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quarta-feira, novembro 30, 2005

Ministério do Pica-pau Amarelo

Tal como a Emilinha, a boneca de trapos que encantou uma geração de espectadores (a preto e branco...) do Sítio do Pica-pau Amarelo, há em Portugal um Ministro que apenas tem que fechar os olhos, concentrar-se, dizer as mágicas palavras "faz de conta que..." e as coisas acontecem, parecendo naturais e óbvias.
O referido Ministro (chamemos-lhe CC, por exemplo...) disse:
- Faz de conta que eu sou um Ministro corajoso (pelo menos é assim que a opinião pública me vê) que apenas quer enfrentar lobbies (nunca hei-de escrever "lóbis") poderosos (vamos fazer de conta que a Sonae é uma pequena empresa de Matosinhos) e toma todas as suas decisões com base em estudos científicos credíveis;
- Faz de conta que a Autoridade da Concorrência (AdC) vai fazer um estudo independente sobre a questão da liberalização da propriedade da farmácia (oops... o Abel Mateus não devia ter anunciado em Abril as conclusões do estudo que nem sequer tinha ainda começado... se o PM fosse o Santana já estávamos tramados com esta trapalhada);
- Faz de conta que a AdC é uma entidade credível e que não é, por exemplo, laxista na questão da cartelização dos preços das gasolineiras;
- Faz de conta que eu vou aguardar pelo resultado do estudo que encomendei para tomar a decisão e que esta não é apenas um acto político decidido à partida e na sequência do meu problema hepático;
- Faz de conta que o DN da semana passada não publicou uma notícia encomendada por nós para preparar o terreno para o fim do estudo do Abel, quer dizer da AdC;
- Faz de conta que os resultados do estudo da AdC só foram conhecidos ontem;
- Faz de conta que esta decisão passou a ser da responsabilidade da AdC e faz de conta que, apesar de todo o show-off, não há uma parte de mim (o meu irritante lado académico) que não se sente bem com esta manipulação grosseira da opinião pública e dos media;
- Faz de conta que esta é uma boa ideia;
- Faz de conta que a previsível diminuição do número de intervenientes no mercado não vai fazer com que aconteça o mesmo que já aconteceu com os combustíveis e os medicamentos não sujeitos a receita médica (cujo preço disparou com a liberalização);
- Faz de conta que este é o principal problema do sistema de saúde português;
- Faz de conta que eu não tenho mais nada que fazer.

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