domingo, julho 01, 2012
Sendo certo que qualquer ser vivo que já tenha conversado ao telefone com Andrea Pirlo tem elevadas possibilidades de vir a ser um grande jogador de futebol, é também verdade que a Itália não precisa de bons jogadores para ter grandes equipas. Desta vez Pirlo, De Rossi, Montolivo, Ballotelli, Buffon e 6 mecos vão ser suficientes para garantir o título europeu, independentemente do que a Espanha possa conseguir fazer (texto escrito às 16:03 do dia da final).
A verdadeira questão que se coloca é um pouco diferente e vai bastante mais longe do que tem ido a discussão pública em torno do desempenho nacional no Euro 2012. De facto, Portugal é uma equipa constituída por 2 dos 5 melhores jogadores europeus, com a melhor dupla de centrais do mundo e vários bons jogadores nas restantes posições. Em termos individuais (ou, de uma forma mais objectiva, contabilizando os "preços de mercado" dos respectivos jogadores), Portugal era mesmo a equipa mais forte. Contudo, a chegada da selecção às meias-finais vai acabar por mascarar uma realidade um pouco mais dura e preocupante: enquanto selecções como Espanha, Itália, Alemanha, Brasil, etc. têm uma matriz de jogo sólida e um estilo que atravessa gerações, com Portugal isso não acontece - o estilo técnico e táctico do jogo da nossa selecção não tem consistência e é variável de ano para ano, de treinador para treinador e por vezes até de jogo para jogo. Isso não teria qualquer importância se fosse possível tirar partido dos valores individuais que vão surgindo. No entanto, este ano mais uma vez ficou claro que não o conseguimos fazer. Já tivemos Eusébio e companhia; Chalana, Jordão, Nené, Carlos Manuel, Sousa, Jaime Pacheco e muitos mais; Futre; Figo, Rui Costa, João Pinto, Sá Pinto, Paulo Sousa, Domingos e outros que tais; agora temos Cristiano Ronaldo, Nani, Moutinho, Pepe, Quaresma... Contudo, os resultados são sempre os mesmos.
As razões são, obviamente muito mais profundas e nascem na matriz do futebol português, que simplesmente não existe - apenas o Sporting faz formação digna desse nome e mesmo assim sem um plano técnico-táctico estruturado e que permita formar uma identidade futebolística. E isto, apesar de tudo, é muito pouco para se pensar em ganhar campeonatos. Como, aliás, os resultados o demonstram.
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