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quarta-feira, agosto 24, 2005

Há certos argumentos que me deixam doido. Um anónimo escreveu isto na secção de comentários ao post anterior:

O ministro da saúde que não é minimamente racional anunciou ontem (vi na TV) que a criação de um novo centro hospitalar em Lisboa (resultado da ligação entre 3 hospitais) vai gerar uma poupança de... 500 mil euros anuais (100 mil contitos). O que mais me incomoda nesta gente é tratarem-nos como se fossemos parvos.
Anonymous 08.23.05 - 6:00 pm #

Para além da evidente desonestidade intelectual (e fuga para o lado...) que é falar de poupanças com a fusão de hospitais quando se estava a discutir o problema da acessibilidade ao medicamento, a ordem de grandeza deste valor é, também ela, ridícula, por várias razões:
- Portugal já está acima da média europeia na percentagem do Orçamento Geral do Estado dedicada à saúde (mais de 6,5%). Se a este valor acrescentarmos as prestações extraordinárias que todos os anos são necessárias para tapar os buracos orçamentais (que aconteceram em todos os governos desde Cavaco Silva (inclusivé)...), 100 mil contos por ano são uma gota no oceano;
- Não conheço as medidas em questão, mas o argumento dos 100 mil contos anuais só é válido à posteriori... até lá estamos no belo e resplandescente campo das boas intenções;
- Voltando ao tema do medicamento, já em 2002 (antes da generalização dos genéricos...) o Observatório Português dos Sistemas de Saúde calculava que se em Portugal se adoptassem perfis de prescrição de quinolonas semelhantes aos verificados no Reino Unido, isso permitiria poupar entre 4,3 e 4,7 milhões de contos por ano, só nesta classe de antibióticos!
Ou seja, existem problemas graves na área do medicamento em Portugal e com um impacto financeiro muito superior aos tais "100 mil contos por ano". As medidas tomadas até agora pelo actual governo ainda não abordaram sequer marginalmente este tipo de problemas. Afinal quem é que está a tentar fazer passar alguém por parvo?

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