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quinta-feira, maio 12, 2005

Bem sei que tenho sido mais um leitor do que propriamente o autor deste blogue. Mas cá fica mais uma tentativa de regresso à actividade...

O ex-Ministro Nobre Guedes aprovou o abate de dois mil e tal sobreiros num terreno onde o grupo BES anda há anos a tentar construir um empreendimento turístico. Para lá do óbvio choque que a notícia provoca, deixo mais algumas observações:
- Para um governo que se armava em lutador heróico contra os "interesses da banca", este caso não deixa de ser irónico...
- Tudo começou quando (estava Cavaco no governo) a Companhia das Lezírias (uma empresa pública) vendeu a referida propriedade, a preços de terrenos agrícolas (!!!), a uma empresa constituída a meias pela CL e pelo grupo BES;
- A sociedade assim criada aumentou de capital e a CL não acompanhou esse aumento... meses mais tarde a CL vendeu a sua quota porque "era minoritária e os objectivos da sociedade tinham-se alterado"....
- O primeiro pedido de abate de sobreiros falava em mais de 4000 árvores. O último ministro da agricultura de Cavaco aprovou-o à última hora e o primeiro ministro da agricultura de Guterres recusou-o pouco depois. E mais umas centenas de sobreiros foram à vida...
- O folhetim repetiu-se e o pedido já só referia 2600 sobreiros... quando o actual ministro da agricultura voltou a parar o processo já mais algumas centenas estavam a fazer madeira... vamos a ver se no próximo pedido chega aos 2000...
Nesta novela o que mais espanta acaba por ser a impunidade de tudo isto. Quem paga pelos mais de 1500 sobreiros que já foram cortados? Será que algum governante já tentou obrigar o grupo BES a voltar a plantar os sobreiros que cortou? Quem autorizou os negócios com a Companhia das Lezírias? Alguém terá coragem de vedar definitivamente aquele local à construção de um projecto como o do grupo BES?
Por outro lado, a lata. Como é que tiveram coragem de aprovar uma medida destas quatro dias antes das eleições? Mesmo que tudo isto fosse muito normal e não houvesse problema nenhum, o bom senso manda que um governo de gestão não aprove projectos destes. Nem que seja para evitar que as coisas pareçam o que parecem.

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