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segunda-feira, agosto 22, 2005

Voltando ao tema das ausências nas listas candidatas às próximas autárquicas...

... penso que é indiscutível (embora não seja surpreendente) que a principal baixa nas listas da coligação PSD/CDS é a de Carlos Tavares. O actual cargo que o ainda presidente da AM de Estarreja ocupa no gabinete de Durão Barroso em Bruxelas acaba por servir de desculpa perfeita e natural para esta saída de cena. No entanto, estou sinceramente convencido que Carlos Tavares não ficaria nas listas mesmo que ainda estivesse em Portugal, por várias razões:
- Em primeiro lugar, Carlos Tavares (CT) não é nem nunca foi um político subordinado ao PSD local. Aliás, antes pelo contrário: CT sempre teve uma agenda política própria e uma posição quase paternalista (e até autoritária) em relação ao aparelho laranja. A sua presença ou ausência das listas sempre dependeram única e exclusivamente da sua própria vontade. Carlos Tavares diz, o PSD obedece;
- Desde o período de campanha eleitoral de 2001 que se percebeu que CT vinha para este mandato com um objectivo político preciso e que foi atingido plenamente: influenciar e condicionar a decisão da Câmara de Estarreja em relação ao destino a dar ao Parque Industrial. Atingido o objectivo (recordo que a actual solução, que critiquei fortemente em vários textos deste blogue, artigos de jornal, crónicas de rádio e também na própria AM, foi totalmente decidida, definida e coordenada por CT), esgotam-se as razões imediatas para uma eventual continuidade;
- A forma como CT se sobrepõe ao PSD de Estarreja mina a autoridade das estruturas locais do partido. José Eduardo de Matos, Abílio Silveira, Valdemar Ramos e outros que tais estarão certamente bastante aliviados com a partida do ex-ministro da economia. Ou seja, seria completamente impensável a existência de uma "vaga de fundo" de militantes que pedissem a CT para ficar;
- Carlos Tavares não é homem para passar demasiado tempo no mesmo cargo político. Provou-o na primeira vez que presidiu à AM de Estarreja e a própria forma como exerceu o cargo de ministro da Economia fazia prever que depois de cumpridos os objectivos iniciais, CT tomaria outro rumo (o que aliás, embora por vias travessas, acabou por acontecer).
De qualquer modo, e embora esteja intimamente ligado ao maior erro da Assembleia Municipal de Estarreja do actual mandato (estou obviamente a falar da oferta do parque industrial à API a troco de nada...), a verdade é que Carlos Tavares vai deixar saudades. O seu ascendente intelectual sobre os outros deputados e até a própria comunicação social local, embora irritante, era de certa forma delicioso. E obviamente que na generalidade dos outros assuntos o seu contributo foi bastante positivo. E devo confessar que aprendi bastante com ele. Sinceramente, até tenho pena que lhe tenha calhado a ele a fava do parque industrial... teria sido muito melhor uma encenaçãozita de modo a que a ideia parecesse vir de José Eduardo de Matos. No entanto, a falta de peso político do ainda presidente da câmara de Estarreja poderia pôr em risco esta operação. E assim o melhor (isto é, o pior) foi mesmo fazer avançar Carlos Tavares...

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