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terça-feira, março 02, 2004

É pena não ter mais tempo para "efervescer" as linhas deste blogue... agradeço, no entanto, a todos aqueles que apesar disso me têm continuado a visitar, e em especial aos que me têm abordado pessoalmente: é graças a esses pedidos (que nem sequer são todos de pessoas que concordem com o que eu aqui escrevo) que ainda vou produzindo algum material, embora reconhecidamente sem a qualidade e pujança de outros tempos.

Na passada 6ª feira tivemos mais uma interessante Assembleia Municipal. Os assuntos em discussão não auguravam grandes debates (caso do quadro de pessoal da CME e da actividade municipal) e alguns temas diziam respeito até a discussões relativamente gastas (como o conturbado processo da proposta da elevação de Estarreja a cidade e de Salreu e Pardilhó a vilas). No entanto, o rato pariu uma montanha: ao contrário do que seria de esperar, o executivo camarário falhou na defesa de uma das suas medidas mais emblemáticas, como era a tão anunciada apresentação de um novo quadro de pessoal para a CME, consequência lógica da tão polémica auditoria funcional - recordo este post sobre o tema).
De facto, em várias assembleias municipais dos últimos meses, havia sido anunciado aos deputados que o quadro de pessoal actualmente existente era totalmente inadequado às necessidades operacionais da CME: existiam lugares por preencher que não interessavam para nada (soube na 6ª feira que eram 83 vagas-fantasma!!!) e que, por outro lado, era necessário criar novos postos de trabalho para alguns trabalhadores que exerciam funções indispensáveis ao normal funcionamento da CME. A auditoria funcional era apresentada como a prova cabal disto mesmo, e era considerada urgente a criação de um quadro de pessoal mais moderno e eficiente no aproveitamento dos recursos humanos existentes.
Ora, o que se verificou na 6ª feira é que a CME não apresentou à AM qualquer esquema do novo quadro de pessoal, que para além de manter as "antigas" 83 vagas em aberto, criava ainda mais 27. Ou seja, mesmo que o actual executivo não admitisse qualquer novo trabalhador na CME, a verdade é que com este quadro de pessoal (que foi criado para reger o funcionamento da CME não só neste mandato, mas também nos posteriores...) estaria criada uma situação de legitimidade legal para a admissão de 110 novos trabalhadores para a CME, o que poderia ser absolutamente catastrófico em termos financeiros para o nosso concelho. Foi exactamente este problema que fez com que o Dr. Carlos Tavares, Presidente da AM, chamasse a atenção para a necessidade da comissão permanente analisar com profundidade este documento, especialmente as suas implicações económicas imediatas e futuras. Se por um lado é verdade que as contingências da lei das autarquias locais não dão grande margem de manobra aos executivos camarários, por outro lado há exemplos de outras estruturas com regras semelhantes (como o próprio Ministério da Economia, segundo o seu titular...) que conseguiram "emagrecer" quadros de pessoal excessivos e desadaptados da realidade. A própria bancada parlamentar do PSD viu-se forçada a concordar com estes argumentos: embora tivessem vontade de aprovar imediatamente este documento (veja-se este post do José Matos), a verdade é que tinham que reconhecer que o Dr. José Eduardo e o Dr. Abílio não souberam defender-se de todas as dúvidas levantadas pelo plenário.
É que, ao contrário do que acontecera em ocasiões anteriores, desta vez a CME desleixou-se na justificação das suas medidas - até acredito que possa ser impossível fazer um quadro de pessoal mais pequeno e adequado, mas que o resultado à primeira vista é decepcionante (sobretudo tendo em conta a veemência com que se defendeu a validade da auditoria funcional), lá isso é.
Para a próxima sessão voltaremos a este tema (já devidamente analisado pela Comissão Permanente), bem como ao da dupla proposta de elevação de Estarreja a cidade e Salreu e Pardilhó a vilas. Não me enganei: a proposta é dupla porque foi feita duas vezes, com mais de 2 anos de intervalo... onde é que ela terá andado nesse período de tempo?

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