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quarta-feira, julho 06, 2011

Em certa medida, o jogo rasteiro da Moody's acabou por ser o melhor que poderia acontecer a Passos Coelho.
Em primeiro lugar, porque não o deixou respirar: aos primeiros ventos do pseudo-estado de graça possível nas actuais circunstâncias, Passos levou com uma chapada de realidade. Foi-se a ingenuidade dos que ainda acreditavam que a actual crise era uma consequência do problema económico do país (que existe, é incontornável e decorre de anos de governação errada e profundamente irresponsável) e, mesmo para os mais cépticos, ficou claro que esta é tão-só e apenas uma questão política e de oportunismo dos mercados. O rating não baixou por nada de mau que tenha acontecido à economia portuguesa, antes pelo contrário: foi quando o governo serviu de bandeja as privatizações (que são uma medida positiva e necessária) aos mercados que estes trataram de preparar o terreno para o processo. Junte-se o efeito psicológico dos cocktails molotovs de Atenas e está feito o caldo para um oportuno, conveniente e óbvio (eu próprio escrevi sobre isso ontem de manhã) downgrade do rating. Espera-se que a partir de hoje Passos Coelho tenha percebido que não vai poder jogar limpo com esta gente.
Em segundo lugar, porque encontrou aquilo que qualquer governante ou líder mais poderia desejar: um inimigo externo que se comporta ostensiva e alarvemente como um cretino. A partir daqui será muito mais fácil unir o país e mesmo os partidos da oposição (da esquerda à direita) terão dificuldades em combater uma retórica assente numa lógica belicista do género pintodacostista ou albertojoanístico.

Ou seja, embora à custa de algum sangue (vamos ver quanto), Passos Coelho conseguiu aquilo de que precisava: o unanimismo à volta de um desígnio nacional. Embora caro, este foi um presente que veio mesmo a calhar.

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