quinta-feira, agosto 30, 2007
No Saúde SA:
Medicina de Consumo
Em artigo publicado na edição do jornal Público de 23/8 sob o título “Grupo privado quer criar 25 shoppings da saúde em todos os distritos do país”, o coordenador do projecto põe a saúde dos portugueses ao nível de uma qualquer mercadoria de consumo colocando num mesmo patamar um acto médico e um vulgar acto de compra de qualquer objecto ou mercadoria do nosso dia-a-dia. A ideia parecendo abstrusa nada tem de inocente, se estendermos a atitude consumista ao plano da saúde e onde houver um doente potencial passarmos a ver um cliente, haverá então melhor sítio que um Centro Comercial para montar a tenda?
Sucede porém que as necessidades em saúde dos cidadãos nada têm a ver com a realização de consultas avulso e exames complementares a granel, pagos na maioria dos casos por todos nós através de um sistema de convenções públicas ou com subsistemas suportadas directa ou indirectamente pelos nossos impostos. Sucede ainda que os profissionais que irão ser aliciados para esses projectos, deixarão de estar presentes nos locais onde são verdadeiramente necessários, aqueles a que afluem os verdadeiros doentes, como é o caso dos serviços de urgência dos nossos hospitais cada vez mais assegurado por mão de obra pouco qualificada e abandonada à sua sorte. Que seja cada vez mais difícil conseguir-se, em tempo útil, uma consulta de especialidade num hospital público mesmo que referenciada pelo médico de família, que as listas de espera em cirurgia se perpetuem etc., etc.
Resta-me a esperança e no fundo o desejo, que o coordenador do projecto seja tão bem sucedido neste como em anteriores iniciativas na área da saúde em que apareceu como principal mentor. A bem da saúde dos portugueses.
Jorge Almeida Médico Cardiologista – Hospital S. João, Porto.
MUS, news, 28.08.07
Alguns dos produtos/serviços disponíveis nos shoppings de Saúde:
Medidor de gordura, preservativos e contraceptivos, produtos ortopédicos, produtos para alérgicos e diabéticos, repelente electrónico, termómetro, depilação, suplementos e complementos nutricionais, protésico dentário, vaporizador/humidificador, medidor de glicose, RX, Análises clínicas, primeiros socorros, massagens, cirurgia estética, clínica geral, outros produtos de saúde.
PS - O que é um "medidor de gordura"? E, já agora, um "repelente electrónico"?
Sucede porém que as necessidades em saúde dos cidadãos nada têm a ver com a realização de consultas avulso e exames complementares a granel, pagos na maioria dos casos por todos nós através de um sistema de convenções públicas ou com subsistemas suportadas directa ou indirectamente pelos nossos impostos. Sucede ainda que os profissionais que irão ser aliciados para esses projectos, deixarão de estar presentes nos locais onde são verdadeiramente necessários, aqueles a que afluem os verdadeiros doentes, como é o caso dos serviços de urgência dos nossos hospitais cada vez mais assegurado por mão de obra pouco qualificada e abandonada à sua sorte. Que seja cada vez mais difícil conseguir-se, em tempo útil, uma consulta de especialidade num hospital público mesmo que referenciada pelo médico de família, que as listas de espera em cirurgia se perpetuem etc., etc.
Resta-me a esperança e no fundo o desejo, que o coordenador do projecto seja tão bem sucedido neste como em anteriores iniciativas na área da saúde em que apareceu como principal mentor. A bem da saúde dos portugueses.
Jorge Almeida Médico Cardiologista – Hospital S. João, Porto.
MUS, news, 28.08.07
Alguns dos produtos/serviços disponíveis nos shoppings de Saúde:
Medidor de gordura, preservativos e contraceptivos, produtos ortopédicos, produtos para alérgicos e diabéticos, repelente electrónico, termómetro, depilação, suplementos e complementos nutricionais, protésico dentário, vaporizador/humidificador, medidor de glicose, RX, Análises clínicas, primeiros socorros, massagens, cirurgia estética, clínica geral, outros produtos de saúde.
PS - O que é um "medidor de gordura"? E, já agora, um "repelente electrónico"?
Etiquetas: Política de Saúde
Comments:
O NEJM publicou um artigo interessante o ano passado, ao qual "O efervescente" deu a devida atenção, que aboradava este tema e referia com acutilância os pontos fracos destes tipos de organização.
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