quinta-feira, março 28, 2013
Dare Devil e os copinhos de leite
Nos 2 intervalos (de 5 minutos cada, quando muito) que o Canal Panda ontem à noite me concedeu e nos resumos que ao fim do dia vi nos telejornais, assisti ao mais poderoso exercício de oposição dos últimos 2 anos.
O regresso de Sócrates foi, de facto, demolidor: não só arrasou o governo (o que seria previsível e, convenhamos, não era difícil), deixando perceber que com ele Vítor Gaspar nunca teria existido e salientando bem que, comparado com o que se está a fazer hoje, o memorando inicial era quase um episódio da Docinho de Morango, como também teve a inteligência de esmagar um alvo fácil e cujo esmagamento tem sido reclamado por uma parte significativa da população (obviamente refiro-me a Cavaco) e, por fim, de uma forma indirecta mas muitíssimo eficaz, mostrou ao país tudo o que Tozé Seguro deveria ser e não é: um líder carismático, combativo e com ideias bem definidas.
O homem teve dois maus governos, foi despesista, fez asneiras em série e deixou o país nas mãos da Troika? Sim, é verdade. No entanto, ontem recordámo-nos de que numa altura em que estamos sob ataque inimigo (da Troika) dava-nos muito mais jeito ter alguém assim (duro, combativo e com uma obsessão para a fixação numa determinada narrativa - fazendo, com todo o topete, aquilo de que acusava os outros) do que os paus mandados de Angela Merkel ou os copinhos de leite morno que actualmente temos na oposição.
Comments:
A única mensagem que captei foi: o abismo é certo, com este tipo seria certo e rápido. Acreditas mesmo que alguém «duro, combativo e com uma obsessão para a fixação numa determinada narrativa» serve para alguma coisa, acrescenta poder negocial a quem está de rastos?
Peliteiro: é verdade que poderemos sempre especular sobre "o que aconteceria se". No entanto, acho que não há quem honestamente possa concordar com este massacre fiscal, sendo inegável a postura subserviente do PPC e do VG face à Troika. No fundo, acho que o Sócrates seria sempre um osso mais duro de roer (nota que esta apreciação não tem qualquer relação com o que eu penso sobre as políticas dele). Acho que estamos em guerra (uma guerra económica, sorrateira e insidiosa), estamos a perder e continuamos a combater com soldados que, na prática, defendem os nossos inimigos. Não sei se esta guerra é vencível... mas que raio de forma de capitular!
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