sexta-feira, dezembro 16, 2005
Tenho participado em algumas discussões interessantes no Saúde, SA. A última foi a reacção a este texto do Diário Económico:
Segundo o DE n. º 3777 (14.12.05) cerca de 30 inspectores realizaram buscas na Associação Nacional das Farmácias e subsidiárias Alliance Unichem e Farmatrading, com o objectivo de recolher provas que confirmem que a compra de 49% da distribuidora de medicamentos configura uma operação de concentração. A ANF e a José de Mello Saúde adquiriram 49% da Alliance Unichem, passando as farmácias a controlar a maior parte do sector da distribuição, para além do exclusivo do retalho.
Sobre o qual escrevi isto:
Algumas adendas e correcções:
- Adendas: os inspectores eram da Autoridade da Concorrência e, para além da ANF e da AU, visitaram também algumas cooperativas de distribuição de medicamentos;
- Correcções: segundo informação que obtive junto de responsáveis de algumas das estruturas inspeccionadas, a preocupação dos inspectores relacionou-se essencialmente com a possibilidade desses armazéns, sob instrução da ANF, terem negado a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) às novas empresas licenciadas pelo Infarmed (o que explica também a visita às cooperativas).
A inspecção foi feita sob um imenso aparato policial, que inclusivé interrompeu, durante algumas horas, a distribuição de medicamentos (ninguém podia sair do armazém e quem entrava ficava retido) e decorreu de uma queixa apresentada pela AdC.
Ainda na área das correcções: a ANF não controla o exclusivo do "retalho", pois há cerca de 50 (ou mais?) farmácias que não são associadas da ANF.Comentário:Esta foi, essencialmente, uma operação de show-off para os media. Tal como já aqui escrevi anteriormente, só uma imensa estupidez faria com que a ANF procedesse do modo como a acusam (e quem trabalha no sector sabe que o que se passou, foi precisamente o contrário...). Por outro lado, não deixa de ser impressionante a forma como o governo utiliza as autoridades policiais como instrumento de intimidação colocado ao serviço das suas teses políticas ou de ajustes de contas pessoais dos seus elementos. Estamos em plena América Latina! (esta frase foi dita por Pacheco Pereira a propósito de uma actuação semelhante de Santana Lopes). Aliás, se esta actuação tivesse sido efectuada no governo Santana Lopes, certamente que cairia o Carmo e a Trindade e que por todo o lado se veriam acusações de "Estado policial", utilização de autoridades para fins partidários, etc.Por outro lado, a imprensa: desde o início do mandato do actual governo que o DE tem levado o seu apoio a Sócrates e a Correia de Campos a limites muito para além do razoável. Martim Avillez de Figueiredo começa-se a afirmar claramente como o "Luís Delgado" do PS (para quando a sua nomeação para a Lusa?). A própria forma como a notícia é dada é deliberadamente enganosa. Se fosse verdade o que o DE escreve, o que iriam os inspectores procurar? Documentos internos em que João Cordeiro explicasse aos seus súbditos qualquer coisa como "vamos comprar a AU e assim dominar o mundo"?
Já agora, e porque ninguém parece ter reparado nisso: porque é que acham que a ANF só comprou 49% da AU? Será pelos lindos olhos da José de Mello Saúde? Como sempre, João Cordeiro pensa 100 km à frente dos seus adversários...Para terminar, uma última reflexão: a mesma AdC que se entretém a coçar micoses enquanto as gasolineiras fazem o que se sabe aos preços dos combustíveis, revela-se agora tão zelosa no caso das farmácias... O que é que aconteceria se os inspectores da AdC entrassem de rompante e com um mega contingente policial nas instalações da Galp Energia, da Repsol ou da BP?
(os outros comentários sobre este tema podem ser lidos aqui e aqui).
Segundo o DE n. º 3777 (14.12.05) cerca de 30 inspectores realizaram buscas na Associação Nacional das Farmácias e subsidiárias Alliance Unichem e Farmatrading, com o objectivo de recolher provas que confirmem que a compra de 49% da distribuidora de medicamentos configura uma operação de concentração. A ANF e a José de Mello Saúde adquiriram 49% da Alliance Unichem, passando as farmácias a controlar a maior parte do sector da distribuição, para além do exclusivo do retalho.
Sobre o qual escrevi isto:
Algumas adendas e correcções:
- Adendas: os inspectores eram da Autoridade da Concorrência e, para além da ANF e da AU, visitaram também algumas cooperativas de distribuição de medicamentos;
- Correcções: segundo informação que obtive junto de responsáveis de algumas das estruturas inspeccionadas, a preocupação dos inspectores relacionou-se essencialmente com a possibilidade desses armazéns, sob instrução da ANF, terem negado a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) às novas empresas licenciadas pelo Infarmed (o que explica também a visita às cooperativas).
A inspecção foi feita sob um imenso aparato policial, que inclusivé interrompeu, durante algumas horas, a distribuição de medicamentos (ninguém podia sair do armazém e quem entrava ficava retido) e decorreu de uma queixa apresentada pela AdC.
Ainda na área das correcções: a ANF não controla o exclusivo do "retalho", pois há cerca de 50 (ou mais?) farmácias que não são associadas da ANF.Comentário:Esta foi, essencialmente, uma operação de show-off para os media. Tal como já aqui escrevi anteriormente, só uma imensa estupidez faria com que a ANF procedesse do modo como a acusam (e quem trabalha no sector sabe que o que se passou, foi precisamente o contrário...). Por outro lado, não deixa de ser impressionante a forma como o governo utiliza as autoridades policiais como instrumento de intimidação colocado ao serviço das suas teses políticas ou de ajustes de contas pessoais dos seus elementos. Estamos em plena América Latina! (esta frase foi dita por Pacheco Pereira a propósito de uma actuação semelhante de Santana Lopes). Aliás, se esta actuação tivesse sido efectuada no governo Santana Lopes, certamente que cairia o Carmo e a Trindade e que por todo o lado se veriam acusações de "Estado policial", utilização de autoridades para fins partidários, etc.Por outro lado, a imprensa: desde o início do mandato do actual governo que o DE tem levado o seu apoio a Sócrates e a Correia de Campos a limites muito para além do razoável. Martim Avillez de Figueiredo começa-se a afirmar claramente como o "Luís Delgado" do PS (para quando a sua nomeação para a Lusa?). A própria forma como a notícia é dada é deliberadamente enganosa. Se fosse verdade o que o DE escreve, o que iriam os inspectores procurar? Documentos internos em que João Cordeiro explicasse aos seus súbditos qualquer coisa como "vamos comprar a AU e assim dominar o mundo"?
Já agora, e porque ninguém parece ter reparado nisso: porque é que acham que a ANF só comprou 49% da AU? Será pelos lindos olhos da José de Mello Saúde? Como sempre, João Cordeiro pensa 100 km à frente dos seus adversários...Para terminar, uma última reflexão: a mesma AdC que se entretém a coçar micoses enquanto as gasolineiras fazem o que se sabe aos preços dos combustíveis, revela-se agora tão zelosa no caso das farmácias... O que é que aconteceria se os inspectores da AdC entrassem de rompante e com um mega contingente policial nas instalações da Galp Energia, da Repsol ou da BP?
(os outros comentários sobre este tema podem ser lidos aqui e aqui).
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