tiveram direito a um estado de graça desta amplitude?
Não confundamos as coisas: o "estado de graça" que os políticos reclamam (e merecem) é um período durante o qual a sociedade lhes dá o benefício da dúvida e evita a tentação de criticar imediatamente quem está a dar os primeiros passos na governação. O que é muito diferente do actual clima de subserviência (e em alguns casos servilismo) ao governo.
Ou seja, a nulidade da alternativa não deve ser suficiente para se idolatrar alguém. Para se ser o que Sócrates é hoje deveria ser preciso merecê-lo.

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