terça-feira, março 14, 2006
A versão mais eficaz
Fez ontem um ano que José Sócrates chegou ao governo. Desde então, o desemprego aumentou, a economia continua a crescer menos que a média europeia e alguns dos direitos sociais fundamentais têm sido eliminados ou postos em causa: o governo tem sugerido o fim do Serviço Nacional de Saúde tal como o conhecemos, aumentaram as taxas moderadoras e o preço dos medicamentos; a idade de reforma iniciou a sua caminhada ascendente e poucos são os portugueses de 30 anos que acreditam que um dia também terão direito a reforma. Fecharam-se escolas e os ordenados aumentaram abaixo da inflação. Contra o que havia sido explicitamente prometido publicamente, aumentaram-se os impostos.
Os muitos sacrifícios pedidos aos portugueses não tiveram qualquer reflexo visível na saúde do Estado.
Politicamente, o ano foi desastroso: Sócrates é o primeiro-ministro que passeava num safari no Quénia enquanto o país ardia e do seu governo faz parte o ministro dos negócios estrangeiros mais embaraçoso da história da democracia. Promoveram-se guerras baixas de assassínio de carácter a algumas classes profissionais (farmacêuticos, juízes, professores, polícias, funcionários públicos em geral), inclusive com evidentes manobras instrumentalização das autoridades policiais e judiciárias e até dos media. Por muito menos que isto, Santana foi frito em azeite...
Nas eleições autárquicas o PS teve uma derrota ainda maior que a que fez Guterres abandonar o governo e nas presidenciais foi a vergonha que se sabe: o candidato apoiado por Sócrates foi o terceiro classificado, a uma enorme distância de uma candidatura independente. No caso da lei do aborto, a maioria absoluta do PS foi insuficiente para garantir o que quer que seja.
Ao mesmo tempo que se cortam as garantias sociais, o governo propõe-se avançar, contra tudo e contra todos e sem qualquer fundamentação legítima, para dois dos mais avultados e desnecessários investimentos de sempre: o aeroporto da Ota e o TGV são a forma encontrada para satisfazer a clientela do sistema e são um ultrage a todos os que estão a ser prejudicados pela actuação irresponsável do governo.
No entanto, a manipulação da comunicação social compensa: o que seria um ano catastrófico para qualquer governo tornou-se num "estado de graça prolongado", com o PS e o seu líder em alta nas sondagens.
Depois do folclore inconsequente de Santana e Portas, sejam bem-vindos ao mundo do populismo na sua versão mais eficaz.
Fez ontem um ano que José Sócrates chegou ao governo. Desde então, o desemprego aumentou, a economia continua a crescer menos que a média europeia e alguns dos direitos sociais fundamentais têm sido eliminados ou postos em causa: o governo tem sugerido o fim do Serviço Nacional de Saúde tal como o conhecemos, aumentaram as taxas moderadoras e o preço dos medicamentos; a idade de reforma iniciou a sua caminhada ascendente e poucos são os portugueses de 30 anos que acreditam que um dia também terão direito a reforma. Fecharam-se escolas e os ordenados aumentaram abaixo da inflação. Contra o que havia sido explicitamente prometido publicamente, aumentaram-se os impostos.
Os muitos sacrifícios pedidos aos portugueses não tiveram qualquer reflexo visível na saúde do Estado.
Politicamente, o ano foi desastroso: Sócrates é o primeiro-ministro que passeava num safari no Quénia enquanto o país ardia e do seu governo faz parte o ministro dos negócios estrangeiros mais embaraçoso da história da democracia. Promoveram-se guerras baixas de assassínio de carácter a algumas classes profissionais (farmacêuticos, juízes, professores, polícias, funcionários públicos em geral), inclusive com evidentes manobras instrumentalização das autoridades policiais e judiciárias e até dos media. Por muito menos que isto, Santana foi frito em azeite...
Nas eleições autárquicas o PS teve uma derrota ainda maior que a que fez Guterres abandonar o governo e nas presidenciais foi a vergonha que se sabe: o candidato apoiado por Sócrates foi o terceiro classificado, a uma enorme distância de uma candidatura independente. No caso da lei do aborto, a maioria absoluta do PS foi insuficiente para garantir o que quer que seja.
Ao mesmo tempo que se cortam as garantias sociais, o governo propõe-se avançar, contra tudo e contra todos e sem qualquer fundamentação legítima, para dois dos mais avultados e desnecessários investimentos de sempre: o aeroporto da Ota e o TGV são a forma encontrada para satisfazer a clientela do sistema e são um ultrage a todos os que estão a ser prejudicados pela actuação irresponsável do governo.
No entanto, a manipulação da comunicação social compensa: o que seria um ano catastrófico para qualquer governo tornou-se num "estado de graça prolongado", com o PS e o seu líder em alta nas sondagens.
Depois do folclore inconsequente de Santana e Portas, sejam bem-vindos ao mundo do populismo na sua versão mais eficaz.
Comments:
Enviar um comentário