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quinta-feira, novembro 02, 2006

Um dos principais problemas que podem afectar quem ocupa cargos de poder é a progressiva perda de capacidade para perceber o que se passa à sua volta e o cada vez maior afastamento da realidade. As pessoas tendem a viver em cápsulas de unanimismo, consideram-se donas da verdade e rodeiam-se de yesmen acríticos, incapazes de ver um cisco num olho mesmo que este seja do tamanho de um trambolho.
Um exemplo disto mesmo é o que se passa em Estarreja com o disparatado "caso da queixa misteriosa", do qual José Eduardo de Matos insiste em falar para desviar as atenções dos seus múltiplos fracassos.
Vejamos a última notícia sobre esta matéria, copiada a partir do site da Rádio Voz da Ria:

EDUARDO MATOS: NÃO FOI A SECÇÃO FOI UM SOCIALISTA


Em jeito de reacção José Eduardo Matos esclarece que nada tem a ver com a secção do Partido Socialista, mas sim com elementos que fazem parte do PS, reiterando a responsabilidade aqueles elementos pela queixa. Tudo tem a ver com a nuance da pergunta, esclarece o presidente da Câmara, a expressão “pela secção”. É que retirando-se essas palavras “toda a gente fica logo a perceber que o contexto é completamente diferente, daquele que procurou ser dado” apelidando o facto como de “esperteza saloia”.

Eduardo Matos lembra que “nunca ninguém disse que foi a secção” e a resposta contida no documento apenas a isso faz referência.

Nas declarações á Voz da Ria o presidente recorda as questões colocadas pelos deputados socialistas na Assembleia Municipal de Junho, já aí colocando perguntas sobre a legalidade dos pavilhões em construção e construídos, depois em Agosto “surge esta queixa”.

Assim o líder da executivo camarário “responsabiliza politicamente o Partido Socialista de Estarreja pelo facto” e sabendo-se “que a secção não tem voz, nem sequer sabe escrever” o “povo de Estarreja já percebeu que se não foi o Partido Socialista foi o socialista do Partido”. Antes de terminar o autarca desafia o autor ou autora da acção a “acabar com a encenação e dizer fui eu”, caso contrário “esconder a mão por detrás da secção do PS, além de prejudicar Estarreja, ainda revela cobardia de quem deveria assumir frontalmente os seus actos”. O autarca deixa ainda uma ideia “amanhã quando se vier a descobrir o nome de quem pediu o anonimato na IGAT, duas acusações lhe ficam: não o prejuízo do município, por razões simplesmente partidárias, mas também por ter escondido a verdade” conclui


Ou seja, como se verifica, embora José Eduardo de Matos passe a vida a falar da tal queixa, em nenhum momento se preocupou em esclarecer aquilo que verdadeiramente interessa aos cidadãos: existem razões para nos preocuparmos com o Eco-Parque? Está tudo bem com os terrenos do Eco-Parque? A queixa tem fundamento? Sobre esta matéria, o silêncio de JEM é verdadeiramente ensurdecedor!
Além disso, entendamo-nos: José Eduardo de Matos esperou durante 4 horas numa Assembleia Municipal para lançar esta discussão ao plenário, como quem tenta marcar um golo no último minuto, sem dar hipótese ao adversário de reagir. Foi uma táctica infantil e intelectualmente desonesta. O acto de apresentar a queixa foi mesmo apresentado como "um crime de lesa-município"!!!!
Caso exista fundamento na queixa, apresentá-la é uma elementar acção de cidadania. Onde é que está a imoralidade quando se denuncia uma ilegalidade (caso esta se confirme)?!
O que o PS de Estarreja fez é óbvio: sendo acusado de ter cometido um acto e tendo provas do contrário, limitou-se a esclarecer publicamente que não tem nada a ver com o caso.
O que José Eduardo de Matos fez é, isso sim, reprovável a vários níveis:
- Porque acusou publicamente alguém (o PS de Estarreja) de algo que pelos vistos não é verdade;
- Porque não pediu desculpas aos visados;
- Porque expôs publicamente um caso que estava em segredo de justiça (colocando-se a si próprio como o único e verdadeiro prevaricador nesta situação...!!!);
- Porque, ao não tranquilizar a população relativamente à existência de eventuais problemas relacionados com o Eco-Parque acaba por implicitamente admitir a sua existência (quem cala consente...).
Por fim, seria importante que se averiguasse até que ponto é que os tais problemas do Eco-Parque estiveram na origem da perda da corrida ao IKEA.
Se nesta matéria o PSD de Estarreja estivesse de consciência tranquila e o processo fosse transparente, deveria ser este partido a tomar a iniciativa de promover um inquérito municipal (em sede de AM) que permitisse esclarecer aquelas que são verdadeiramente as únicas questões que interessam nesta matéria:
- A queixa tem fundamento?
- Porque é que Estarreja perdeu as 3 fábricas do IKEA e os mais de 500 postos de trabalho directos associados?
- Há alguma relação entre a perda do IKEA e eventuais problemas que existam no Eco-Parque?

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Comments:
Seria por não ter nenhum Eurico a mandar as fábricas para estarreja?
Cpts
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Apelo descabelado ao Sr. José Matos

Não sei se serei o único a ler o blog do Sr. José Matos e a ter o incontido ímpeto de bater com a cabeça nos joelhos de tanto rir.
São tamanhas e tão rebuscadas as patetices que dou comigo a pensar se o sr. José Matos escreve aquilo com a intenção de ser a sério ou se pretende ter a piada que efectivamente tem.
Apesar de tudo vou por esta última mas, por favor sr. Matos, esclareça-nos de vez que eu quero rir à gargalhada sem remorsos.
É que sempre me disseram desde pequenino que rir dos tolinhos é muito feio.
 
Desculpem o abuso, mas depois de me rir com o sr. Matos, foi a outro site que de vez em quando também mete a colherada e deu-me vontade de dizer só duas coisas. Podia lá deixar o comentário (esse ao menos permite…) mas gosto mais daqui. É bem frequentado e não cheira a mofo.
Então, lá vão as duas coisas:
Falaram-me uma vez de um senhor que saiu da vereação de uma Câmara conhecida e que não sabiam bem quais as razões de tão abrupto abandono. Havia quem dissesse que o senhor convivia com uma mentira que estava prestes a vir a público e que isso não ia ser nada bom. Havia quem dissesse também que ele fora escorraçado porque não servia. Outros diziam que ele tinha falta de ar no meio de tanta pressão.
Há quem afiance que foi talvez pela primeira. Não sei o que querem dizer com isso e confesso que não sei nem me interessa saber a verdadeira razão. Limito-me a constatar o facto e o que dele ouvi…
Mas uma coisa eu sei: para quem piou tão fininho na hora da saída, o modo defende a antiga causa é um gesto lindo e apreciável do ponto de vista humano, mas medonho do ponto de vista estético. Porquê? Um dia destes escrevo uma expressão em português vernáculo e todos ficam a perceber.
 
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