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sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A Dança da Vitória
(obtido do Diário Económico, por referência do Boticário)

Afinal, estamos mais independentes

As farmácias não têm memória curta.E sabem com rigor o que significa o relacionamento individual e directo com o Estado.

João Cordeiro

Nos últimos dois anos, o fim anunciado do Acordo entre o Ministério da Saúde e a ANF pairou na opinião pública como o prenúncio da destruição do sector de farmácias. O Acordo, julgavam alguns, era a única razão pela qual o sector se mantinha unido numa associação forte e representativa. Pensavam que, uma vez terminado o Acordo, isso seria o fim da ANF e as farmácias ficariam à mercê do Ministério da Saúde.

Procuraram dividir-nos, lançando suspeitas sobre as vantagens do associativismo no sector e formulando apelos ao relacionamento directo das farmácias com o Ministério da Saúde.

Sempre tivemos a firme convicção de que tais objectivos não seriam atingidos. As farmácias não têm memória curta. E sabem com rigor o que significa o relacionamento individual e directo com o Estado.

As farmácias recebem pontualmente, desde há muitos anos, as comparticipações nos medicamentos, apenas porque se organizaram e souberam resistir colectivamente aos atrasos crónicos nos pagamentos do SNS. Não é por simpatia para connosco que o SNS paga às farmácias em prazo mais curto do que paga aos outros fornecedores.

Aqueles que confiaram no relacionamento directo com o Ministério da Saúde, sempre receberam e continuam a receber com meses e até anos de atraso. E não há nenhuma razão credível para pensar que o Ministério da Saúde pagaria pontualmente às farmácias se estas tivessem optado por uma visão individualista dos seus problemas.

Pelo contrário, há todas as razões para pensar que, uma vez destruída a unidade do sector, o Ministério da Saúde pagaria às farmácias tal como faz em relação aos demais sectores. Pagaria quando pudesse e quando quisesse, sem nos dar qualquer satisfação. E cada um dos farmacêuticos não teria a menor capacidade para obrigar o Estado a cumprir pontualmente as suas obrigações.

Preparámos, por isso, uma solução alternativa ao fim do Acordo, constituindo a nossa própria sociedade de ‘factoring’ – a Finanfarma –, que iniciou a sua actividade no mesmo dia em que terminou o Acordo com o Ministério da Saúde: 1 de Janeiro de 2007. E para desgosto dos que previam a destruição do sector, praticamente a totalidade das farmácias cedeu os seus créditos sobre o SNS à Finanfarma, recusando o relacionamento directo com o Ministério da Saúde.

As farmácias conhecem bem o valor da unidade associativa. Em vez da nossa destruição, evoluímos para uma maior coesão. Em vez de crise financeira, evoluímos para uma maior estabilidade financeira. Em vez de prazos mais longos, evoluímos para prazos mais curtos. Àqueles que nos julgavam dependentes do Acordo, provámos a nossa independência.

As farmácias não vivem de subsídios ou favores do Estado. Vivem do seu trabalho, da sua capacidade técnica e profissional, da qualidade dos serviços que prestam e da confiança dos doentes. Somos, de facto e com orgulho, um sector livre e independente.
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João Cordeiro, Presidente da Associação Nacional das Farmácias

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