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sexta-feira, novembro 10, 2006

Resposta ao José Matos

Confesso que, devido ao facto de ser filho do anterior Presidente da Câmara de Estarreja, ao longo dos anos tenho tido alguma reserva em falar do passado do projecto do parque industrial de Estarreja. Facilmente poderia cair na figura do defensor da honra da família, o que diminuiria a dimensão política dos meus textos. Como escrevo por convicção e não por despeito, obriguei-me a uma contenção com a qual nem sempre foi fácil lidar. Contudo, até agora penso que sempre me aguentei razoavelmente.
No entanto, há coisas que se lêem e nos fazem perder completamente as estribeiras. Desta vez o José Matos foi longe de mais. Ou está a ser manipulado e enganado por outras pessoas, ou simplesmente não conhece minimamente a verdadeira história do Parque Industrial de Estarreja. Aliás, qualquer pessoa com ligações políticas a José Eduardo de Matos e ao actual executivo camarário deveria fugir deste assunto como o diabo da cruz, tão graves e lesivos para o concelho têm sido os actos de JEM nesta matéria. Mas passemos aos factos:
- No tempo em que esteve na CME, o PS conseguiu que o governo, através do Ex-Ministro da Indústria de Cavaco Silva (PSD) oferecesse à Câmara Municipal de Estarreja 62 hectares de área industrial provenientes da Quimigal que, medidos no terreno (pois alguns registos eram antigos e pouco rigorosos), correspondiam a 82 hectares de área real - ou seja, o PS conseguiu que o governo oferecesse a Estarreja uma área equivalente a 82 campos de futebol para a construção do Parque Industrial! Se o José Matos tem dúvidas, que pergunte ao seu camarada Mira Amaral ou a alguma das várias pessoas que estiveram presentes na cerimónia pública feita na ocasião se o que eu escrevo é ou não verdade!
- A obra do Parque Industrial de Estarreja foi adjudicada porque os terrenos que não eram possíveis de comprar de imediato (por recusa dos proprietários em vender ou por problemas relacionados com a sua identificação e contacto), e que eram em número reduzido, iriam ser expropriados por utilidade pública, coisa que José Eduardo de Matos ainda não fez, mesmo após 5 anos de governação!
- A Câmara Municipal de Estarreja tinha dinheiro para pagar a obra do Parque Industrial: 1 milhão e 470 mil contos imediatamente disponíveis na Caixa Geral de Depósitos e a anuência da CCRC para a comparticipação de 1 milhão de contos do valor do parque, num processo semelhante ao que tinha sido feito com o Parque Industrial de Castelo Branco;
- Logo que José Eduardo de Matos chegou ao poder, o anterior Presidente da Câmara ofereceu-se várias vezes, nas reuniões de Câmara e na própria Assembleia Municipal, para acompanhar José Eduardo de Matos à CCRC e ajudar a CME a não perder o financiamento do Parque. Apesar de estar a fazer das tripas coração em nome do interesse do concelho, Vladimiro Silva (o anterior Presidente da Câmara) viu as suas ofertas sempre recusadas por um inexperiente Presidente da Câmara recém-eleito e que por vaidade não quis dar o braço a torcer. O José Matos sabe que isto é verdade, pois tal como eu esteve presente na Assembleia Municipal em que estes factos ocorreram. Esta era uma situação de risco zero para JEM: o anterior Presidente da Câmara assumiu pública e pessoalmente que conseguira o financiamento do Parque, assumindo responsabilidades claras pela vinda desse dinheiro. Ou seja, neste cenário só poderiam suceder duas coisas: ou Vladimiro Silva conseguia o financiamento (e Estarreja recebia 1 milhão de contos para o Parque Industrial) ou não conseguia (e o processo decorreria da mesma forma que acabou por correr, ficando o PS com toda a responsabilidade política pelo sucedido). Foi uma oferta corajosa e dolorosa do anterior Presidente da Câmara (que, recorde-se, acabara de sair derrotado de um processo eleitoral em que tinha sido vítima de rasteiríssimos ataques pessoais) que José Eduardo de Matos recusou apenas por não querer correr o risco de se perceber publicamente que tinha sido o PS o responsável pela conquista do financiamento do Parque e por não querer passar a imagem do anterior presidente da Câmara andar a fazer o trabalho que deveria ser o seu. A vaidade de José Eduardo de Matos custou um milhão de contos ao município de Estarreja, para já não falar nas oportunidades perdidas (só no caso do IKEA, 3 fábricas e 500 postos de trabalho directos). Não se percebe como é que José Eduardo de Matos consegue viver com este peso na consciência. E sobretudo é absolutamente ignóbil que o PSD de Estarreja tenha coragem de criticar o PS pelo que se passou no Parque Industrial. Como alguém que todos conhecemos diria, é preciso topete!!!
- A empresa Mota e Companhia tinha-se comprometido a concluir o Parque Industrial de Estarreja em 18 meses (metade do tempo inicialmente previsto). Ou seja, o Parque estaria totalmente pronto no Verão de 2003, caso José Eduardo de Matos não tivesse parado o processo (como o prova o documento exibido pelo José Matos), com a única intenção de o afastar no tempo, de modo a evitar que as pessoas o associassem à governação do PS (tal como fez com projectos como a elevação de Estarreja a cidade, o cinema, a biblioteca - quem não se lembra dos protestos de JEM pelo início das obras -, o estacionamento atrás da Câmara, etc.);
- A questão da venda dos terrenos à Quimiparque é também bastante interessante: será que o José Matos sabia que a venda desses terrenos foi aprovada em sessão de Câmara, com o voto favorável de José Eduardo de Matos (na altura vereador da oposição) e também pela Assembleia Municipal (em que o PSD tinha maioria!!!!)? Se o José Matos não concorda com o que os seus actuais amigos fizeram no passado, tem legitimidade para criticar. Caso contrário, recomendo-lhe que se informe melhor e que lhes pergunte porque é que votaram favoravelmente esta decisão. Já agora, a referida venda de terrenos não teve qualquer prejuízo para Estarreja (ao contrário do que diz o José Matos) e foi um acto perfeitamente natural de uma Câmara que nesse tempo ajudava a indústria e o desenvolvimento económico do concelho (a Quimigal precisava dos terrenos para poder crescer).
É lamentável que se digam e escrevam coisas destas.
É impressionante como, depois de todas as peripécias, recuos e trapalhadas vividas pelo Eco-Parque nos últimos 5 anos, algumas pessoas ainda fiquem surpreendidas com a perda de projectos como o IKEA.
José Eduardo de Matos foi seguramente o pior que poderia ter acontecido ao desenvolvimento económico de Estarreja.

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