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sábado, maio 27, 2006

Parte de um dos textos que escrevi para o Saúde, SA a prpopósito da nova lei das farmácias:

Sinceramente não percebo as razões de satisfação dos defensores de CC depois do gigantesco sapo que o Ministro da Saúde deve ter engolido. Façamos um resumo da situação:
- CC começou por pedir a Sócrates para dar a cara pela transferência dos MNSRM para fora das farmácias - o Ministro não se sentia com peso político suficiente para enfrentar a ANF e o governo viu-se forçado a jogar o ás de trunfo;
- Na sequência da polémica instalada, CC foi ao Parlamento afirmar que a ANF era um cartel e que precisava da ajuda dos deputados para o poder combater;
- Entretanto, CC havia encomendado um estudo à AdC, que esta serviu com escrupulosa diligência: todas as conclusões previamente solicitadas foram servidas tal como haviam sido encomendadas
- CC passou a ter a "base científica" de que não abdicaria antes de partir para a luta...
- Mais ou menos ao mesmo tempo, CC tornou pública a intenção de anular o acordo existente com a ANF e até tentou legislar nesse sentido;
- CC reuniu o apoio dos intelectuais, da imprensa, da Ordem dos Médicos e da sociedade em geral para a sua causa de "combater" a ANF e o "terrível" João Cordeiro.Ou seja, CC reuniu condições como nunca tinham existido antes para conseguir cumprir a sua anunciada intenção: "combater e destruir o cartel"...Perante isto, o que se passou?
- Afinal não se liberalizou a instalação de farmácias;
- O número de farmácias apenas aumentará ligeiramente, mais ou menos na mesma proporção que o aumento promovido por Manuela Arcanjo alguns anos antes e com muito menos alarido;
- As farmácias dos associados da ANF vão disparar o seu preço, provavelmente para valores inimagináveis;
- As farmácias associadas da ANF terão prioridade na instalação de autênticos aspiradores de receituário nas próprias instalações dos hospitais públicos;
- Cada um dos actuais ricos proprietários de farmácia poderá ter ainda mais três farmácias;
- Os falsos proprietários de farmácias verão a sua situação legalizada...Entretanto, o que fará a ANF? Perante a inevitável entrada de novos agentes no mercado, é mais que previsível a constituição do franchising-ANF, em que as farmácias franchisadas irão tendencialmente ser fornecidas pela Alliance Unichem e criar uma homogeneidade de qualidade e tipo de serviços prestados. Obviamente que os não-farmacêuticos irão responder e criar uma rede rival... ou seja, estaremos num mundo de realidade vertical na farmácia portuguesa.
Conclusões da actuação de CC:
- MNSRM mais caros;
- Farmácias mais caras;
- Verticalização dos serviços farmacêuticos;
- Fim de qualquer veleidade proprietária para os jovens farmacêuticos.

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