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segunda-feira, maio 29, 2006

E divulgo também um texto do "farmasa", que também é leitor deste blogue:

Este acordo ANF-Governo é, de facto, notável.

Como se pode observar pelo teor deste post que agora comento, conseguiu o notável feito de dar a entender que a ANF foi vencida e que, para conter as perdas, se viu forçada a assinar aquilo que entende ser um mau acordo. Foi aliás neste sentido a intervenção de João Cordeiro após a assinatura do mesmo.

Quem já cá anda há muitos anos e conheça os meandros da política e, em particular, das farmácias, sabe que este foi um excelente acordo, mas para a ANF e, claro está, para quem já tem farmácia. Se não notem:

Mudança 1 - Liberalização da propriedade: A ANF nunca esteve verdadeiramente contra isto. A Ordem dos Farmacêuticos, por obrigação, sim. Neste sentido, o discurso da ANF foi notável, pois dá entender que sempre esteve contra. A liberalização da propriedade mais não vai fazer, no imediato, do que permitir que as (muitas) situações de falsas propriedade venham ao de cima e tornar claro aquilo que, até hoje, era nubloso e sub-reptício.

Mudança 2 - Abertura de 300 novas farmácias. Alguém acha que a ANF se importa com a abertura deste insignificante número de farmácias? Só para se ter uma ideia, em 2000 houve um programa para a abertura de cerca de 200 farmácias quando a capitação baixou dos 6.000 para os 4.000 habitantes/farmácia mas a facturação média por farmácia não diminuiu. Aumentou e muito. Este é um mercado que tem vivido anos de grande prosperidade e, naturalmente, a ANF não se incomoda com essas aberturas.
Por outro lado, a ANF teve mais uma vitória na forma como os concursos serão feitos. No acordo lê-se: "O procedimento de abertura será feito de forma transparente". Lendo os critérios de selecção, observam-se que são imensamente subjectivos e, portanto, darão azo a processos claramente convidativos à corrupção e à negociata prévia. Obviamente que todos que estão ligados aos círculos de poder terão maiores facilidade de demonstrar a qualidade dos “serviços farmacêuticos que o candidato se proponha prestar”.

Mudança 3 – Farmácias nos Hospitais: Aqui a ANF ganhou em toda a linha, sabendo tirar partido dos desejos do governo em ter farmácias nesses locais. Não só garantiu o monopólio desses locais como ainda conseguiu que fármacos muitos apetecíveis em virtude do seu elevado valor, como os anti-retrovíricos venham a passar para as farmácias de oficina.

Para finalizar, não posso deixar que dizer que o Xavier está redondamente enganado no que diz respeito ao valor dos trespasses. Basta dizer isto: Até hoje haviam cerca de 10.000 pessoas legalmente habilitadas a comprar farmácias (cerca de 2800). A partir de agora, o número passou para 10 milhões para um número de 3100 farmácias. Aumentou em muito a procura para uma oferta praticamente igual (em que as 300 que vão abrir só poderão ser transaccionadas daqui a 5 anos…). Ainda acha que o trespasse vai baixar?

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