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terça-feira, outubro 30, 2012

Quando os beneficiários/parasitas do sistema começam a ficar descontrolados, há três possibilidades:

  1. Isto está mesmo mau e, à sua discreta maneira, também eles sofrem;
  2. A contestação social à imbecilidade germanófila está a produzir os seus frutos e surgem sinais de mudança do estado geral das coisas, possivelmente em direcção a cenários menos sucker-friendly que os anteriores - e daí a preocupação dos visados;
  3. As soluções apresentadas pelo Pentágono (Troika+PSD+CDS) são de tal forma inexequíveis, que nem mesmo os seus supostos beneficiários acreditam que vão poder continuar a beneficiar de acções governativas irresponsáveis.
Enquanto escrevo estas linhas estão, simultaneamente, 3 banqueiros em directo nos canais de notícias por cabo: Ulrich na SIC Notícias, Ricciardi na TVI24 e Jardim Gonçalves na RTPi. Sintomático.

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quinta-feira, outubro 18, 2012

Saída de Emergência 

Mais do que escrever sobre a crise, há que procurar perceber o que se passa neste momento na Europa e em Portugal.
Comecemos pelo princípio: a UE tal como a conhecemos resultou essencialmente de um projecto económico inicial (a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que mais tarde, sob forte impulso do famoso plano Marshall norte-americano, se transformou numa inteligentíssima forma de manter a paz na Europa (que até essa altura tinha sido o epicentro de todas as guerras) e, pela via do progresso económico, serviria ainda de tampão à progressão da influência russa e à proliferação de países aderentes ao pacto de Varsóvia.
A ideia foi de facto genial e muito bem sucedida: a Europa progrediu, a influência russa foi circunscrita e mesmo os alemães, a maior fonte de problemas dos 100 anos anteriores, estavam domesticados e já nem sequer tinham um exército digno desse nome (pelo menos em comparação com ingleses e franceses). A criação da UE, que na verdade foi o maior êxito de sempre da política externa norte-americana, teve o seu ponto mais alto no final da década de 80, com a queda em dominó do bloco de leste e a unificação alemã.
Paradoxalmente, o corolário de um enorme êxito acabou por originar uma irónica e muito infeliz inversão da história, qual pescadinha cujo rabo não pode fugir à boca: a Alemanha reunificada sentiu-se forte, territorial e populacionalmente, e quis ganhar escala face aos restantes grandes players mundiais também na área económica. E, grosso modo, foi assim que nasceu o Euro.
Por estarem escaldados com um muito mal sucedido pacto cambial entre a libra e o marco que eles próprios tiveram que romper unilateralmente e porque sempre desconfiaram de franceses, alemães e sobretudo de franceses e alemães juntos, os ingleses ficaram de fora, juntamente com todos os que viviam bem na Europa (leia-se os países nórdicos, com a excepção da fábrica de telemóveis).
O resto da história todos a conhecemos, infelizmente cada vez melhor. A Alemanha precisa de países pobres (que sejam e continuem pobres) no Euro para evitar que este se valorize excessivamente, pois esta é a única forma de poder continuar a exportar. Esta necessidade empírica e o moralismo supremacista que sobrou dos herdeiros do nazismo criou o caldo cultural que fez nascer politicamente a chanceler Merkel e que hoje domina e determina a política europeia.
E pronto, chegámos aqui. Tal como em 1938, a Europa divide-se entre os colaboracionistas, os dominados por fantoches nazis e os idiotas que nem sequer percebem que estão a ser instrumentalizados.
Enquanto forem só os judeus, perdão, os otários do Sul da Europa a sofrerem as consequências do problema, tudo ficará na mesma, até que alguém se lembre do que fizeram ao Arquiduque Francisco Ferdinando ou então apareça quem tenha coragem de encarar o problema de frente. O que, no caso português, significa sair do Euro já, de preferência de modo a desencadear uma cascata de acontecimentos semelhantes, género primavera árabe, que finalmente rebentem com a moeda única, devolvendo a capacidade de fazer política cambial a cada país e a soberania a quem formalmente nunca a perdeu. A saída de Portugal aumentaria a exposição da Grécia, Espanha e Itália - que cairiam em série e muito rapidamente, abanando inclusive os países do centro. O caso de Espanha seria particularmente grave, dadas as ligações do sistema bancário espanhol à América do Sul e desta aos EUA. 
Ou seja, o Euro não sobreviveria à saída de Portugal (que devido às ligações a Espanha é muito mais importante que a Grécia).  Deste modo, a tal queda de 40% no PIB não ocorreria, pois a dívida não continuaria a ser em Euros - uma vez que em 6 meses o Euro desapareceria. 
É arriscado? Sem dúvida. É mais arriscado que o que estamos a fazer? Provavelmente não - e teria uma vantagem: seria um excelente instrumento de chantagem para obrigar o BCE a ligar as impressoras e desta forma acabar com a crise.

PS - Este texto é parecido com a minha crónica de hoje da RVR, mas não é igual.


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O Prólogo 

Aguardo com a maior expectativa os próximos desenvolvimentos no sector farmacêutico. A ANF começou a alargar prazos de pagamento às farmácias, pelo que é altamente expectável que dentro de poucas semanas faltem medicamentos em Portugal (dado o efeito dominó que isso provocará na distribuição e indústria), para além de que desta forma serão dados alguns empurrõezitos nas costas às farmácias que estavam à beira do precipício.
Estamos no prólogo da liberalização do sector.

PS (publicado a posteriori) - Consta que os pagamentos da ANF às farmácias estão suspensos. Quando eu falo em "alargar prazos de pagamento" é no pressuposto de que a suspensão eventualmente acabe... coisa que seguramente há-de acontecer, embora não se saiba quando.

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terça-feira, outubro 09, 2012

Ontem à noite estava cheio de sono e mais interessado nos debates sobre futebol. Ainda assim, fui deitando o olho ao Prós e Contras e, como aliás é habitual, irritei-me. Não percebo que tipo de gente é esta (com honrosas excepções, a começar e a acabar em Adalberto Campos Fernandes, que navega em níveis de pensamento muito acima do resto dos debatentes) que consegue ser seleccionada para o debate oficial da nação, mas que na verdade tem pouco mais que um conjunto de vagos preconceitos ideológicos para servir.
Mas comecemos pelo princípio:

  1. O parecer do CNECV não é, na verdade, nada de chocante ou horrorizante. É, no essencial, uma exigência de transparência para um processo que se passa diariamente nos nossos hospitais e que está a ser alvo de um conjunto de decisões arbitrárias, casuísticas e altamente permeáveis a cunhas. Nesse sentido, nada a opor, antes pelo contrário;
  2. Além disso, o CNECV avalia ainda se é ético o acto de racionalizar (e consequentemente racionar) o acesso a cuidados dispendiosos por parte de doentes terminais. Aqui, acho que o CNECV não deveria ter opinado, pela simples razão de que este não é, na verdade, um problema de ética. De facto, esta é em primeiro lugar uma questão técnica (todos conhecemos exemplos de sobrevida de doentes de cancro acima do que seria medicamente expectável) dificilmente generalizável e que, posta nas mãos erradas (leia-se Paulo Macedo), pode ser aproveitada de forma muito negativa e anti-social (com a Troika por aí acho que não é preciso explicar mais nada). É impossível prever (pelo menos de um modo generalizado e não casuístico) se um doente com cancro vai ou não viver os tais 2 meses ou entrar em remissão e não, não é ético demitirmo-nos da luta. Até porque se desistíssemos dos casos que não conseguimos resolver a Medicina simplesmente não avançaria. Não podemos ceder à via mais fácil e imediatista, nem mesmo em tempo de crise;
  3. O argumento clássico nestas ocasiões (o do custo de oportunidade, isto é, das vidas que se poderiam salvar desviando os recursos utilizados para outros cuidados de saúde) é falacioso, pois na verdade, a ser seguido à letra, levaria, no extremo ao fim do progresso da Medicina - haverá sempre potenciais programas preventivos (e outras coisas que tais - e nem sequer estou a falar da Tecnoforma) com capacidade para absorver todos os recursos, se abdicarmos de tratar os casos para os quais ainda não há soluções boas;
  4. Na verdade, esta questão poderia ser avaliada em dois níveis distintos: o da transparência (e aí o CNECV esteve muitíssimo bem) e o da avaliação de tecnologias de saúde, na sua vertente integrada, técnica e económica (sendo que o CNECV não tem vocação ou capacidade técnica para o fazer). E note-se que nem sequer acho que a avaliação de tecnologias de saúde deva ser feita do mesmo modo que o NIHCE o faz (fixando um preço por QALY - ano de vida ajustado à qualidade - como limite de aceitabilidade), mas apenas na vertente de colocar informação organizada, tecnicamente validada e transparente à disposição dos médicos e comissões de farmácia e terapêutica que tomam as decisões no terreno e perante doentes reais.
No fundo, e depois de todo este explanar de tretas, creio que o CNECV cometeu dois erros: por um lado não soube comunicar (falou de um modo demasiado ostensivo e até um pouco exibicionista) e por outro optou por fazer um exercício intelectual de elevado risco. De facto, no actual momento pelo qual passa o país avaliar eticamente o racionamento de cuidados de saúde só poderia dar nisto - todos os intervenientes no teatro público aproveitaram a discussão para o lado que mais lhes interessa (o governo para os cortes e a oposição para expor o estado de degradação a que chegámos). Eticamente é obviamente dificilmente defensável que se gastem recursos com pouca esperança, mas apenas numa perspectiva de curto prazo e tendo em conta a crise. Porque se retirarmos estes factores da equação, então a ética muda de lado.

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domingo, outubro 07, 2012

Um magnífico encontro de marcas hoje de manhã cá em casa: Suchard Express, Gresso e iPhone 4S, todos juntos na mesma chávena. Ideia da minha filha Francisca (de 14 meses)!

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quarta-feira, outubro 03, 2012

Descida de impostos às 15:00! 

Sob o sábio conselho do inteligente António Borges, o governo começou por propor alterações ao regime da TSU cujo saldo orçamental seria, muito provavelmente, negativo (1,25% de aumento líquido nas contribuições para a Segurança Social menos a redução da receita fiscal provocada por uma diminuição da actividade económica - menos 7% do rendimento disponível - e considerando ainda o efeito matemático da redução do PIB - despesas fixas ou ligeiramente menores em percentagem de um valor significativamente mais baixo - dariam com toda a probabilidade um resultado global negativo). Chegada a contestação às ruas, o governo recuou e vai agora propor medidas "orçamentalmente equivalentes" para substituírem as anteriores. Aguardo com ansiedade a anunciada descida de impostos!

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