quarta-feira, março 07, 2007
Ontem fui assistir à primeira de uma série de conferências sobre o "Modelo Europeu de Farmácia", promovidas pela ANF.
Foi uma reunião morna, mas com alguns aspectos interessantes:
- O PSD foi o único partido político com assento parlamentar que aceitou o convite para estar representado no debate (no caso, pela deputada e ex-Secretária de Estado da Saúde, a estarrejense Regina Bastos). Ou seja, como João Cordeiro não perdeu oportunidade de comentar, o "poderoso lobby" continua a assustar muita gente. No entanto, se pensarmos um pouco verificamos que as ausências seriam mais ou menos previsíveis: o PS por razões óbvias (a sua proposta de modelo de farmácia iria ser arrasada tecnicamente e o seu representante iria ser confrontado com a postura totalmente oposta do governo espanhol do PSOE, o que é particularmente desconfortável, dada a influência ideológica de Zapatero sobre a "ala esquerda" do PS português); partidos como a CDU ou o BE, que por razões ideológicas tradicionalmente são contra medidas neoliberais nunca poderiam apoiar Correia de Campos nesta sua cruzada legislativa - porém, daí a aparecerem ao lado do "Monstro" ANF vai uma grande distância e, perante o incómodo da situação, o melhor foi mesmo faltar; o CDS, sempre atento ao que pode ou não ser politicamente rentável, teve a decisão mais previsível - neste caso concreto, o PS claramente ultrapassou a direita pela direita, pelo que o partido deixou de ter espaço - assim, foi muito mais fácil a omissão do que seria a submissão. Neste sentido, é de saudar a coragem do PSD e concretamente de Regina Bastos, que deu o peito às balas e chegou mesmo a ser confrontada com uma questão incómoda, da qual se defendeu razoavelmente;
- Abel Mesquita, que eu apenas conhecia dos livros de Direito Farmacêutico, é claramente um dos ideólogos da actual movimentação política da ANF. Fortíssimo sob o ponto de vista técnico e com um discurso particularmente acutilante, Abel Mesquita é provavelmente uma das razões pelas quais a ANF é o que é hoje;
- A ANF organizou uma conferência orientada para o exterior, com vários sondbytes prontos a servir à imprensa. No entanto, talvez por influência da capacidade de condicionamento de Sócrates, poucos jornalistas estiveram presentes. Da pesquisa (pouco exaustiva) que fiz, apenas encontrei uma referência no Correio da Manhã e em algumas agências noticiosas.
Aqui fica o texto da notícia do Correio da Manhã:
Podem faltar farmácias nas zonas rurais
Foi uma reunião morna, mas com alguns aspectos interessantes:
- O PSD foi o único partido político com assento parlamentar que aceitou o convite para estar representado no debate (no caso, pela deputada e ex-Secretária de Estado da Saúde, a estarrejense Regina Bastos). Ou seja, como João Cordeiro não perdeu oportunidade de comentar, o "poderoso lobby" continua a assustar muita gente. No entanto, se pensarmos um pouco verificamos que as ausências seriam mais ou menos previsíveis: o PS por razões óbvias (a sua proposta de modelo de farmácia iria ser arrasada tecnicamente e o seu representante iria ser confrontado com a postura totalmente oposta do governo espanhol do PSOE, o que é particularmente desconfortável, dada a influência ideológica de Zapatero sobre a "ala esquerda" do PS português); partidos como a CDU ou o BE, que por razões ideológicas tradicionalmente são contra medidas neoliberais nunca poderiam apoiar Correia de Campos nesta sua cruzada legislativa - porém, daí a aparecerem ao lado do "Monstro" ANF vai uma grande distância e, perante o incómodo da situação, o melhor foi mesmo faltar; o CDS, sempre atento ao que pode ou não ser politicamente rentável, teve a decisão mais previsível - neste caso concreto, o PS claramente ultrapassou a direita pela direita, pelo que o partido deixou de ter espaço - assim, foi muito mais fácil a omissão do que seria a submissão. Neste sentido, é de saudar a coragem do PSD e concretamente de Regina Bastos, que deu o peito às balas e chegou mesmo a ser confrontada com uma questão incómoda, da qual se defendeu razoavelmente;
- Abel Mesquita, que eu apenas conhecia dos livros de Direito Farmacêutico, é claramente um dos ideólogos da actual movimentação política da ANF. Fortíssimo sob o ponto de vista técnico e com um discurso particularmente acutilante, Abel Mesquita é provavelmente uma das razões pelas quais a ANF é o que é hoje;
- A ANF organizou uma conferência orientada para o exterior, com vários sondbytes prontos a servir à imprensa. No entanto, talvez por influência da capacidade de condicionamento de Sócrates, poucos jornalistas estiveram presentes. Da pesquisa (pouco exaustiva) que fiz, apenas encontrei uma referência no Correio da Manhã e em algumas agências noticiosas.
Aqui fica o texto da notícia do Correio da Manhã:
Podem faltar farmácias nas zonas rurais
A liberalização da propriedade das farmácias pode revelar-se prejudicial para as populações do Interior do País, segundo alertou ontem a ex-secretária de Estado da Saúde e deputada do PSD, Regina Bastos. | |||
Regina Bastos falou ontem em Lisboa, numa das conferências que a Associação Nacional de Farmácias (ANF) está a promover sobre o ‘Modelo Europeu de Farmácia’. Na sessão de abertura, o presidente da ANF, João Cordeiro, disse que a proposta governamental de liberalização das farmácias não é satisfatória. “O problema é a protecção de interesses de capital. Nós somos pelo mérito da qualidade e da competência e quem estudou para ser farmacêutico tem um mérito que quem herdou dinheiro dos pais e quer abrir uma farmácia não tem”, comentou com o CM. O debate centrou-se no ‘Modelo Ibérico de Propriedade de Farmácia’, tema fortemente discutido o ano passado em Espanha e cujo projecto de liberalização acabou por ser chumbado. “Não sei que modelo o Governo vai implementar, mas o sistema que temos é de grande qualidade e funciona a custos baixos”, disse. Já o advogado Abel Mesquita, especialista em Direito Farmacêutico manifestou a insegurança do sector: “Temos muito medo do autismo do Governo em relação à discussão deste tipo de questões”. Segundo a APF, em Portugal existe uma farmácia para cada 3700 habitantes. |
Etiquetas: Política de Saúde
Comments:
Eu fui com o Peliteiro... e falámos da malta do Núcleo Duro... mas como não nos conhecemos pessoalmente... mas, se não for antes, pelo menos no dia 10/4 está combinado o almoço!
Meu caro Vladimiro Silva, gostaria de felicitar o seu blog pela sua actualidade, pela sua visão sobre os assuntos da região, o meu blog é novo e sem qualquer tipo de pretensão será que me daria o prazer de o citar no meu espaço?
Um abraço.
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Um abraço.