quinta-feira, julho 12, 2012
O que mais me tem impressionado na forma como a opinião pública e publicada tem lidado com o caso da licenciatura de Miguel Relvas é o tom magnânimo e sobranceiro adoptado pela generalidade dos analistas.
De facto, de um modo geral tem-se simplesmente salientado o facto de que em termos executivos a circunstância de não se ser licenciado não é importante, pois disso não dependem as qualidades ou qualificações para se exercer o cargo de Ministro. Mesmo os opositores políticos de Miguel Relvas evitaram pronunciar-se sobre a eventual importância da licenciatura para a formação cívica dos indivíduos.
Em termos práticos, a questão tem sido apenas colocada no campo da análise de favoritismos e na reprovação ética de alguém que procura parecer ser o que de facto não é. Sendo certo que estas abordagens são legítimas e inquestionáveis, a verdade é que também são óbvias e superficiais, para além de mascararem algo de mais profundo e inquietante.
É que, ao tratar-se a licenciatura de Relvas como um mero rótulo que um Ministro vaidoso tentou adquirir pela porta do cavalo, está-se a menorizar o problema de fundo: é evidente que, salvo em casos muito concretos de algumas profissões mais técnicas (como os médicos ou enfermeiros, por exemplo), as licenciaturas servem essencialmente para os alunos aprenderem a aprender, a ter capacidade de resolução de problemas, a lidar com situações novas, a conhecer e desenvolver métodos científicos e estruturados de análise de problemas e até a terem capacidade de formar novos pensamentos e ideias a partir de conceitos desenvolvidos por pensadores do passado, garantindo dessa forma a continuidade na evolução do conhecimento humano, fazendo com que as novas gerações não tenham que começar do zero, mas sim do ponto em que ficaram as anteriores.
No fundo, a verdadeira importância de uma licenciatura é também algo de intangível e dificilmente mensurável, mas que ajuda a formar o suporte ético, técnico, pessoal e profissional dos indivíduos, que desta forma estarão não só melhor preparados para a vida profissional, mas também para a sua própria vida pessoal e familiar.
E o verdadeiro problema no caso Miguel Relvas é que o próprio facto de alguém tentar obter uma licenciatura fazendo apenas 4 das 36 cadeiras do curso é, por si só, sintomático e revelador de uma atitude perante a vida, o conhecimento e o desenvolvimento intelectual, pessoal e humano, que de facto só são possíveis a quem não estudou e como tal não percebe para que é que servem os estudos.
De facto, de um modo geral tem-se simplesmente salientado o facto de que em termos executivos a circunstância de não se ser licenciado não é importante, pois disso não dependem as qualidades ou qualificações para se exercer o cargo de Ministro. Mesmo os opositores políticos de Miguel Relvas evitaram pronunciar-se sobre a eventual importância da licenciatura para a formação cívica dos indivíduos.
Em termos práticos, a questão tem sido apenas colocada no campo da análise de favoritismos e na reprovação ética de alguém que procura parecer ser o que de facto não é. Sendo certo que estas abordagens são legítimas e inquestionáveis, a verdade é que também são óbvias e superficiais, para além de mascararem algo de mais profundo e inquietante.
É que, ao tratar-se a licenciatura de Relvas como um mero rótulo que um Ministro vaidoso tentou adquirir pela porta do cavalo, está-se a menorizar o problema de fundo: é evidente que, salvo em casos muito concretos de algumas profissões mais técnicas (como os médicos ou enfermeiros, por exemplo), as licenciaturas servem essencialmente para os alunos aprenderem a aprender, a ter capacidade de resolução de problemas, a lidar com situações novas, a conhecer e desenvolver métodos científicos e estruturados de análise de problemas e até a terem capacidade de formar novos pensamentos e ideias a partir de conceitos desenvolvidos por pensadores do passado, garantindo dessa forma a continuidade na evolução do conhecimento humano, fazendo com que as novas gerações não tenham que começar do zero, mas sim do ponto em que ficaram as anteriores.
No fundo, a verdadeira importância de uma licenciatura é também algo de intangível e dificilmente mensurável, mas que ajuda a formar o suporte ético, técnico, pessoal e profissional dos indivíduos, que desta forma estarão não só melhor preparados para a vida profissional, mas também para a sua própria vida pessoal e familiar.
E o verdadeiro problema no caso Miguel Relvas é que o próprio facto de alguém tentar obter uma licenciatura fazendo apenas 4 das 36 cadeiras do curso é, por si só, sintomático e revelador de uma atitude perante a vida, o conhecimento e o desenvolvimento intelectual, pessoal e humano, que de facto só são possíveis a quem não estudou e como tal não percebe para que é que servem os estudos.
Ou seja, o principal problema de Miguel Relvas não é, de facto, não ter estudado - é não perceber que o deveria ter feito e porque é que todos os anos há cerca de 60 mil portugueses que o tentam fazer, matriculando-se nas diversas universidades. É fazer o que fez e assumi-lo publicamente como se o que se passou fosse algo de normal, sem qualquer sinal de arrependimento e sem um pedido de desculpa aos estudantes da Lusófona, que ao contrário do Ministro tiveram que estudar para fazer as 32 cadeiras às quais este foi dispensado.
E quem não percebe isto é porque por um lado não respeita os outros e o seu esforço individual e por outro é alguém para quem o mundo e a vida profissional são meras escadas que se podem subir de qualquer forma e a qualquer preço. A ética e a consideração pelos outros não são valores que se possam desprezar desta forma. E quem não entende isto não está minimamente qualificado para ser Ministro, ao contrário do que defendem os comentadores de serviço à nação, para quem aparentemente isto foi apenas um capricho desnecessário e ressabiado.
E quem não percebe isto é porque por um lado não respeita os outros e o seu esforço individual e por outro é alguém para quem o mundo e a vida profissional são meras escadas que se podem subir de qualquer forma e a qualquer preço. A ética e a consideração pelos outros não são valores que se possam desprezar desta forma. E quem não entende isto não está minimamente qualificado para ser Ministro, ao contrário do que defendem os comentadores de serviço à nação, para quem aparentemente isto foi apenas um capricho desnecessário e ressabiado.
(texto da crónica de hoje na RVR)
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