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quarta-feira, janeiro 07, 2009

Compliquex

O Banco de Portugal é hoje em dia uma verdadeira enciclopédia sobre o que não deve ser um regulador do sistema financeiro português. De facto, ao mesmo tempo que faz vista grossa (qualquer analogia com a espessura dos óculos do seu governador é pura coincidência) perante os que roubam milhões e lhe enviam um relatório a jurar que está tudo bem, o BdP entretém-se a massacrar burocraticamente o cidadão comum. Vejam este pequeno exemplo pessoal:
Quando a minha filha nasceu, o "Simplex" permitiu-me registá-la na própria maternidade. Tudo impecável (como alguém diria) e a miúda ao fim de um dia de vida já tinha o seu "número único de cidadão", que supostamente serviria como BI, nº de contribuinte, nº da segurança social, nº do SNS e até cartão de eleitor. Passados alguns dias fui ao banco para lhe abrir uma conta e, naturalmente, entreguei o documento emitido pela maternidade e do qual constava o novo número mágico. Além desse documento, e embora já seja cliente daquele banco há mais de 10 anos, por "exigência do Banco de Portugal" tive ainda que entregar cópias do meu BI e do da minha mulher, do cartão de contribuinte de ambos, dos últimos recibos de vencimento de cada um (!!!) e ainda um "comprovativo de morada", que poderia ser uma conta da água ou luz ou então uma declaração da junta de freguesia !!!!!!!!! Ou seja, o BdP não permite que o banco onde eu há mais de uma década guardo todo o meu dinheiro possa aceitar como "comprovativo de morada" uma das centenas de cartas que durante aquele período me foram enviadas pelo próprio banco e nunca devolvidas pelos CTT...
Passados alguns dias fui novamente chamado ao banco. Afinal o Banco de Portugal não aceitava o "número único de cidadão" da minha filha como número de contribuinte, pelo que teria que ir "tirar o cartão de contribuinte" para lhe poder abrir a conta. Depois de duas agradáveis horas na repartição de finanças lá obtive o número de contribuinte, mas não o referido cartão, pois "agora já não emitimos cartão de contribuinte, pois este... vai ser substituído pelo cartão de cidadão!... e a sua filha há-de ter um número único de cidadão" - O mesmo que eu aqui tenho? "acho que sim, mas neste momento o número de contribuinte da sua filha é este que agora lhe dou inscrito neste papel"...
Encolhendo os ombros em toda a extensão das clavículas e pensando o pior possível da mãe dos burocratas que me estavam a praxar, lá segui novamente para o banco.
Cerca de um mês depois fui novamente chamado: tinha cometido um crime de lesa-pátria, ao mudar de morada e entregar uma conta da luz com um endereço diferente do que estava no meu BI e por isso a abertura da conta fora mais uma vez recusada!
Algumas semanas, dezenas de e-mails e vários telefonemas depois, a situação foi resolvida com a apresentação da nota de liquidação do IRS, em que a morada referida era a mesma do BI.
No entanto, foi sol de pouca dura: passado mais de um mês o pedido de abertura de conta foi recusado pela terceira vez, desta vez porque o BI da minha mulher caducou na véspera do dia em que toda a documentação foi entregue pela última vez!!!!
E enquanto o BdP se entreteve a dar-me este baile que agora vos relato e a obter comprovativos de morada de uma bebé de 8 meses, a malta do BCP, BPN e BPP fazia o que se sabe...

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