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sexta-feira, setembro 23, 2005

Este post do José Matos acaba por ser profundamente revelador, pois à medida que os assuntos vão sendo dissecados torna-se mais fácil identificar os mecanismos de raciocínio subjacentes à argumentação oficial do PSD de Estarreja. Mas passemos à análise:
- O primeiro aspecto que salta à vista de quem lê o texto é o raciocínio do tipo "eu consigo o dinheiro, eu uso-o e beneficio da fama (e proveito) associados". Ou seja, para o José Matos as obras devem ser programadas não sob a perspectiva do desenvolvimento concelhio a longo prazo, mas em função da duração dos mandatos autárquicos. Se uma obra não vai terminar no meu mandato, é melhor não a fazer, não vá a oposição ficar com os louros. Ora, basta olhar para os números do investimento autárquico (publicados pelo próprio José Matos) para perceber que a lógica do PS enquanto esteve no poder foi precisamente a contrária e que se tivesse existido o tipo de calculismo inerente ao texto do José Matos certamente que teria sido muito mais fácil investir em rotundas e iluminação de igrejas que em obras de longo prazo, muito mais importantes, mas com uma visibilidade menor;
- Por outro lado, a hora de chegada dos financiamentos não tem a ver necessariamente com o momento em que estes são atribuídos (e com isto cai o argumento das transferências de capital...);
- As referências ao mandato de Maria de Lurdes Breu são legítimas. De facto, a verdadeira comparação entre os três mandatos (dois PS e um PSD/CDS) deveria ser feita tendo em conta apenas os financiamentos conseguidos por cada um deles, obviamente a preços de 2005 (em função dos preços publicados para cada tipo de serviços) e aplicando as respectivas taxas de desconto. A CME, que tem tempo para fazer boletins municipais elaborados (embora quase sempre com os mesmos temas...) dispõe da informação e do pessoal técnico qualificado para o fazer. Seria naturalmente um exercício bastante interessante e com bastante mais utilidade que as fantasiosas apresentações power-point com que todos os anos somos brindados na discussão do orçamento e conta de gerência...
- Não sendo possível o referido na alínea anterior, penso que seria também interessante conhecer a mesma lista de valores referida pelo José Matos depois de se subtrairem os valores correspondentes a obras como o cinema, a biblioteca, a praça do município, o quartel dos bombeiros, a unidade de saúde de Salreu ou o saneamento municipal, para já não falar na unidade de saúde de Pardilhó (contratada com o governo no tempo do PS) ou os valores que passam pelas contas da CME a caminho dos cofres da Simria (neste momento, como por várias vezes o Eng. Esmeraldo alertou na AM, a CME actua na prática como cobradora da Simria);
- A questão das despesas correntes é também interessante: que tal uma comparação dos valores executados ao longo dos anos?
O José Matos escolheu mal o tema para atacar o PS, porque foi tocar precisamente na área em que os partidos da coligação menos têm para dizer (a não ser, talvez, "obrigado").
Há uma cena num dos filmes do Rambo que lembra um pouco esta atitude do José Matos (e da própria coligação): Sylvester Stallone e um amigo estão sozinhos contra um exército de centenas de homens armados até aos dentes. Quando o amigo em pânico pergunta a John Rambo o que é que eles hão-de fazer, um irónico e auto-confiante Rambo responde da melhor forma: "vamos cercá-los!".
Foi mais ou menos isto que a coligação tentou fazer... cercados por todos os lados de obras financiadas à custa do trabalho de outros e tendo apenas por companhia as rotundas, as igrejas iluminadas e o porco no espeto, os homens do PSD/CDS tentaram o impensável: atacar o PS à custa de uma suposta dúvida entre quem fez mais pelo concelho.
Não havendo Rambos pelo meio, sucedeu o óbvio...

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