terça-feira, novembro 08, 2005
O terceiro vereador e o posicionamento político da CME
Não sou dos que discordam da inclusão de um terceiro vereador a tempo inteiro, pelas razões que passo a explicar:
- Em primeiro lugar, porque seria mais fácil ao Presidente da CME contratar mais um assessor para desempenhar as funções que pelos vistos são consideradas necessárias (ou encontrar qualquer outra figura legal para o mesmo efeito);
- Um vereador a tempo inteiro tem a vantagem de ser alguém que foi a votos (e por isso tem maior legitimidade política que um assessor) e tem um maior nível de responsabilização directa e formal sobre os seus actos. Por uma questão de clarificação e responsabilização directa, a solução do vereador parece-me bastante mais límpida.
José Eduardo de Matos está de facto a ter um início de segundo mandato verdadeiramente surpreendente, e pela positiva. A forma esmagadora como derrotou o PS nas últimas eleições pelos vistos não fez o actual Presidente da Câmara perder a lucidez e embriagar-se nos resultados: JEM percebeu perfeitamente que o anterior modelo de gestão estava esgotado e que, agora que as obras e projectos herdados de 2001 estão a terminar, o seu executivo terá que ter uma "pedalada" completamente diferente para poder sobreviver. Deste modo, percebem-se as últimas movimentações políticas:
- A criação de um pelouro dedicado ao desenvolvimento económico faz todo o sentido no actual momento nacional e concelhio, sobretudo depois do fracasso que foi a gestão política do Parque Eco-Empresarial e do enorme erro que consistiu na oferta (a troco de nada!!!) do parque (em que a CME tanto dinheiro gastou...) à API (que agora vai ser gerida por Basílio Horta, um político de carreira que deste modo vai ocupar um cargo que deveria ser exercido por um economista experiente...). Ou seja, JEM já percebeu perfeitamente que o desenvolvimento económico de Estarreja depende apenas da CME, que terá que lutar também contra a API para atingir os seus objectivos. Deste modo, é correcta a concentração de esforços nesta área, até porque uma CME organizada certamente não terá qualquer dificuldade em anular a inépcia da API (embora seja lamentável que se tenha voluntariamente adquirido este obstáculo);
- O fracasso de propostas emblemáticas como o IC1 ou a Escola Básica na parte sul do concelho fazem com que JEM tenha sentido a necessidade de lançar propostas novas e que ofusquem as anteriores: o complexo de piscinas anunciado (sobre o qual escreverei um post próprio um dia destes) é uma medida preocupante e que serve apenas para tapar os buracos das falhas mais visíveis do mandato anterior. De qualquer modo, percebe-se perfeitamente a lógica política do lançamento desta obra;
- A inclusão do terceiro vereador é uma tentativa de dinamizar a acção camarária: com ou sem obras herdadas, JEM percebeu perfeitamente que a falta de dinamismo do último mandato seria absolutamente insustentável - a CME não pode continuar a ser uma mera estrutura organizadora de festas, que vive para a sua própria reorganização;
- As saídas de José Cláudio Vital e Armando Correia de cargos executivos terão duas explicações diferentes: no caso de JCV (cujo trabalho, embora minado pelos anticorpos de JEM, foi globalmente positivo) percebe-se que se tratou de uma afirmação de poder de JEM contra o protagonismo crescente do ex-vereador (o que não é necessariamente criticável - afinal, quem manda é o Presidente...), enquanto que em relação a AC tratou-se claramente do reconhecimento do falhanço de uma colaboração da qual se esperava mais (os presidentes das juntas continuavam a bater mais à porta do gabinete de JEM que do vereador das freguesias...);
- A inclusão de dois novos vereadores sem experiência política obedece a dois tipos de lógica: por um lado, a afirmação da liderança do Presidente da CME, que deixa de ter competição enquanto protagonista visível da actividade camarária e por outro lado, o recurso a pessoas com ligações pré-estabelecidas em importantes sectores da sociedade é uma ideia inteligente e que garante à CME um melhor acompanhamento das necessidades da população. JEM espera desta forma conseguir gerir por antecipação eventuais insatisfações que, partindo de sectores específicos, poderiam alastrar a toda a sociedade.
Ou seja, JEM continua a jogar duro e é um osso bastante duro de roer para as oposições. Será necessário rever todos os processos e re-inventar a forma de fazer oposição em Estarreja, pois a máquina camarária continua extremamente afinada, organizada e a jogar por antecipação.
Não sou dos que discordam da inclusão de um terceiro vereador a tempo inteiro, pelas razões que passo a explicar:
- Em primeiro lugar, porque seria mais fácil ao Presidente da CME contratar mais um assessor para desempenhar as funções que pelos vistos são consideradas necessárias (ou encontrar qualquer outra figura legal para o mesmo efeito);
- Um vereador a tempo inteiro tem a vantagem de ser alguém que foi a votos (e por isso tem maior legitimidade política que um assessor) e tem um maior nível de responsabilização directa e formal sobre os seus actos. Por uma questão de clarificação e responsabilização directa, a solução do vereador parece-me bastante mais límpida.
José Eduardo de Matos está de facto a ter um início de segundo mandato verdadeiramente surpreendente, e pela positiva. A forma esmagadora como derrotou o PS nas últimas eleições pelos vistos não fez o actual Presidente da Câmara perder a lucidez e embriagar-se nos resultados: JEM percebeu perfeitamente que o anterior modelo de gestão estava esgotado e que, agora que as obras e projectos herdados de 2001 estão a terminar, o seu executivo terá que ter uma "pedalada" completamente diferente para poder sobreviver. Deste modo, percebem-se as últimas movimentações políticas:
- A criação de um pelouro dedicado ao desenvolvimento económico faz todo o sentido no actual momento nacional e concelhio, sobretudo depois do fracasso que foi a gestão política do Parque Eco-Empresarial e do enorme erro que consistiu na oferta (a troco de nada!!!) do parque (em que a CME tanto dinheiro gastou...) à API (que agora vai ser gerida por Basílio Horta, um político de carreira que deste modo vai ocupar um cargo que deveria ser exercido por um economista experiente...). Ou seja, JEM já percebeu perfeitamente que o desenvolvimento económico de Estarreja depende apenas da CME, que terá que lutar também contra a API para atingir os seus objectivos. Deste modo, é correcta a concentração de esforços nesta área, até porque uma CME organizada certamente não terá qualquer dificuldade em anular a inépcia da API (embora seja lamentável que se tenha voluntariamente adquirido este obstáculo);
- O fracasso de propostas emblemáticas como o IC1 ou a Escola Básica na parte sul do concelho fazem com que JEM tenha sentido a necessidade de lançar propostas novas e que ofusquem as anteriores: o complexo de piscinas anunciado (sobre o qual escreverei um post próprio um dia destes) é uma medida preocupante e que serve apenas para tapar os buracos das falhas mais visíveis do mandato anterior. De qualquer modo, percebe-se perfeitamente a lógica política do lançamento desta obra;
- A inclusão do terceiro vereador é uma tentativa de dinamizar a acção camarária: com ou sem obras herdadas, JEM percebeu perfeitamente que a falta de dinamismo do último mandato seria absolutamente insustentável - a CME não pode continuar a ser uma mera estrutura organizadora de festas, que vive para a sua própria reorganização;
- As saídas de José Cláudio Vital e Armando Correia de cargos executivos terão duas explicações diferentes: no caso de JCV (cujo trabalho, embora minado pelos anticorpos de JEM, foi globalmente positivo) percebe-se que se tratou de uma afirmação de poder de JEM contra o protagonismo crescente do ex-vereador (o que não é necessariamente criticável - afinal, quem manda é o Presidente...), enquanto que em relação a AC tratou-se claramente do reconhecimento do falhanço de uma colaboração da qual se esperava mais (os presidentes das juntas continuavam a bater mais à porta do gabinete de JEM que do vereador das freguesias...);
- A inclusão de dois novos vereadores sem experiência política obedece a dois tipos de lógica: por um lado, a afirmação da liderança do Presidente da CME, que deixa de ter competição enquanto protagonista visível da actividade camarária e por outro lado, o recurso a pessoas com ligações pré-estabelecidas em importantes sectores da sociedade é uma ideia inteligente e que garante à CME um melhor acompanhamento das necessidades da população. JEM espera desta forma conseguir gerir por antecipação eventuais insatisfações que, partindo de sectores específicos, poderiam alastrar a toda a sociedade.
Ou seja, JEM continua a jogar duro e é um osso bastante duro de roer para as oposições. Será necessário rever todos os processos e re-inventar a forma de fazer oposição em Estarreja, pois a máquina camarária continua extremamente afinada, organizada e a jogar por antecipação.
Comments:
Enviar um comentário