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sexta-feira, junho 17, 2005

Eu não li o estudo em questão e a forma como os diferentes jornais e rádios se referem ao mesmo é completamente incoerente (por exemplo, ontem a TSF passou o dia todo a dar a mesma notícia sempre de forma diferente...).
No entanto, o título da notícia do Expresso ("infarmed acusa médicos e farmacêuticos") é completamente falacioso e não corresponde ao que está escrito no corpo da notícia. Todos os que trabalham nesta área sabem perfeitamente que a utilização ou não de genéricos depende exclusivamente do médico e dos doentes e que não há qualquer forma de, a partir da simples análise do receituário, saber se o farmacêutico sugeriu ou não a hipótese de dispensa de genérico ao doente em questão. E todos sabem também que quer a Ordem dos Farmacêuticos, quer a ANF há muitos anos que lutam pela implementação do mercado de genéricos. Aliás, mesmo na perspectiva exclusivamente comercial, a utilização de genéricos é muito mais favorável às farmácias que a de medicamentos de marca (pois os genéricos são mais baratos para o público e mais rentáveis em termos comerciais e de gestão de stocks). Ou seja, nenhum farmacêutico no seu perfeito juízo apoiaria a utilização de medicamentos de marca em detrimento dos genéricos. Todos sabem também que os únicos beneficiários do uso de medicamentos de marca são os grandes laboratórios da indústria farmacêutica. E todos sabem também que os genéricos são medicamentos cuja bioequivalência ao correspondente de marca foi demonstrada e certificada pelo infarmed. E todos sabem que as maiores fábricas de medicamentos da Europa são unidades que produzem genéricos e que nos países com sistemas de saúde mais avançados (como por exemplo os países nórdicos) os genéricos têm uma quota de mercado que chega a ser cinco vezes superior à observada em Portugal.
Apesar de tudo isto, saem estas notícias, com a conveniente intervenção do Bastonário da Ordem dos Médicos, a apelar aberta e impunemente ao desrespeito da lei!!! A forma como o povo português é obrigado a financiar a indústria farmacêutica é perfeitamente ignóbil e conta com um apoio institucional transversal a toda a sociedade. Se calhar eu é que estou errado e as pessoas estão genuinamente interessadas em continuar a dar para esta causa. Se assim for, já cá não está quem falou.

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