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segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Ainda a última AM

Na sequência de alguns mails que chegaram à caixa de correio do Estarreja Efervescente, gostaria de esclarecer que o texto anterior não é uma acusação à RVR ou qualquer insinuação de que esta rádio esteja ao serviço de José Eduardo de Matos ou do PSD de Estarreja.
De facto, não é essa a minha opinião.
No entanto, é inegável que a forma como os órgãos de comunicação social estarrejenses noticiaram o sucedido na última AM (e aqui a crítica vai também para o Jornal de Estarreja) favoreceu JEM, pois não foi feita uma referência clara ao facto dos deputados municipais do PS terem afirmado, preto no branco, oralmente e por escrito, que "existem suspeitas de várias ilegalidades que envolvem o Parque Eco-Empresarial".
No entender dos órgãos de comunicação social locais, esta acusação gravíssima e
sem precedentes nos últimos anos não foi considerada merecedora de destaque noticioso.
Foi contra o critério jornalístico que não atribuiu importância a este muito relevante facto político que me insurgi. De facto, para quem está de fora das Assembleias Municipais, é esta "bomba" que salta à vista.
JEM ocultou a existência de queixas contra alegadas ilegalidades durante vários meses e foi directamente denunciado pela oposição.
Como escrevi no início deste texto, não acredito que a RVR ou o Jornal de Estarreja tenham protegido deliberadamente o Presidente da Câmara nesta matéria. De facto, o que aconteceu terá muito mais provavelmente a ver com a cultura do politicamente correcto que ultimamente tem caracterizado a vida política estarrejense. Os atropelos à lei são sistematicamente ignorados pela CME, que tanto tolera despejos de montanhas de bosta nos campos do concelho, como transporte ilegal de areias ou outros atentados ambientais como os que afectaram há meses o esteiro de Canelas. Todos estes problemas são curados pelo tempo e quem insiste em falar neles é visto como um chato que tenta encontrar problemas onde eles já não existem.
De facto, é isto mesmo que está a acontecer agora e que também já se passou no mandato anterior:
- O PS passou dezenas de AMs a avisar que a entrada da API no Eco-Parque era uma má ideia, contrária aos interesses de Estarreja. O assunto foi tão dissecado que se chegou a um ponto em que os autarcas do PSD já gozavam com a situação. Resultado: o Eco-Parque atrasou-se vários anos, a API desviou investimentos importantes para outros concelhos, o Tribunal Administrativo de Coimbra deu razão às queixas apresentadas pelo PS, a constituição da sociedade gestora do Eco-Parque foi considerada ilegal e a CME está hoje sozinha na gestão do parque;
- O PS anda há anos a alertar contra sistemáticos atentados ambientais que ocorrem no concelho, de tal forma que JEM, ao mesmo tempo que nada faz para punir os responsáveis e pedir explicações às entidades envolvidas, opta por criticar o PS por insistir no assunto;
- O PS passou todo o mandato anterior a avisar que o IC1 estava a ser construído a nascente de Estarreja enquanto o governo Durão Barroso dava baile a JEM. O Eng. Aníbal Teixeira, incansável nestas denúncias, foi várias vezes acusado de ser uma força de bloqueio nesta questão. Resultado? Como todos hoje sabemos, o IC1 vai mesmo passar a nascente e a obra estava mesmo a ser feita e negociada nas costas de JEM...
- O Eng. Drummond Esmeraldo passou várias sessões da AM a alertar para o facto da ERSUC ser uma empresa demasiado cara para os serviços que presta. Também ele foi ignorado e acusado de estar a querer atrasar o processo de concessão de serviços municipais de limpeza (que, diga-se de passagem, tinha sido aprovado quando o PS estava na Câmara...). Resultado? A ERSUC prepara-se para ser dispensada e JEM irá provavelmente optar pela mesma situação que há 6 anos o PS tinha aprovado na Câmara...

Tudo isto são exemplos de que nem sempre quem denuncia insistentemente algumas situações o está a fazer com dolo para o concelho. Como se viu em todos estes casos, se se tivesse dado ouvidos ao que os deputados municipais do PS diziam, muitos males teriam certamente sido evitados. Por muito incómodas e desagradáveis que sejam as intervenções dos deputados municipais do PS, os factos e os sucessivos falhanços de JEM e do PSD local provam que, pelo menos se deve dar o benefício da dúvida ao PS de Estarreja e ouvir o que os seus elementos têm para dizer.
Não nos devemos deixar entrar na onda do Presidente da Câmara sempre feliz e sorridente, que tudo resolve com o passar do tempo e que não gosta de quem desfaz o seu cenário idílico e unanimista.
Aliás, como hoje se vê, o tempo não resolve nada: depois de acabadas as obras e projectos herdados do PS, a Câmara Municipal de Estarreja parou completamente. Não há ideias novas, não há projectos, não há sequer uma estratégia de desenvolvimento para o concelho. Estarreja vive dos rendimentos e aguarda serenamente o ano antes das próximas eleições.

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