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quinta-feira, novembro 09, 2006

O José Matos já escreveu muita coisa sobre o "caso IKEA". Se analisarmos os seus textos (especialmente os dois últimos, aqui e aqui) percebemos que defende uma posição diferente e bastante mais racional que a que é expressa no comunicado da Concelhia do PSD de Estarreja (reproduzido no post anterior e que tenta culpar a oposição pela perda do IKEA). Honra lhe seja feita.
Alguns dos argumentos apresentados no penúltimo post parecem ser boas explicações para o que se passou neste caso. Tal como já aqui referi anteriormente, não tenho dúvidas da validade técnica da proposta de Estarreja. Aliás, embora não conheça as alternativas, considero muito pouco provável que Estarreja não seja a melhor das três localizações para o IKEA. O problema neste caso, como o próprio José Matos dá a entender (e tal como a CME afirma no comunicado emitido sobre esta matéria e eu próprio já defendi neste blogue), foi essencialmente político. Hoje é totalmente claro que o IKEA não veio para Estarreja por razões políticas, até porque depois de seleccionadas as três possibilidades de localização não é credível que qualquer um dos três finalistas não tivesse condições técnicas adequadas para a instalação das fábricas. É aqui que entra a responsabilidade (política) de José Eduardo de Matos, pois:
- Os outros municípios concorrentes também eram liderados pelo PSD (o que exclui qualquer cenário de favorecimento partidário);
- As razões apresentadas ontem pelo IKEA (segundo o José Matos e a imprensa das últimas semanas) para a decisão tomada tiveram a ver essencialmente com dois factores: preço dos terrenos (que é decidido pelas Câmaras) e benefícios fiscais (que podem ser concedidos pelo Estado ou pelas autarquias). Pelo que se percebe da forma como correu o processo, faltou peso político a José Eduardo de Matos para conseguir que o governo e a API concedessem a Estarreja as mesmas condições oferecidas a Paços de Ferreira, o que se estranha particularmente quando nos recordamos que a API é a mesma entidade a quem José Eduardo de Matos em tempos ofereceu 51% do Eco-Parque de Estarreja;
- Por outro lado, Estarreja tinha condições privilegiadas para apresentar uma proposta ainda melhor sob o ponto de vista técnico: só a extraordinária lentidão com que a construção do Eco-Parque se tem desenrolado nos últimos 5 anos é que fez com que não fosse possível apresentar ao IKEA uma área disponível e livre de problemas burocráticos exactamente igual à pretendida. Seguramente que se Estarreja tivesse a totalidade dos terrenos legalizados, prontos e infra-estruturados seria muito mais difícil ao governo encontrar um argumento que permitisse alterar as fronteiras das REN e RAN, o que inviabilizaria a proposta de Paços de Ferreira. A perda do IKEA é o preço que Estarreja pagou pela paragem do processo de construção do Eco-Parque decidido por José Eduardo de Matos em 2002 e pelas trapalhadas que envolveram a entrada e saída da API na gestão do parque. Se o PSD tivesse deixado o processo do Eco-Parque correr de acordo com o planeado pelo PS, o parque há muito que estaria pronto e muito provavelmente o IKEA teria vindo para Estarreja, pois o governo não teria condições políticas para proceder de outra forma;
- Mesmo num cenário em que Estarreja se deixou atrasar e apanhar tecnicamente pelas candidaturas de Paredes e Paços de Ferreira, uma actuação politicamente incisiva teria aberto muito mais possibilidades à candidatura do concelho. José Eduardo de Matos decidiu conduzir este processo em segredo, excluindo a oposição de todas as movimentações da Câmara nesta matéria (exceptuando o convite - pessoal e envenenado - a um dos vereadores do PS), o que foi um enorme erro, pois esta era uma luta de todos e não um tempo para vaidades pessoais. Seguramente que teria muito mais impacto no governo uma delegação da Câmara Municipal de Estarreja que integrasse simultanemente elementos do PSD e do PS, demonstrando assim que esta era uma questão de unanimidade concelhia. Ou seja, a soberba de José Eduardo de Matos foi uma das causas para a derrota no processo político que conduziu a perda das três fábricas do IKEA.

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Comments:
Uma vez mais, o “iluminado” sr. José Matos não deixa o seu crédito de comediante por mãos alheias. Diz então o sr. Matos na sua chafarica: “É natural que as pessoas não saibam muitas coisas. Mas quando não sabem deviam ter cuidado com aquilo que dizem. Mas falam sem saber. Como a história da nova piscina em Estarreja. Falam sem saber do que estão a falar. Mas em breve falarei mais um pouco...”
Dá que pensar...

Qual é a grande semelhança entre a falecida Irmã Lúcia e o senhor José Matos?
É que ambos sabem coisas que os outros não sabem sobre assuntos dos seus respectivos deuses...

Só não se sabe é se o sr. José Matos toma contacto com os segredos "divinos" via telemóvel ou se por visão directa do sr. Presidente, vestido de branco reluzente a flutuar em cima de uma árvore prestes a ser cortada por funcionários da autarquia.

Mas temei, que ele em breve falará mais um pouco…
 
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