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segunda-feira, maio 29, 2006

.... E depois a resposta de João Cordeiro (também citando o Eduardo Faustino), cujo título se veio a revelar um avisado acto de futurismo...

"Ainda vou agradecer a José Sócrates"


EXP. - Está a falar numa rede de farmácias da ANF também em Portugal?

J.C. - Nós recebemos sinais do ministro da Saúde no sentido de poder haver uma liberalização da propriedade da farmácia. Actualmente, temos uma cobertura farmacêutica muito boa e temos o mais baixo custo de distribuição europeu. Possivelmente, para muitos somos um mau exemplo que tem de ser destruído. Se o Governo alterar o enquadramento legislativo, garanto que seremos a primeira e a maior cadeia de farmácias em Portugal. Disso podem ter a certeza. Nessa área, a aquisição da Alliance Unichem também se afigura fundamental. Trata-se de uma empresa com uma estratégia europeia e que tem experiência na gestão de cadeias de farmácias.

EXP. - A compra da Alliance Unichem foi, portanto, a forma que a ANF encontrou para reagir à nova legislação na área do medicamento?

J.C. - Até um determinado momento, estávamos acorrentados ao enquadramento legislativo que existia em Portugal. Todo o nosso raciocínio funcionava segundo essa lógica. O discurso do primeiro-ministro, na tomada de posse, libertou-nos dessas correntes para uma nova realidade. Estávamos muito formatados ao modelo da legislação portuguesa e julgo que temos aproveitado de forma muito positiva esta chicotada psicológica que o primeiro-ministro nos deu. Estou convencido de que no final da legislatura vamos ser obrigados a agradecer ao engenheiro José Sócrates o discurso da sua tomada de posse. Foi o clique que nos fez repensar as nossas estratégias, estávamos demasiado limitados e foi um discurso libertador.

EXP. - A capacidade de antecipação é uma das características que, aliás, lhe reconhecem.

J.C. - Era completamente impensável para mim e para os outros membros da direcção da ANF adquirir a Unichem, que não estava à venda. Chegámos a acordo em 15 dias. Bastaram duas conversas.

EXP. - Mas 49 milhões de euros (que pagou pelo controlo da empresa) é muito dinheiro para uma decisão tão rápida.

J.C.- Nós não tínhamos o dinheiro e tivemos que assumir responsabilidades perante a banca para entrar no negócio. E aí a culpa é do Estado. Se o Ministério da Saúde cumprisse as suas obrigações, a ANF não seria o que é hoje. Pode dizer-se que 49 milhões é muito dinheiro. Mas nós já tivemos que nos financiar em 250 milhões de contos, por causa da dívida do Estado às farmácias. O Ministério criou um mau hábito, que foi pôr-nos nos braços da banca. E como nós sempre cumprimos com a banca, ao contrário do Estado, a banca prefere-nos a nós.

EXP. - Há rumores de que está a pensar reforçar a sua posição (de 30%) na José de Mello Saúde. São verdadeiros?

J.C. - Não. Nunca discutimos isso. Não é uma área fundamental para ANF. A nossa área é a do medicamento. E nesse sentido, temos alguns projectos com o grupo Mello.

EXP. - Quais?

J.C. - Desafios na área da farmácia hospitalar. Temos projectos que estamos a desenvolver, nomeadamente a distribuição de medicamentos em unidose.

EXP. - Continua, então, interessado em avançar para o negócio das farmácias hospitalares?

J.C. - O que sentimos é que a área da farmácia hospitalar é um descalabro. O que estou a dizer não é novidade. A própria Inspecção-Geral da Saúde tem um relatório que o demonstra. As despesas com os medicamentos nos hospitais crescem 20% ao ano. E, como temos conhecimentos, acho que podemos dar uma pequena ajuda.

EXP. - Como?

J.C. - Eu vejo isso mais como um «outsourcing». Não vejo nenhum drama em criar, em termos experimentais, um «outsourcing» nas farmácias hospitalares, tal como já existe na imagiologia, na alimentação ou na manutenção dos hospitais. Cheguei a falar disso com o ex-ministro Luís Filipe Pereira. Mas neste momento não há clima. Tenho de aguardar por dias melhores.

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