segunda-feira, dezembro 23, 2013
Quando vemos o pneu do nosso carro furado à noite, num dia de chuva em que não pusemos lentes de contacto, com as crianças já lá dentro e a mala cheia de tralhas, as primeiras palavras são inevitavelmente para descrever a mãe de um potencial culpado pela ocorrência. Contudo, depois de aceitarmos a situação e começarmos a complexa operação de troca de pneu, o sentimento vai mudando. Ali, com a camisa molhada colada ao peito, com os óculos de ver a parecerem óculos de scuba diving e sobretudo com o negrume do óleo a infiltrar-se insidiosamente por baixo das unhas, ali sentimo-nos homens. O facto do carro estar estacionado em cima do passeio à saída de um dos restaurantes mais em voga na cidade (onde aliás tínhamos acabado de jantar) só serve para tornar o cenário ainda mais másculo. As senhoras olham-nos impressionadas e os homens fazem um esgar misto entre o gabiru que se vai inteirar da situação e o resmungar irritado perante o olhar de "havia de ser bonito se isto acontecesse contigo" que as suas companheiras lhes deitavam, percebendo de imediato que o efeito romântico do jantar recente tinha soçobrado graças à masculinidade do mecânico improvisado.
O que são os 100 km a 80 à hora que se seguiram e o que quer que venha a custar a brincadeira perante tudo isto? Ossículos do ofício, nada mais!
O que são os 100 km a 80 à hora que se seguiram e o que quer que venha a custar a brincadeira perante tudo isto? Ossículos do ofício, nada mais!
Comments:
Nunca me passaria pela cabeça que , qual comandante dum paquete quase à deriva num temporal, apenas preso à superficie por anos de experiência, deixasses ficar mal a espécie de homens com h pequeno!
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