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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Eis alguns textos que escrevi para a secção de comentários do Saúde, SA, a propósito da bomba que Correia de Campos lançou na semana passada (ver post anterior):

Tal como já aconteceu no sector do medicamento, CC só consegue controlar os custos quando põe os utentes a pagar directamente pelos bens ou serviços que consomem. A proposta agora apresentada é, por isso, tristemente coerente com outros actos do mesmo autor. Não é aceitável (aliás, até é inconstitucional) que o Ministro da Saúde de um país com um SNS com as características do nosso e cujos gastos em saúde até são superiores aos da média europeia coloque publicamente a hipótese de abdicação em relação à natureza do sistema. O que CC fez foi apenas um acto de show-off da vedeta mediática em que o nosso MS se tornou. E o tom contemporizador do post do SemMisericórdia é por isso lamentável:
- Não devemos desdramatizar o que CC disse (o seu currículo académico e político apenas torna mais preocupantes as suas afirmações);
- CC não está entre a espada e a parede (sobretudo porque, ao contrário da imagem que tem feito passar de si, nada fez para enfrentar a parede dos interesses instalados);
- CC não é um ministro anti-político. Aliás, antes pelo contrário: CC é provavelmente o ministro mais político do actual governo e é sem dúvida aquele que melhor consegue manipular os media e os opinion makers a seu favor;
- Devemos de facto lembrar-nos, não do que disseram Paulo Mendo e LFP, mas do que escreveu o próprio CC a propósito de tais absurdas medidas (aliás, o demérito desta proposta não caberá a LFP, mas principalmente a uma das bojardas mediáticas de Santana Lopes);
- Devemos, de facto, reafirmar que os principais problemas do SNS são a falta de eficácia e de coragem do MS e não a falta de dinheiro.
CC é um político mediático e mediatista, que gosta do seu papel de estrela e que vive um momento de euforia, excesso de auto-estima e profunda vaidade.
O que CC quis dizer nem foi sequer que o SNS estava em perigo - o principal aspecto da sua intervenção foi afirmar-se a si próprio como a única alternativa ao caos.

Concordo com a necessidade de se manter uma postura construtiva. Percebo o esforço (hercúleo!) do Xavier e do SemMisericórdia para dissecarem algo de bom nas políticas de CC - eu próprio já me desiludi com alguns políticos em que acreditava. No entanto, as bocas de CC na tal "conversa de café" têm implicações demasiado graves para eventuais contemporizações. Deixemos a manteiga para mais tarde, pois os tempos não estão para meias palavras: a ideia foi apresentada de uma forma muito mais estruturada do que por exemplo eram as "bombas" (aliás, as bombocas) de Santana. CC pensou claramente no que disse e disse-o para avaliar reacções. Mesmo quando se sabe que o principal objectivo deste acto foi a alimentação do seu aparentemente insaciável ego, CC demonstrou algo que todos já sabíamos: o actual MS é perigoso para o SNS. É impressionante a nossa capacidade de nos surpreendermos com aquilo de que estávamos à espera!

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